O resultado desta mobilização, de acordo com o Planalto, é que o governo terá até 30 votos a mais de deputados que mudaram de lado. O governo terá também pelo menos 20 deputados, a maioria candidatos a prefeitos, que se ausentarão do plenário no domingo durante a votação do processo de impeachment de Dilma.
ÁLVARO
CAMPOS, GUSTAVO PORTO E TÂNIA MONTEIRO
O
ESTADO DE S.PAULO
BRASÍLIA
- A presidente Dilma Rousseff comemorou na tarde desta sexta-feira, 15, a
reversão de importantes votos como do primeiro-vice-presidente da Câmara,
Waldir Maranhão (PP-MA), um antigo aliado do principal algoz do governo, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Esse foi um dos resultados do
trabalho do Planalto, em conjunto com seis governadores que desembarcaram em
Brasília para ajudar o governo: Flávio Dino (PC do B), do Maranhão, Camilo
Santana (PT), do Ceará, Rui Costa (PT) Bahia, Waldez Góes (PDT), do Amapá,
Ricardo Coutinho (PSB), da Paraíba e Wellington Dias (PT), do Piauí.
Dilma
se reuniu com todos eles, além de vários deputados de suas bancadas. O
resultado desta mobilização, de acordo com o Planalto, é que o governo terá até
30 votos a mais de deputados que mudaram de lado. O governo terá também pelo
menos 20 deputados, a maioria candidatos a prefeitos, que se ausentarão do
plenário no domingo durante a votação do processo de impeachment de Dilma.
"O clima mudou no Planalto", assegurou um interlocutor direto da
presidente, ao relatar que a aposta é "principalmente nas ausências".
O
ministro-chefe do Gabinete pessoal de Dilma, Jaques Wagner, afirmou que "o
reforço dos governadores surtiu efeito nas bancadas e ampliou nossa
vantagem". Entre as idas e vindas de deputados e seus votos, na noite
desta sexta, em uma de suas planilhas, o Planalto contava com 179 votos, sete a
mais que o mínimo necessário para barrar o impeachment. Aos que iam ao seu
gabinete, a presidente Dilma reiterava que tem os votos para barrar o
impeachment e apresentava a sua planilha e anunciava: "ela (a planilha) é
confiável".
Depois
da reunião com Dilma, o vice-líder do governo na Câmara, Sílvio Costa (PT do
B-PE) e o governador do Maranhão Flávio Dino (PC do B), também disseram que o
governo tem mais do que os 172 votos necessários para barrar a admissibilidade
do processo de impeachment, a ser votado no próximo domingo, 17.
"Temos
convicção que teremos margem de votos para impedir 342 votos
pró-impeachment", disse Dino. Já Sílvio Costa, afirmou que existem ainda
36 votos de deputados que estão indecisos, os chamados de "a
trabalhar" nas planilhas do governo. "Estamos bem acima da margem de
erro e hoje detectamos o desespero da oposição", afirmou.
Dino
disse que só nesta sexta o governo conseguiu converter três votos no Maranhão
que eram favoráveis ao impeachment, e outros três ou quatro do Amapá.
"Chegaremos facilmente a 20 ou 30 votos modificados até domingo",
afirmou. Mais cedo, a presidente se reuniu com os governadores da Bahia e do
Ceará. "Os governadores do Nordeste estão confiantes que a Câmara manterá
o jogo democrático", afirmou Dino.
O
governador disse que a presidente Dilma está tranquila e firme, primeiro,
segundo ele, porque não cometeu nenhum crime, e segundo porque o governo está
seguro de que conseguirá barrar o impeachment. De acordo com Dino, o clima
sobre a votação do impeachment melhorou nos últimos dias, com uma reversão da
tendência pró-impedimento da presidente. "A suposta avalanche que haveria na
direção do apoio ao impeachment não se verificou". Ele disse que outros
governadores também estão ajudando o governo no trabalho de convencimento dos
deputados e que esse esforço será intensificado nos próximos dias.
Varejo
Não só os governadores ajudaram na mudança de votos. A abertura dos gabinetes de ministros palacianos e da própria presidente Dilma, recebendo deputados no varejo, também levou a algumas "vitórias" do Planalto. A filha do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR), deputada Clarissa Garotinho, não estará em plenário no domingo alegando recomendação médica, já que está em final do período de sua gravidez. Coincidentemente, Garotinho esteve ontem no Planalto.
