segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Artistas do Maranhão preparam protesto em frente Palácio dos Leões, em São Luís

Por Fábio Lau
Conexão Jornalismo

Escritora e compositora Lúcia Santos
O momento crítico pelo qual o Estado do Maranhão atravessa, salientado agora pelas dezenas de mortes de presos no Presídio de Pedrinhas, inspirou artistas das mais variadas áreas a realizarem um protesto pacífico no próximo dia seis de fevereiro, a partir da 18 horas, em frente ao Palácio do Governo, na Praça Duque de Caxias. A ideia é, com muitas rosas e argumentos, demonstrarem a insatisfação com os caminhos e descaminhos políticos que envolvem o estado.

Uma das envolvidas no protesto, a poeta Lúcia Santos, também compositora, disse que os artistas pretendem agir de forma pacífica. Para tanto, os envolvidos estarão levando flores para serem doadas aos policiais que eventualmente aparecerem por lá: "é hora de todos mostrarem as caras e revelar sua insatisfação", disse.

Autora de três livros e compositora de músicas executadas por grandes nomes da MPB, entre eles seu irmão, Zeca Baleiro, Lúcia Santos acredita que só a mobilização, iniciada a partir do esforço deste grupo formador de opinião, ajudará a retirar o Maranhão de um processo político anacrônico que tem punido há muitos anos toda a sociedade. 

O Estado do Maranhão é, segundo dados do IBGE, o segundo maior em mortalidade infantil e analfabetismo. Mais recentemente, durante os motins no presídio de Pedrinhas, passou a liderar também a estatística de assassinatos no sistema penitenciário. 

Dominado pela família Sarney há meio século, o Maranhão consegue, mesmo assim, ser um importante polo cultural no Brasil tendo destaques especialmente nas atividades artísticas e gastronômicas. Setores que prosperam sem a ingerência do governo.

Um dos poemas de Lúcia Santos:

Crendice

eu não tenho papas na língua
hóstias bentas não me calam
amor é o que me apascenta
crendices vãs nada trazem

eu não travo meu prazer
como pão como você
bebo vinho só por gozo
rezo quando deus me chama
axé aleluia namastê
quem disse que não tenho fé?

buda jesus meishu sama
lutero kardec maomé
tanigushi umbanda candomblé
santo daime dalai lama
nada quero que me salve
só o beijo que você me deve

desdenho da razão pura
sentimento ando à cata
o que ata e não desata
o que não mata e cura
na desmedida exata

filosofia?
more na sua
vá tomar naquela reta
ajoelhar perante meca

que me perdoem os ascetas
setenta vezes sete eu peco
eu não tenho sangue de barata!

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