quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Ministério Público denuncia 35 investigados na Operação Lava Jato

FAUSTO MACEDO E JOSÉ ROBERTO CASTRO - O ESTADO DE S. PAULO

Entre os denunciados estão o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, além de 22 funcionários e executivos ligados a empreiteiras; desvios chegam a R$ 1 bi
Procurador da República, Deltan Dallagnol (à esq.), e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot (centro), falam sobre a denúncia contra investigados na Lava Jato
São Paulo - O Ministério Público Federal anunciou nesta quinta-feira, 11, a denúncia contra 35 pessoas por ligação em um esquema de desvios envolvendo contratos da Petrobrás, investigadas na Operação Lava Jato. Estão entre eles o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, além de 22 pessoas ligadas a empreiteiras. O MPF estima que os desvios cheguem a R$ 1 bilhão.

São citadas na denúncia a OAS, Camargo Corrêa, UTC, Mendes Jr., Engevix e Galvão Engenharia, todas alvo da sétima etapa da Lava Jato. De acordo com o procurador, foram identificados 154 atos de corrupção e 105 atos de lavagem de dinheiro.

"A Petrobrás é vítima deste esquema", disse procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) encarregada da Operação Lava Jato. O MPF está oferecendo denúncia por corrupção, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Dallagnol dividiu o esquema em três núcleos: empreiteiras, funcionários públicos e operadores financeiros, a quem chamou de "profissionais em lavagem de dinheiro". 

Os operadores eram os responsáveis por fazer a intermediação entre os corruptores, as empreiteiras, e os funcionários da Petrobrás alvos de suborno, de acordo com o procurador. "Para que o cartel pudesse funcionar e maximizar o lucro de forma abusiva, era preciso cooptar os agentes públicos", disse.

Dallagnol citou as empreiteiras OAS, Camargo Corrêa, UTC, Engevix e Galvão Engenharia e disse que está numa "guerra contra a impunidade e a corrupção". O procurador fez menção ainda à falta de recursos para a população que "clama por saúde, educação e saneamento básico".
Ele disse que os funcionários recebiam dinheiro das empreiteiras por intermédio dos operadores financeiros, responsáveis por garantir que os acordos entre as partes fossem cumpridos. Dallagnol disse que funcionários de alto escalão na Petrobrás eram responsáveis por vazamento de informações sigilosas da licitação e por acelerar o processo de contratação de obras.

Sem "acordão". O procurador disse que as investigações não serão interrompidas e que "rejeita e rechaça" qualquer tentativa de blindagem das empresas. "Não existe a possibilidade de 'acordão' para o MPF", afirmou Dallagnol.

Segundo ele, há indícios de que empreiteiras denunciadas estão envolvidas em outros casos de corrupção e que elas apresentaram à Justiça diversos documentos falsos. "Empresas corruptoras precisam ser punidas de forma firme para que não o façam novamente", reforçou o procurador, que defende a prisão dos envolvidos.

VEJA A LISTA DOS 35 DENUNCIADOS PELO MPF
Alberto Youssef, doleiro
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás
Waldomiro de Oliveira, operador de Youssef
Carlos Aberto Pereira da Costa, advogado de empresa de fachada de Youssef
João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, operador de Youssef
Enivaldo Quadrado, operador de Youssef
Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da Mendes Júnior
Rogério Cunha de Oliveira
Ângelo Alves Mendes, executivo da Mendes Júnior
Alberto Elísio Vilaça Gomes
José Humberto Cruvinel Resende
Antonio Carlos Fioravante Brasil Pieruccini
Mário Lúcio de Oliveira
Ricardo Ribeiro Pessôa, presidente da UTC Engenharia
João de Teive e Argollo
Sandra Raphael Guimarães, funcionária da UTC
João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa
Eduardo Hermelino Leite, “Leitoso”, vice -presidente da Camargo Corrêa
Marcio Andrade Bonilho, presidente do Grupo Sanko
Jayme Alves de Oliveira Filho
Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-Ministro das Cidades
José Aldemário Pinheiro Filho, vulgo “Léo Pinheiro”, presidente da OAS
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor da OAS
Mateus Coutinho de Sá Oliveira, diretor da OAS
José Ricardo Nogueira Breghirolli, executivo da OAS
Fernando Augusto Stremel Andrade, funcionário da OAS
João Alberto Lazzari
Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia
Carlos Eduardo Strauch Albero, diretor técnico da Engevix Engenharia
Newton Prado Junior, diretor técnico da Engevix Engenharia
Luiz Roberto Pereira
Erton Medeiros Fonseca, diretor presidente da Divisão de Engenharia Industrial da Galvão Engenharia
Jean Alberto Luscher Castro, diretor presidente da Galvão Engenharia
Dario de Queiroz Galvão Filho, presidente da Galvão Engenharia
Eduardo de Queiroz Galvão, diretor presidente da Galvão Engenharia

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