terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O fim da esbórnia oficial

 Editorial do Jornal Pequeno

Os bônus litúrgicos e mordomias de um governante foram dispensados pelo governador Flávio Dino. E é até natural o espanto dos barões assinalados que, quando no domínio da nação maranhense, se acostumaram a escorregar no mármore de carrara dos palácios e a abastecer o próprio estômago com nobres iguarias só permissíveis aos imperadores, nababos e, vez por outra, a doleiros e executivos de grandes empreiteiras do Brasil.

É estranho mesmo, para um Maranhão em que até ontem os amigos do poder faziam surgir mansões do nada e seguranças cruzavam os ares do país a bordo de jatinhos alugados com dinheiro público, que um governante dispense a suntuosidade do Palácio dos Leões e vá morar com sua família num apartamento de sua propriedade. Estranho, mas um exemplo irrefutável de desprendimento nessa terra pobre, de gente pobre e indignada diante dos gastos do sarneisismo e com a esbórnia oficial.

Com as festas regadas a lagostins e champagnes francesas, enquanto o governo não tomava conhecimento do piso salarial dos professores e até gasolina faltava nas viaturas da Polícia Militar. Um governante que não ocupa a Casa de Veraneio com jantares e almoços principescos para comemorar, quem sabe, a falta de acesso do povo à Justiça é, de fato, uma figura estranha ao universo dos lordes acostumados a comer as sobras e excessos dos que se refestelavam no poder.

Um governador em voo de carreira, que se nega a tomar do dinheiro do povo de pagar 50 mil reais por alugueis de jatinhos é, para esses lordes, alguém que não merece admiração porque com ele só o povo se identificará. Esse governado, preocupado mais em reduzir os índices de criminalidade que em alimentar colunistas com caviar russo, que prefere o discurso social aos benefícios da liturgia, sabe que foi eleito pelos que comem arroz com feijão e, talvez por isso, se sinta melhor sentado ao lado do motorista que o elegeu.

Trata-se, pois, de deixar bem claro que estamos diante de uma nova ordem política, de governar um povo que amargou durante muitos anos a ausência de um governo que com realmente se importasse; trata-se de impor limites aos gastos da máquina pública e de, como primeiro mandatário do Estado, absorver a consciência dessa nova ordem.

Acabou a esbórnia oficial, acabaram-se os festejos nos cofres públicos, as comissões degradantes, os privilégios de casta.


É preciso vencer essa tendência do Estado para o esbanjamento de recursos públicos. Pelo Estado perdulário paga o povo com falta de saúde, segurança e educação. É preferível um governador em voo de carreira, que um povo correndo de medo dos gastos do governador. Como, aliás, aconteceu durante muito tempo no Maranhão.

Um comentário:

  1. Carta aos Homens da Lei (Sr. Delegado)
    Em um podcast recentemente ouvido por mim, Henrique Augusto Carvalho Soares, Tio do meu Amado, Brunno Eduardo Matos Soares, vitimado covardemente por marginais portadores de espíritos primitivos, pude ouvir um relato emocionado de um Delegado do Estado da Bahia, que em meio às lágrimas, relatava não mais suportar tanto empenho em cumprir o papel a que se dispunha, prender marginais, para no outro dia a Justiça os libertar. Talvez, eu nunca tenha me expressado tão diretamente sobre tal assunto. Abordagem que passa bem longe dos meus anseios que norteiam minha vida. Pra falar do que entendo por justiça, tenho convicção de que estou preparado. Quanto a discutir Código Penal, peço licença e me retiro. Porém, quando os males que assombram nossa sociedade bate em nossa porta e nos fere a alma, não podemos nos furtar da obrigação de denunciar. Tenho medo, como qualquer um, mas gosto de intitula-los como fobias, a citar: Engarrafamentos, altura, Lugares fechados entre outros. Mas não temo em pronunciar-me quando o assunto é dizer a verdade na qual acredito. E, sou raro. Com todas as letras, sou RARO, pois grande parte da humanidade não acredita mais em N A D A. Posso falar horas, sobre ética, respeito, direitos, deveres e amor ao próximo. Fui e ainda sou um excelente aluno dos meus pais que me ensinaram e continuam a serem meus exemplos de tudo isso. Não devo negar que depois do ocorrido com meu sobrinho, estamos todos vigilantes, juntando cada moeda para investir em nossa segurança domiciliar. E não é por paranoia. Foram fatos. Pois com uma semana do falecimento do Brunno, o pai dele, meu irmão, Rubem Soares, teve a fachada e os portões de sua residência alvejada por tiros acidentais desferidos pela Polícia à caça de assaltantes. Então Senhores, eu cuspo no Código Penal Brasileiro. As ações que quase todo Advogado persegue pra pegar são aquelas despropositais, sem nexo, sem sentido... Vazias.
    Aliás, quando se trata de grana, o Nelson Rodrigues já a citava com muita sapiência, e dizia: "Dinheiro compra até amor verdadeiro". A pergunta que eu faria àquilo a que estou me referindo, não cabe aqui. Mas se eu tivesse minha casa invadida e com uma arma na boca fosse obrigado a fazê-la, perguntaria: Que valor financeiro ou qual justiça é capaz de reparar a dor de um pai diante de um quarto vazio? - Quanto vale o abalo emocional daquele dia, quanto vale a dor da alma, qual o preço do ferimento no espírito que não cicatriza? Quase todo pai diz: " Por um filho eu dou minha vida". Na nossa família, nós damos a vida uns pelos outros e, eu estou nessa. Por todo dinheiro do mundo eu não queria estar no lugar do meu irmão, mas sofro demais com tudo isso. Mas ele sabe o quanto eu o amo. Isso basta. E ninguém, ninguém mesmo vai mais tripudiar ou soltar os seus demônios, sem que esses sejam abatidos pelas forças que nos regem e nos alerta para que saiamos vencedores. Quase todos possuem limites, mas infelizmente chegamos ao copo cheio e mais uma facada, pode ser a gota d'água. Como esta carta é aberta, é pública, receba meus respeitos. Meus deveres, meus direitos - Um abraço, Gilberto Lima

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