A nova linha de investigação leva em conta a delação premiada de empresários da Carioca Engenharia, que acusam o peemedebista de ter recebido propina em contas no exterior
MÁRCIO FALCÃO
FOLHA DE S. PAULO/DE BRASÍLIA
O ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Teori Zavascki autorizou a abertura do terceiro inquérito contra o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para investigar sua suposta
ligação com o esquema de corrupção da Petrobras.
Relator da Lava Jato, Teori acolheu
pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
A nova linha de investigação leva em
conta a delação premiada de empresários da Carioca Engenharia, que acusam o
peemedebista de ter recebido propina em contas no exterior.
Os desvios estariam associados à
liberação de verbas do fundo de investimentos do FGTS para o projeto do Porto
Maravilha, no Rio, do qual a Carioca Engenharia obteve a concessão em consórcio
com as construtoras Odebrecht e OAS. A acusação foi feita pelos empresário
Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior em colaboração premiada.
Essa liberação ocorreria por influência
do aliado de Cunha Fábio Cleto, que ocupou uma vice-presidência da Caixa
Econômica Federal e também o conselho do fundo de investimento do FGTS.
Apesar da conexão entre outros casos
envolvendo Cunha na Lava Jato, o novo inquérito deve ser pedido ao STF porque o
esquema sobre o fundo de investimento do FGTS é considerado um fato novo.
Em dezembro, a revista "Época"
revelou que os delatores da Carioca Engenharia citaram três contas bancárias no
exterior informadas por Cunha para receber propina. A Folha mostrou, em
janeiro, que a tabela de transferências no exterior entregue pelos delatores
inclui mais duas contas bancárias e que, segundo depoimento deles, a última
dessas contas teria sido repassada por Cunha em uma visita dele ao escritório
da empresa em São Paulo.
As transferências informadas à PGR
totalizam US$ 3,9 milhões entre 2011 e 2014, saindo de contas na Suíça dos delatores
para cinco contas no exterior que eles afirmam terem sido indicadas pelo
próprio Cunha.
Segundo a Folha apurou, procuradores
encontraram o elo entre o esquema para liberação de verbas do fundo de
investimentos do FGTS para o projeto do Porto Maravilha, no Rio, e os recursos
que seriam desviados de contrato da Petrobras para um campo de exploração em
Benin, na África, e que teriam Cunha como beneficiário.
A ligação entre as movimentações
financeiras atribuídas ao peemedebista no exterior seria Esteban Gárcia no
Merrill Lynch, no Estados Unidos.
Cunha já é alvo de uma ação penal e de
uma denúncia por sua suposta ligação com a Lava Jato. Na semana passada, o STF
transformou o deputado em réu, sob acusação de que recebeu US$ 5 milhões em
propina de contratos de navios-sonda.
Na sexta, a Procuradoria ofereceu nova
denúncia, desta vez, pela acusação de que contas secretas por Cunha e
familiares na Suíça foram abastecidas com recursos desviados de contratos da
Petrobras na África.
OUTRO
LADO
A defesa do ex-presidente disse que
ainda não tomou conhecimento do novo pedido da PGR para se manifestar. Cunha
nega ligação com o esquema de corrupção da Petrobras.
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