sábado, 9 de maio de 2015

Quadrilhas de agiotas de outros países agem junto a pequenos comerciantes de São Luís; quem não paga a dívida é ameaçado de morte

Ouça a denúncia de um ouvinte do programa "Comando da Noite" sobre a ação de agiotas de outros países em São Luís
Gilberto Lima

Quadrilha de agiotas colombianos que agia
no Distrito Federal
Milhares de pequenos comerciantes de São Luís estão nas mãos de agiotas de outros países. São grupos de peruanos, colombianos e chilenos que invadiram os bairros da periferia da capital maranhense. Eles emprestam quantias que variam de R$ 100 a R$ 1 mil reais, com juros de cerca de 25%, em até 25 parcelas diárias. Um exemplo: quem tomar emprestado R$ 1.000,00 é obrigado a pagar R$ 150,00 durante 25 dias. Juros altamente extorsivos. Como a oferta é tentadora, muitos pequenos comerciantes, que precisam de capital de giro imediatamente, terminam caindo no conto desses agiotas.

Uma das vítimas foi uma feirante da feira da Liberdade, que pegou R$ 1 mil para pagar R$ 150,00 diariamente. Como não estava vendendo o suficiente para se quitar com o agiota peruano, ela teve que vender o box com mercadorias para pagar o débito, pois a dívida havia virado uma bola de neve, impagável, e vinha sendo ameaçada de morte. A denúncia foi feita pelo esposo da vítima, identificado como Miguel, no programa “Comando da Noite”, da Rádio Capital AM, na noite de sexta-feira(08).

“Como o dinheiro era fácil, minha mulher resolveu pegar R$ 1 mil para pagar em 25 parcelas diárias de R$ 150,00. Com as vendas fracas, ela não teve condições de continuar pagando e a dívida só aumentava. Diante de ameaças de morte, ela teve que vender o box para se quitar com esse agiota peruano. Até na minha porta eles chegaram a vir com ameaças de morte. Dei uma de valente e eles não apareceram mais. No entanto, ela teve que encerrar sua atividade para quitar a dívida e se ver livre de ameaças. É preciso que a polícia investigue a ação desses grupos de agiotas que estão infernizando a vida de pequenos comerciantes nos bairros de São Luís”, desabafa o marido da ex-comerciante.

Pelas informações, muitos feirantes da Liberdade estão na mesma situação, devendo a agiotas e, sem condições de pagar, estão se desfazendo de seus pontos de venda. Os cobradores andam em pequenas motos, tipo biz, para não chamar muito a atenção. Em caso de não pagamento da dívida, outros cobradores, em carros, entram em ação e já chegam ameaçando os devedores de morte. “Para não morrer, o comerciante termina se desfazendo de seu pequeno negócio para ficar livres desses agiotas”, disse outro ouvinte.

Diversos ouvintes do programa ligaram de outros bairros de São Luís para informar sobre a ação de mais grupos de agiotas colombianos e chilenos. Agem em bairros como Cidade Operária, Jardim América e Anjo da Guarda.

O blog espera que a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão inicie uma operação imediata para combater essa prática criminosa que ameaça a integridade física de pessoas honestas e trabalhadoras. É só colocar o serviço de inteligência em campo que conseguirá chegar aos líderes dessas quadrilhas.

Esses grupos de agiotas de outros paísem estão atuando em vários Estados. Em 2014, a polícia do Distrito Federal prendeu uma quadrilha de colombiano que emprestavam dinheiro a juros extorsivos. Confira a íntegra da matéria publicada no Jornal de Brasília.

A Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (CORF) deflagrou, na madrugada desta quarta-feira (05), uma quadrilha colombiana especializada na prática de crimes de extorsão a comerciantes do Distrito Federal. Na ação, 17 pessoas foram presas, além de vasto material e dinheiro. As equipes ainda estão em diligências e novas prisões poderão ser realizadas no decorrer do dia.


Segundo informações do delegado Jefferson Lisboa, responsável pelo caso, eles procuravam pequenos comerciantes e ofereciam pequenos valores. "Não temos o levantamento de quanto eles emprestaram e nem quanto extorquiram das vítimas. No entanto, sabemos que o dinheiro arrecadado está sendo enviando para a Colombia para patrocinar o crime", conta Lisboa. 

Após emprestar o dinheiro, as vítimas eram cobradas com juros abusivos diariamente. Se o pagamento não fosse feito, elas sofriam ameaças e agressões físicas.   Ao todo, são 17 presos, todos colombianos, que viviam em uma sede em Arniqueiras, dois apartamentos em Águas Claras e um flat em Taguatinga Centro. "Estamos verificando a situação deles no País com a Policia Federal", disse o delegado Lisboa. "No caso de agiotagem, quem pegou dinheiro emprestado com o grupo e está sendo extorcido, é vítima. Quanto mais vítimas, mais eles vão ficar presos", completou. 

A investigação começou com uma grande quantidade de denúncias. Equipes da Coordenação de Repressão aos Crimes contra o Consumidor, à Ordem Tributária e a Fraudes (Corf) estão nas ruas desde 4h para prender o grupo. As penas podem chegar a 20 anos de prisão.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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