Em entrevista coletiva a jornalistas
internacionais, Dilma Rousseff disse que está sendo vitima de um golpe e que
pedirá a suspensão do Brasil do Mercosul caso o processo de impeachment contra
ela seja concretizado. "Eu alegarei a cláusula inexoravelmente se
caracterizar de fato, a partir de agora, uma ruptura do que eu considero um
processo democrático", disse.
Do Brasil 247
A presidente Dilma Rousseff disse, em
entrevista coletiva em Nova York (EUA), que está sendo vítima de um golpe e que
pedirá a suspensão do Brasil do Mercosul caso o processo de impeachment contra
ela seja concretizado. O Mercosul possui uma cláusula democrática que pode ser
utilizada caso um governo democraticamente eleito seja deposto. O dispositivo
já foi utilizado com o Paraguai. Ela reafirmou que o processo de impeachment é
um golpe contra o seu governo.
"Me dizer que não é golpe é tampar
o sol com a peneira", afirmou. "Eu alegarei a cláusula [do Mercosul]
inexoravelmente se caracterizar de fato, a partir de agora, uma ruptura do que
eu considero um processo democrático", disse Dilma. "Agora, quando
isso ocorrerá, depende de fatos que eu não controlo", completou.
Afirmando que tem o direito de
"defender meu mandato", a presidente Dilma fez uma referência velada
ao vice Michel Temer (PMDB) ao afirmar que "pessoas ilegítimas que não
tiveram um voto" querem "assumir o destino do país".
"Eu me julgo uma vítima e estou
sendo injustiçada. E sou presidente da República. Isso é muito grave. Se há
injustiça contra o presidente da República, se eu me sinto vítima de um
processo ilegal, golpista e conspirador, o que dizer da população do Brasil
quando seus direitos forem afetados? A garantia do meu direito não é garantia
minha pessoal. É a garantia de que no Brasil a lei vai se sobrepor a qualquer
interesse pessoal ou político. E a lei é clara. A lei e a Constituição. A lei
diz: o impeachment é previsto na nossa Constituição, mas diz que para ter
impeachment tem de haver crime de responsabilidade", observou.
Declaração da presidente aconteceu na
noite desta sexta-feira (22), após ela discursar na sede da Organização das
Nações Unidas (ONU), sobre o Acordo de Paris, que trata das mudanças
climáticas. Ao final da sua fala Dilma fez referências à crise política brasileira
ao citar o "grave momento que vive o Brasil".
"A despeito disso quero dizer que o
Brasil é um grande país, que soube superar o autoritarismo e construiu uma
pujante democracia. O nosso povo é trabalhador e com grande apreço pela
liberdade, e saberá impedir quaisquer retrocessos. Sou grata a todos os líderes
que expressaram a mim sua solidariedade", disse na ocasião.
Na entrevista, porém, a presidente disse
que o pedido de impeachment contra ela tem "todas as características de um
golpe", porque não tem base legal.
Nova
manifestação no facebook
No fim da noite de sexta-feira (22), em
sua página no facebook, a presidente Dilma voltou a se manifestar sobre o golpe.
Confira:
Esse
processo de impeachment é absolutamente infundado. Pergunto a vocês: quem
assumirá os destinos do País? Pessoas legítimas? Pessoas que têm na sua
trajetória acusação de lavagem de dinheiro, conta no exterior, processo de
corrupção? Não há contra mim nenhuma acusação de corrupção, nunca recebi
dinheiro para me beneficiar.
Aí
falam que não é golpe. O que é um golpe? Golpe é um mecanismo em que você tira
pessoas do poder sem razão expressa na lei, ou seja, no acordo institucional no
qual o País vive. Eu fico intrigada porque tem esse medo absurdo de quando
falamos que tem um golpe no Brasil. Medo de ter um golpe no Brasil decorre de
absoluta ilegalidade.
Agora,
é subestimar a consciência e a capacidade de compreensão das pessoas, tanto dentro
como fora do Brasil.
Essa
precipitação mostra o quanto temem serem tachados de golpistas. Sabe por que
temem? Porque são.
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