Eliane Cantanhêde
BRASÍLIA - Não bastasse ser o último, ou
estar na rabeira, do IDH, do ensino de matemática, do ensino de português, do
saneamento básico e por aí afora, o Maranhão dos Sarney choca o país, quiçá o
mundo, com atos de pura barbárie.
Só os cineastas mais violentos, talvez
nem eles, poderiam produzir cenas em que dissecam a perna de um preso (ou seja,
sob a custódia do Estado brasileiro). Tiram a pele, depois músculos, veias,
artérias, até o osso.
Também só cineastas doentios, talvez nem
eles, armariam o cenário, destacariam atores e filmariam pessoas (também sob a
responsabilidade do Estado) sendo decapitadas.
Onde nós estamos?
Foram estupros e 60 mortes em 2013, e
2014 já começou com mais duas. A crise extrapolou as grades e foi parar nas
ruas, onde vândalos atacaram ônibus e atearam fogo numa menininha na...
"Vila Sarney". Ela morreu ontem. A mãe está mal.
Meu pai nasceu em Pedreiras, o foco
macabro é a penitenciária de Pedrinhas e essa nova crise não deixa pedra sobre
pedra na biografia do patriarca José Sarney no seu Estado de origem. O
vandalismo dos presos não é isolado. Apenas reflete a situação carcerária que,
por sua vez, reflete a calamidade pública geral.
Folheiam-se os jornais e encontram-se
ali, entre os recordes do pior nisso, pior naquilo, outras muitas histórias
horripilantes. Cito uma, porque o espaço é curto: os carros, carteiras,
cadeiras e os materiais escolares que foram enviados pelo governo federal para
a Prefeitura de São Luís, novíssimos, apodreceram debaixo de sol, chuva e
descaso, sem jamais terem sido usados.
Tudo se encaixa. Ontem mesmo, a
empregada lá de casa comentou: "A moça da vizinha não sabe ler nem
escrever. Pensei que não existia mais isso". De onde ela é? "Do
Maranhão".
A realidade supera a ficção mais macabra
e soa patético o governo Roseana se irritar e responder à Procuradoria Geral
que são "inverdades".
Intervenção já!
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