Dilma argumentou que crise econômica e impopularidade não são motivo para se pedir o impeachment de um presidente da República. Para ela, as tentativas de desestabilizar seu mandato se basearam na estreita margem de votos que a elegeram nas eleições de 2014.

A
presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (19), a jornalistas
estrangeiros no Palácio do Planalto, estar sendo vítima de um processo de
impeachment baseado em uma injusta fraude jurídica e política. A presidenta
lembrou que, nos períodos democráticos do País, todos os presidentes
enfrentaram processos de impedimento no Congresso Nacional.
“O
Brasil tem um veio que é adormecido, um veio golpista adormecido. Se nós
acompanharmos a trajetória de presidentes no meu País, do regime
presidencialista a partir de Getúlio Vargas, nós vamos ver que o impeachment
sistematicamente se tornou um instrumento contra os presidentes eleitos”.
Dilma
argumentou que crise econômica e impopularidade não são motivo para se pedir o
impeachment de um presidente da República. Para ela, as tentativas de
desestabilizar seu mandato se basearam na estreita margem de votos que a
elegeram nas eleições de 2014.
“Essa
eleição perdida por essa margem tornou essa oposição derrotada bastante reativa
a essa vitória e por isso começaram um processo de desestabilização. Esse meu
mandato de 15 meses tem o signo da desestabilização política”.
A
presidenta também relacionou as ações que foram tomadas contra a
governabilidade, a começar pelo pedido “inusitado” de recontagem de votos, logo
após a divulgação do resultado das eleições.
“No
Brasil, desde a adoção das urnas eletrônicas, não há dúvidas por parte da
sociedade da fidedignidade dos resultados eleitorais, o que torna muito claro
os objetivos por traz disso. Na sequência, também foi pedido pela oposição que
se fizessem auditorias nas urnas. Como em nenhum dos dois casos foi encontrada
uma falha sequer, recorreu-se ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), antes da
posse para o segundo mandato, para tentar impedir a diplomação da presidenta“,
lembrou.
Como
nenhuma destas ações surtiu efeito, deu-se início a “práticas absolutamente condenáveis”,
destacou Dilma, que ganharam força com a atual presidência da Câmara dos
Deputados: as chamadas pautas-bomba. Os opositores passaram a agir para impedir
a redução de gastos necessária ao atingimento da meta fiscal.
“É
terrível alguém ‘homenagear’ o maior torturado que o Brasil conheceu”
A
presidenta Dilma Rousseff lamentou a
terrível declaração de um deputado federal que ‘homenageou’, em seu voto
favorável ao impeachment, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido
pela Comissão Nacional da Verdade como torturador durante o regime militar
brasileiro.
“Eu
de fato fui presa nos anos 70. De fato, eu conheci bem esse senhor ao que ele
se referiu. Foi um dos maiores torturadores do Brasil, contra ele recai não só
a acusação de tortura, mas também de mortes. É só ler os documentos da Comissão
da Verdade. Lastimo que, nesse momento no Brasil, tenha dado espaço para esse
tipo de situação de raiva, de ódio, de perseguição. E, veja você, em um
processo como o nosso em que a democracia resulta de uma grande luta. É
terrível você ver no julgamento alguém defendendo esse torturador. É
lamentável.”
Questionada
por uma jornalista se o fato de ser a primeira presidenta mulher no Brasil
influenciou nas tentativas de desestabilização do seu governo, Dilma disse
acreditar que a questão de gênero é um forte componente nesse processo. Para
ela, certas atitudes não aconteceriam caso o presidente da República fosse um
homem.
“Houve,
inclusive, recentemente um lamentável episódio de um texto de um órgão de
imprensa que mostra uma misoginia. Falam o seguinte, mulher sob tensão tem que
ficar histérica, nervosa e desequilibrada. E não se conformam que eu não fique,
nem nervosa, nem histérica, nem desequilibrada. Aí tem uma outra ala que diz
que não é bem isso, porque eu não estou percebendo o tamanho da crise. Eu até
não gosto de falar porque eu tenho uma familiar e acho a forma que tratam essa
questão muito desrespeitosa: falam que eu sou autista. Um preconceito tão
grande quanto o de gênero.[…] Agora, eu lamento profundamente o grau de
preconceito contra a mulher, de que mulher tem que ser frágil. Ora as mulheres
brasileiras não têm nada de frágeis, elas criam filhos e lutam”, disse de
enfatizar sua percepção sobre posicionamentos machistas. “Tem misturado nisso
tudo um grande preconceito contra a mulher, tem atitudes comigo que não teriam
com um presidente homem”
veio ou velho? não entedi!
ResponderExcluir