Segundo entidade, em 2015 o número de casos cresceu se comparado a 2014; dois profissionais foram assassinados
Em 2015, houve 105 casos com vítimas homens e 18 casos com mulheres. Em outros 24 casos a vítima não foi identificada por gênero. O número de vítimas é maior do que o número de casos (137) porque em algumas situações mais de um jornalista foi agredido

FÁBIO GRELLET
O ESTADO DE S. PAULO
RIO - Os casos
de violência contra jornalistas no Brasil aumentaram em 2015, se comparados com
2014. Foram registrados 137 casos no ano passado, enquanto em 2014 haviam sido
129. O número de assassinatos, no entanto, caiu de três casos em 2014 para dois
em 2015. Os dados constam de relatório divulgado nesta quinta-feira pela
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
O jornalista
Evany José Metkzer, de 67 anos, foi decapitado em Padre Paraíso (MG), onde
morava e mantinha o blog Coruja do Vale. Seu corpo foi encontrado em 18 de
maio. O outro jornalista assassinado em 2015 foi o paraguaio Gerardo Ceferino
Servián Coronel, de 44 anos, morto a tiros em Ponta Porã (MS), onde morava, em
5 de março. Ele trabalhava na rádio Ciudad Nueva, de Santa Pytã, distrito de
Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã.
Também foram
mortos em 2015 nove profissionais de comunicação que não eram jornalistas, de
acordo com a Fenaj: cinco radialistas, dois blogueiros e dois comunicadores que
atuavam em rádios comunitárias.
“Jornalistas de
todo o mundo têm sofrido ameaças, agressões e, em muitos casos, têm pagado com
a vida o alto preço por defender o interesse público e dar voz a quem precisa.
Dos assassinatos de jornalistas e outros comunicadores ocorridos em 2015 (no
Brasil), apenas em um caso os assassinos e os mandantes foram identificados”,
afirmou o presidente da Fenaj, Celso Schröder, no texto de apresentação do
relatório.
Agressões e
ameaças
Além dos dois homicídios, jornalistas foram alvos de 49 casos de
agressão física (35,7%), 28 casos de ameaças (20,4%), 16 agressões verbais
(11,6%), 13 impedimentos do exercício profissional (9,4%), 9 atentados (6,5%),
9 casos de cerceamento à liberdade de expressão por meio de ações judiciais (6,5%),
8 prisões (5,8%), 2 casos de violência contra a organização sindical (1,4%) e 1
caso de censura (0,7%).
O Sudeste
concentrou o maior número de registros: 57 (41,6% dos 137). São Paulo foi o
Estado mais violento na região, com 24 casos, seguido pelo Rio de Janeiro (16),
Minas Gerais (12) e Espírito Santo (5).
Na região
Nordeste somou o segundo maior número, com 29 casos (21,1%), registrados no
Ceará (7), Alagoas (6), Piauí (6), Bahia (3), Pernambuco, Maranhão e Paraíba (2
casos em cada) e Rio Grande do Norte (1).
O Norte teve 22
casos (16%), no Estados de Pará (13), Tocantins (4), Amazonas (2), Acre (1),
Rondônia (1) e Roraima (1). No Sul, houve 18 casos (13,1%), a maioria no Paraná
(9), seguido por Santa Catarina (7) e Rio Grande do Sul (2). Na região Centro-Oeste
houve 11 casos (8%), no Mato Grosso do Sul (4), no Distrito Federal (3), no
Mato Grosso (2) e em Goiás (2).
Em 2015, houve
105 casos com vítimas homens e 18 casos com mulheres. Em outros 24 casos a
vítima não foi identificada por gênero. O número de vítimas é maior do que o
número de casos (137) porque em algumas situações mais de um jornalista foi
agredido.
Veículos.
Jornalistas que atuam em TV foram os principais alvos da violência, figurando
como vítimas em 50 casos (36,4%). Profissionais da mídia digital (portais,
sites e blogs) sofreram 23 agressões, inclusive uma morte. Jornalistas de rádio
sofreram 7 agressões (5,11%), enquanto profissionais de assessoria de imprensa,
agências de notícias ou coletivos foram vítimas de 5 agressões (3,65%).
Um jornalista de
revista e um freelancer também foram alvos de agressões. Em dez casos o local
de trabalho não foi identificado e em dois episódios era genérico (os casos
contra a organização sindical).
Agressores
Policiais militares ou legislativos (atuam na Câmara dos Deputados, em
Brasília) são a maioria dos agressores, responsáveis por 28 casos (20,4%). Em
seguida estão políticos ou seus assessores ou parentes, com 21 casos (15,3%).
Em 19 casos (13,8%) a agressão partiu de manifestantes e, em 13 casos (9,4%), a
iniciativa foi de populares. Criminosos (inclusive pistoleiros) cometeram 11
agressões (8%) e outras 11 não tiveram autor identificado. Em 8 casos (5,8%), o
autor era trabalhador ou sindicalista, seguidos por empresários (7), juízes ou
procuradores (6), torcedores ou dirigentes esportivos (6), seguranças (4),
presos ou suspeitos (2) e grileiro (1).
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