“Não há justiça quando as leis são
desrespeitadas, a Constituição aviltada. Não há Justiça para os cidadãos quando
as garantias constitucionais da própria Presidência da República são violadas. Se
se fere a prerrogativa da presidência da República, o que se fará com os
cidadãos?", questionou a presidente Dilma Roussef.
do Brasil 247
Durante discurso na posse do ex-presidente
Lula como ministro da Casa Civil, no Palácio do Planalto, na manhã desta
quinta-feira 17, a presidente Dilma Rousseff condenou o grampo divulgado ontem
pelo juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, e sua "interpretação
desvirtuada".
A gravação, feita pela PF mesmo após o
juiz ter determinado a suspensão dos grampos, se tratava de uma conversa entre
Dilma e Lula e foi divulgada pelo juiz para a Globonews.
Dilma disse que "não há justiça
quando as leis são desrespeitadas, a Constituição aviltada. Não há Justiça para
os cidadãos quando as garantias constitucionais da própria Presidência da
República são violadas". "Se se fere a prerrogativa da presidência da
República, o que se fará com os cidadãos?", questionou a presidente.
Sobre o grampo em si, declarou:
"Nós queremos saber quem o autorizou, por que o autorizou e por que foi
divulgado sem que se tivesse nada que pudesse levantar qualquer suspeita sobre
seu caráter republicano". Dilma denunciou ainda a "interpretação
desvirtuada" do diálogo com o ex-presidente e ressaltou que
"investigações baseadas em grampos ilegais não favorecem a democracia
nesse país".
"Convulsionar a sociedade
brasileira em cima de inverdades, de métodos escusos, viola princípios e
garantias constitucionais, os direitos dos cidadãos e abre precedentes
gravíssimos. Os golpes começam assim", declarou Dilma Rousseff. A
cerimônia de posse foi marcada por manifestações contrárias e a favor à posse
de Lula como ministro. "Vergonha", gritou um manifestante antes de
Dilma começar a discursar. "Não vai ter golpe", gritavam outros.
Antes de falar sobre a gravação, Dilma
disse que "as dificuldades muitas vezes costumam criar grandes oportunidades"
e mencionou como uma delas a chance de trazer ao seu governo "o maior
líder político desse país". "Seja bem-vindo, ministro Luiz Inácio,
ministro Lula", disse a presidente, que declarou contar com a experiência
do ex-presidente e sua identificação com o povo brasileiro.
"Sua presença aqui mostra que você
tem a grandeza dos estadistas e a humildade dos verdadeiros líderes",
continuou Dilma, destacando que, com Lula ao seu lado, ela terá "mais
força" para "superar as armadilhas que jogam em nosso caminho"
para "paralisar o governo" ou "tentar me tirar o mandato de
forma golpista".
Abaixo,
reportagem da Agência Brasil:
Dilma:
Lula é o maior líder político do país
A presidenta Dilma Rousseff disse hoje
(17) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tomou posse há pouco
como ministro-chefe da Casa Civil, é o maior líder político do país. "As
dificuldades, muitas vezes, costumam criar oportunidades. As circunstâncias
atuais me dão a magnífica chance de trazer para o governo o maior líder
político desse país".
Ela acrescentou que Lula, além de ser
grande líder político, é um grande amigo e companheiro de lutas. "Seja
bem-vindo, querido companheiro ministro Lula. Eu conto com a experiência do
ex-presidente Lula, conto com a identidade que ele tem com esse país e com o
povo desse país. Conto com sua incomparável capacidade de olhar nos olhos do
nosso povo, de entender esse povo. A sua presença aqui, companheiro Lula,
mostra que você tem a grandeza dos estadistas. Prova que não há obstáculos à
nossa disposição de trabalharmos juntos pelo Brasil."
Os presentes à posse no Salão Nobre do
Palácio do Planalto, em sua maioria representantes de movimentos sociais e
sindicais, interrompem o discurso da presidenta com palavras de ordem e gritos
de "Ole, ole, ole, olá, Lulá, Lulá", "O povo não é bobo, abaixo
a Rede Globo", "A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a
ditadura".
Dilma também deu posse a Jaques Wagner
como ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República e a Eugênio
José Guilherme de Aragão, como novo ministro da Justiça. Lula substitui Wagner
na Casa Civil. Aragão assume o cargo em substituição a Wellington César Lima e
Silva, que pediu exoneração na última terça-feira (15). Aragão é
subprocurador-geral da República desde 2004.
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