sexta-feira, 1 de abril de 2016

'Eles exercem a violência, nós não', diz Dilma ao se referir a opositores

Presidente afirmou em cerimônia no Planalto que democracia está ameaçada.
  
POR EDUARDO BARRETTO
O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira que o país tem a democracia ameaçada e afirmou que "eles", ao se referir a seus opositores, são violentos, ao contrário dos simpatizantes do governo. No terceiro dia consecutivo de cerimônia aberta no Planalto - o que acontece pela primeira vez no ano -, Dilma assinou atos pela reforma agrária e para ações contra o racismo.

— Nós, hoje, precisamos nos manter vigilantes e oferecer resistências às tendências antidemocráticas, oferecer resistência também às provocações. Nós não defendemos qualquer processo de perseguição de qualquer autoridade porque pensa assim ou assado. Nós não defendemos a violência. Eles defendem. Eles exercem a violência. Nós não — declarou Dilma.

A presidente chamou atenção para que as "regras do jogo democrático" não sejam alteradas. Dilma disse que o Brasil tem aspectos democráticos sob ameaça.

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— Hoje, o Brasil tem dois aspectos da democracia ameaçados — declarou, e completou: — As regras do jogo não podem ser rompidas, porque, se se rompe a regra do jogo, se compromete o jogo. Torna o jogo suspeito.

Em cerimônia nesta sexta-feira no Palácio do Planalto, a presidente assinou 25 decretos que abrangem 56.512 hectares, 21 para desapropriação de terra para a reforma agrária e quatro para a regularização de territórios quilombolas. De acordo com o governo, 799 famílias quilombolas serão beneficiadas, com 21 mil hectares.

O governo também anunciou R$ 4,5 milhões para fortalecer o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), que foi regulamentado em 2013. Será lançado um edital para projetos que promovam a igualdade racial. Somente entes federados poderão inscrever-se.

Antes da presidente, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, discursou. Patrus acrescentou ao bordão “Não teremos golpe” o “Teremos reforma agrária”, e foi endossado por Dilma logo depois.

— Forças empenhadas no retrocesso e que no passado já demonstraram que não têm maior apego à democracia quando se apegam com maior vigor aos seus interesses e seus privilégios. E ontem eu tive o orgulho, presidenta, de dizer em praça pública aqui em Brasília, fora do horário de trabalho, de noite, de dizer: “Não teremos golpe. Teremos reforma agrária” — afirmou Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Agrário.

— Quando o Patrus fala "Não vai ter golpe, vai ter reforma agrária", ele está enfatizando um aspecto da democracia que queremos, que é uma democracia com reforma agrária — declarou Dilma Rousseff.

Aristides Santos, secretário de finanças e administração da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), criticou a “bancada da bala” no Congresso, e ameaçou “incomodar” as casas, fazendas e propriedades desses parlamentares.


— Vamos ocupar as propriedades deles (parlamentares da "bancada da bala"), as casas deles no campo. É a Contag e os movimentos sociais que vão fazer isso. Vamos ocupar os gabinetes, mas também as fazendas deles. Se eles são capazes de incomodar um ministro do Supremo Tribunal Federal, vamos incomodar as casas deles, as fazendas e as propriedades deles. Vai ter reforma agrária, vai ter luta e não vai ter golpe.

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