Ora, quem acredita na narrativa dessa imprensa? Nem ela mesma! Ela sabe que está tão somente tentando manipular a classe média e os pobres; tentando convencer a classe média e os pobres de que é "legal, justo e ético" uma camarilha de corruptos derrubar um governo eleito democraticamente e tomar de assalto a presidência da República sob os olhos convenientemente cegos da Justiça.
Por Jean Wyllys
A "coincidência" nas manchetes
dos jornais e mesmo nas charges do Correio Brasiliense e de O Globo mostram que
não há diversidade nem contraditório na imprensa brasileira. Os jornais parecem
editados pelas mesmas pessoas. A impressão é que os editores e/ou diretores de
redação se falam para combinar a narrativa.
E essa narrativa busca de todo jeito e
com todos os malabarismos argumentativos e desonestidade intelectual justificar
o golpe contra a democracia e pintar os picaretas favoráveis ao impeachment de
Dilma - começando por Anastasia, praticante de mais pedaladas fiscais, quando
governador de Minas Gerais, que a própria presidenta, e terminando por Michel
Temer, citado em delação à Polícia Federal como receptor de propina em esquema
de corrupção - como "estadistas sérios e probos".
Ora, quem acredita na narrativa dessa
imprensa? Nem ela mesma! Ela sabe que está tão somente tentando manipular a
classe média e os pobres; tentando convencer a classe média e os pobres de que
é "legal, justo e ético" uma camarilha de corruptos derrubar um
governo eleito democraticamente e tomar de assalto a presidência da República
sob os olhos convenientemente cegos da Justiça.
Mas vamos nos concentrar na manchete do
Correio Brasiliense. Esta chega a ser um deboche com todos nós, né? Afinal esta
é a frase que todos os que tramaram e levaram a cabo esse golpe institucional
contra a jovem democracia brasileira - os plutocratas e cleptocratas do PSDB,
do Democratas, das facções do PMDB, dos partidos de aluguel que abrigam o
baixíssimo clero da política, da FIESP e demais entidades patronais, dos
grupelhos fascistas que atuam nas redes sociais e dessa imprensa abjeta - esta
é a frase que todos eles deveriam ouvir de todos nós que defendemos a
democracia e as regras do jogo democrático: "CHEGA DE BRINCADEIRA COM A
DEMOCRACIA!"
Os golpistas querem inverter os papéis e
convencer os incautos, os ingênuos, os desinformados, os mal-informados e os
analfabetos políticos de que eles são os "mocinhos" dessa história.
Os violões sempre usam desse artifício em qualquer ficção. Mas, no filme ou na
novela, é o disfarce que releva o bandido (nesse caso, bandidos)!
No golpe de
1964, os golpistas convenceram a classe média de que eram os mocinhos (basta
pesquisar os jornais da época, os mesmos jornais!) e depois se revelaram
corruptos, hipócritas, egoístas, censores, perseguidores, torturadores sádicos
(até de crianças!) e assassinos, numa ditadura que durou mais de duas décadas.
Hoje está difícil para os golpistas
convencerem toda a classe média e os pobres de que são os "mocinhos".
A internet e, consequentemente, a imprensa e a comunidade política
internacionais não estão dando trégua aos bandidos. E será assim doravante. O
golpe contra a democracia pode até triunfar, mas triunfará como tal, como um
golpe de cleptocratas e plutocratas que não sabem viver em regimes democráticos
e que desejam se apropriar das riquezas do país e fazer do Estado um mantenedor
de privilégios e não direitos! Deixaremos isso claro e não nos submeteremos
calados a um governo ilegítimo!
Para nos calar, os golpistas terão que
recorrer, de novo e aos olhos do mundo, à censura, à tortura e ao assassinato!
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