Presidente
afirmou em cerimônia no Planalto que democracia está ameaçada.
POR
EDUARDO BARRETTO
O
Estado de S. Paulo
A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira que o país tem a
democracia ameaçada e afirmou que "eles", ao se referir a seus
opositores, são violentos, ao contrário dos simpatizantes do governo. No
terceiro dia consecutivo de cerimônia aberta no Planalto - o que acontece pela
primeira vez no ano -, Dilma assinou atos pela reforma agrária e para ações
contra o racismo.
—
Nós, hoje, precisamos nos manter vigilantes e oferecer resistências às
tendências antidemocráticas, oferecer resistência também às provocações. Nós
não defendemos qualquer processo de perseguição de qualquer autoridade porque
pensa assim ou assado. Nós não defendemos a violência. Eles defendem. Eles
exercem a violência. Nós não — declarou Dilma.
A
presidente chamou atenção para que as "regras do jogo democrático"
não sejam alteradas. Dilma disse que o Brasil tem aspectos democráticos sob
ameaça.
O
jurista Ives Gandra Martins e o professor emérito da USP Dalmo Dallari‘Pedalada
fiscal’ é crime de responsabilidade?
—
Hoje, o Brasil tem dois aspectos da democracia ameaçados — declarou, e
completou: — As regras do jogo não podem ser rompidas, porque, se se rompe a
regra do jogo, se compromete o jogo. Torna o jogo suspeito.
Em
cerimônia nesta sexta-feira no Palácio do Planalto, a presidente assinou 25
decretos que abrangem 56.512 hectares, 21 para desapropriação de terra para a
reforma agrária e quatro para a regularização de territórios quilombolas. De
acordo com o governo, 799 famílias quilombolas serão beneficiadas, com 21 mil
hectares.
O
governo também anunciou R$ 4,5 milhões para fortalecer o Sistema Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), que foi regulamentado em 2013. Será
lançado um edital para projetos que promovam a igualdade racial. Somente entes
federados poderão inscrever-se.
Antes
da presidente, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias,
discursou. Patrus acrescentou ao bordão “Não teremos golpe” o “Teremos reforma
agrária”, e foi endossado por Dilma logo depois.
—
Forças empenhadas no retrocesso e que no passado já demonstraram que não têm
maior apego à democracia quando se apegam com maior vigor aos seus interesses e
seus privilégios. E ontem eu tive o orgulho, presidenta, de dizer em praça
pública aqui em Brasília, fora do horário de trabalho, de noite, de dizer: “Não
teremos golpe. Teremos reforma agrária” — afirmou Patrus Ananias, ministro do
Desenvolvimento Agrário.
—
Quando o Patrus fala "Não vai ter golpe, vai ter reforma agrária",
ele está enfatizando um aspecto da democracia que queremos, que é uma
democracia com reforma agrária — declarou Dilma Rousseff.
Aristides
Santos, secretário de finanças e administração da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (Contag), criticou a “bancada da bala” no
Congresso, e ameaçou “incomodar” as casas, fazendas e propriedades desses
parlamentares.
—
Vamos ocupar as propriedades deles (parlamentares da "bancada da bala"),
as casas deles no campo. É a Contag e os movimentos sociais que vão fazer isso.
Vamos ocupar os gabinetes, mas também as fazendas deles. Se eles são capazes de
incomodar um ministro do Supremo Tribunal Federal, vamos incomodar as casas
deles, as fazendas e as propriedades deles. Vai ter reforma agrária, vai ter
luta e não vai ter golpe.
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