A conversa foi entre o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), um dos assessores mais próximos de Temer, e os procuradores Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, e Roberson Pozzobon.

BELA MEGALE
FOLHA DE SÃO PAULO
Um emissário do
presidente interino Michel Temer (PMDB) e representantes da força-tarefa da
Operação Lava Jato encontraram-se na véspera da sessão do Senado que selou o
afastamento da petista Dilma Rousseff.
O encontro tratou de
uma espécie de "acordo de procedimento" que não colocasse em risco as
investigações.
A conversa foi entre o
ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), um dos assessores mais próximos de
Temer, e os procuradores Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava
Jato, e Roberson Pozzobon.
O diálogo, de quase
duas horas de duração, ocorreu após um evento organizado pela ANPR (Associação
Nacional dos Procuradores da República) em Brasília.
Anteriormente, os
procuradores haviam recusado um encontro com o próprio Temer, articulado pelo
ex-presidente da ANPR Alexandre Camanho, que é homem de confiança do
peemedebista.
Temer, que mostrava
preocupação com a disseminação da ideia de que seu governo enterraria a Lava
Jato devido ao grande número de peemedebistas investigados, aprovou a sugestão.
A preocupação cresceu
com a sondagem feita ao advogado Antonio Claudio Mariz de Oliveira, um crítico
da Lava Jato, para ocupar o Ministério da Justiça. A nomeação de Mariz
fracassou após ele dar uma entrevista à Folha atacando a operação.
O encontro com Temer,
porém, foi rejeitado pelos procuradores, que rechaçaram uma possível conotação
política na proposta. Eles também mostraram receio de que o ato fosse
interpretado como apoio ao impeachment.
Apesar disso, na
conversa entre Loures e os procuradores, foi acertada a manutenção no cargo do
superintendente da Polícia Federal no Paraná, Rosalvo Franco, responsável pela
Lava Jato.
Loures ouviu dos
investigadores que a permanência de Franco seria sinal importante e prometeu
consultar Temer.
"Eu disse para os procuradores
que se o conforto era dar essa garantia, iria levar o pedido ao
presidente", relatou o ex-deputado à Folha.
Na mesma noite, o
assessor levou o pleito a Temer, que aceitou o pedido.
INVESTIGAÇÃO
O PMDB, partido do
presidente interino, é uma das siglas com o maior número de investigados no
esquema de corrupção na Petrobras. Na segunda (23), o ministro do Planejamento
Romero Jucá (RR) se licenciou após a Folha revelar uma gravação em que ele
sugeria um pacto para colocar fim à Lava Jato.
Na semana passada, a
PGR (Procuradoria Geral da República) pediu ao STF (Superior Tribunal
Eleitoral) a inclusão de Jucá, do presidente do Senado Renan Calheiros (AL), e
dos senadores Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PA) em um inquérito que apura
propinas na construção da Usina de Belo Monte, no Pará, por suspeita de
corrupção e lavagem de dinheiro.
Procurada, a
força-tarefa da Lava Jato confirmou a conversa dos procuradores com Loures, mas
disse apenas que o assessor de Temer manifestou apoio à operação.
O superintendente da PF
Rosalvo Franco e procurador Alexandre Camanho não quiseram se manifestar.
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