Não só os governadores ajudaram na mudança de votos. A abertura dos gabinetes de ministros palacianos e da própria presidente Dilma, recebendo deputados no varejo, também levou a algumas "vitórias" do Planalto. A filha do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR), deputada Clarissa Garotinho, não estará em plenário no domingo alegando recomendação médica, já que está em final do período de sua gravidez. Coincidentemente, Garotinho esteve ontem no Planalto.
Dino
comentou também sobre a situação do deputado Waldir Maranhão (PP-MA), que é
primeiro vice-presidente da Câmara e considerado aliado de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), e mudou sua posição de favorável para contrário ao impeachment nesta
sexta. "Ele esteve comigo e Dilma e reiterou que há vários deputados do PP
que vão seguir a linha de manutenção do apoio ao governo", afirmou Dino.
Além
de Waldir, o governador maranhense anunciou que o ex-governador do Estado José
Reinaldo Tavares também mudou seu voto e não vai mais apoiar o impeachment,
embora não apoie o governo Dilma. "Obrigada pela força", não se
cansava de repetir a presidente Dilma a cada apoiador que lhe levava uma boa
notícia.
O
vice-líder do governo na Câmara, Sílvio Costa (PTdoB-PE), que esteve no
Planalto pelo menos três vezes nesta sexta-feira, garantiu que o governo
"já ultrapassou" os 172 votos necessários para barrar a
admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma. Costa
afirmou que existem ainda 36 votos de deputados que estão indecisos, os
chamados de "a trabalhar" nas planilhas do governo. "Estamos bem
acima da margem de erro e hoje detectamos o desespero da oposição",
assegurou.
Estratégia
Em entrevista no Planalto, após nova reunião com a presidente Dilma, Costa considerou todos os levantamentos divulgados pela imprensa sobre a votação de domingo como "equivocados" e citou que a oposição está apresentando apenas um "movimento regimental" para aprovar o impeachment, ou seja, o voto sim. E, ao falar da estratégia do Planalto, informou: "o governo tem três movimentos regimentais a favor da democracia: o voto não, a abstenção e a falta. Esses três movimentos regimentais não são detectados". A aposta dele e do governo é que a oposição não terá os 342 votos necessários para aprovar a admissibilidade do processo.
Em entrevista no Planalto, após nova reunião com a presidente Dilma, Costa considerou todos os levantamentos divulgados pela imprensa sobre a votação de domingo como "equivocados" e citou que a oposição está apresentando apenas um "movimento regimental" para aprovar o impeachment, ou seja, o voto sim. E, ao falar da estratégia do Planalto, informou: "o governo tem três movimentos regimentais a favor da democracia: o voto não, a abstenção e a falta. Esses três movimentos regimentais não são detectados". A aposta dele e do governo é que a oposição não terá os 342 votos necessários para aprovar a admissibilidade do processo.
O
deputado evitou citar placares de votação, mas garantiu que no Acre governo e
oposição terão quatro votos cada. "Talvez amanhã, para provar que oposição
vem mentido, ou 10 minutos antes do discurso, eu comunique o número de
votos", afirmou. Costa repetiu o discurso do governo e afirmou que na
segunda-feira a presidente irá repactuar o País, e reinaugurar seu segundo
mandato, após "a 're-reeleição' de domingo".
O
governador do Maranhão disse também que a presidente Dilma resolveu cancelar o
pronunciamento em rede de rádio e TV que faria nesta noite porque o governo
preferiu, neste momento, centrar esforços nas negociações com os deputados.
Segundo ele, essa foi uma posição externada pelo Advogado Geral da União, José
Eduardo Cardozo, na reunião com Dilma. "É mais importante dispender energia
nisso", comentou Dino sobre o convencimento dos deputados. Segundo ele,
não há necessidade de criar uma nova polêmica com o pronunciamento, que poderia
ser questionado pela oposição. Ele ainda negou que o governo tenha cancelado a
veiculação do discurso com medo de "panelaços".
Costa
citou que pesquisas internas mostram que as ruas estão divididas sobre o
impeachment a passou a atacar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
chamado por ele de "criminoso" e o vice-presidente da República.
Michel Temer (PMDB). "A diferença entre Temer e Cunha é que um foi pego e
outro não. Temer está rasgando a história e vai entrar na história como o que
tentou derrubar Dilma", disse Costa, sugerindo a renúncia do
vice-presidente caso o processo de impeachment seja barrado.
Costa
sugeriu também que Temer renuncie caso o governo vença a votação e indagado se,
caso isso ocorra, como o governo lidaria com Eduardo Cunha em primeiro lugar na
linha sucessória de Dilma, o parlamentar emendou: A gente vai tirar o Cunha.
Aliás, o STF se quiser tira ele amanhã", concluiu.
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