Alex Barbosa São Luís, MA
Em meio a grave crise de segurança, o
governo do Maranhão aceitou transferir os chefes de facções criminosas para
penitenciárias federais de segurança máxima.
Assustados, motoristas e cobradores pararam pelo terceiro dia consecutivo para pedir mais segurança de madrugada. Segundo o sindicato, apenas 30% dos ônibus estão circulando.
Entre sexta-feira e sábado, quatro
ônibus foram incendiados e duas delegacias e um posto da polícia foram atacados
em São Luis. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, as ordens para os
ataques partiram de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, que está
ocupado pela Polícia Militar e pela Força Nacional de Segurança.
Quinze pessoas foram presas suspeitas de
participarem dos atentados. Entre elas, o homem que, segundo a polícia, jogou
combustível e ateou fogo em cinco pessoas em um ônibus. Ele está com parte do
rosto e um dos braços queimados.
Quatro vítimas do ataque estão
internadas, duas em estado grave. A quinta vítima, a menina Ana Clara, de seis
anos, morreu nesta segunda-feira. No velório, a família estava inconformada com
tamanha brutalidade.
A governadora Roseana Sarney divulgou
nota se solidarizando com a morte de Ana Clara e chamou de selvageria a ação
dos criminosos.
Nesta noite, a Tropa de Choque fez mais
uma vistoria na penitenciária de Pedrinhas. O comando da PM ficou surpreso com
o que encontrou, apesar das revistas constantes que vêm ocorrendo há uma
semana. Nas celas, segundo a PM, havia munição, celulares, dois aparelhos de
DVD e seis televisores.
O governo do estado anunciou que vai
aceitar a ajuda do Ministério da Justiça, que ofereceu 25 vagas em presídios
federais de segurança máxima para os chefes das facções criminosas que estão em
Pedrinhas. A Secretaria de Segurança, por questões estratégicas, não divulgou
quantos serão transferidos.
Roseana
em situação delicada
A governadora do Maranhão está em
delicada situação, já que o governo federal está determinando a política de
segurança.
Até a situação ficar insustentável, a
governadora Roseana Sarney, do PMDB, se mostrava mais preocupada em refutar as
críticas, de olho nos adversários da eleição de outubro, do que em encarar a
gravidade do problema.
Foi preciso lembrar a ela que o desgaste
político será ainda maior se o Supremo Tribunal Federal aceitar um eventual
pedido de intervenção no estado feito pelo procurador-geral da República.
A conta ainda não foi fechada, mas o
Ministério da Justiça estima em dezenas o número de detentos que serão
transferidos para presídios federais. "O Governo Federal fez esse
oferecimento ao governo do estado, a governadora aceitou muito bem esse oferecimento,
nos mandou estudar a necessidade de fazer essa transferência e a quantidade. É
isso que nós estamos fazendo nesse momento”, afirma Aluísio Mendes, secretário
de Segurança Pública/MA.
Roseana está no segundo mandato
consecutivo e não pode disputar um terceiro, mas o clã Sarney, aliado de
primeira hora das gestões Lula e Dilma, há meio século no poder no Maranhão,
terá um representante na sucessão de Roseana. Representante que vai enfrentar
Flávio Dino, do PC do B, presidente da Embratur, e líder nas pesquisas.
A situação é ruim para Roseana,
reprovada hoje por quase metade do eleitorado, mas é delicada também para o
governo Dilma, porque o PT ainda está dividido sobre abandonar ou não o clã
Sarney. Uma intervenção federal no estado seria algo muito mais custoso, sob
todos os aspectos, do que o envio da Força Nacional e a remoção de presos.
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