Entidade mais influente da Advocacia, em nota, alerta que medida 'contraria os anseios da sociedade e não deveria ser feita'
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Romero Jucá, do Planejamento. é um dos citados na Lava Jato como suposto beneficiário do esquema de propinas |
POR FAUSTO MACEDO,
JULIA AFFONSO
E LÍGIA
FORMENTI
O Estado de São Paulo
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
criticou neste sábado, 14, o presidente em exercício Michel Temer pela nomeação
de ministros que são alvo da Operação Lava Jato.
“Todos os cidadãos têm direito à ampla
defesa e ao devido processo legal. Mas ressalto que a equipe de ministros
precisa estar acima de qualquer suspeita. Os investigados devem poder se
defender sem, para isso, comprometer a credibilidade dos ministérios”, diz nota
divulgada pela entidade mais influente da Advocacia.
“Quem é investigado pela Operação Lava
Jato não pode ser ministro de Estado, sob o risco de ameaçar a chance que o
Brasil tem de trilhar melhores rumos”, alerta o presidente da OAB Claudio
Lamachia.
“Faço o alerta de que a nomeação de
investigados contraria os anseios da sociedade e não deveria ser feita.”
Entre os nomeados por Temer está o
ministro Romero Jucá, do Planejamento. Ele é citado na Lava Jato como suposto
beneficiário do esquema de propinas que se instalou na Petrobrás entre 2004 e
2014.
A nota aborda o afastamento da
presidente Dilma, pelo Senado, na quinta-feira, 12. “É lamentável que, mais uma
vez, o país testemunhe o afastamento de um chefe do Poder Executivo pela
prática de crime de responsabilidade. Por outro lado, o Brasil tem a chance de
tomar melhores rumos e, no futuro, não sofrer os prejuízos, novamente, dos
erros já cometidos no passado.”
“O impeachment é legal e necessário. Por
isso, a OAB se manterá vigilante e ativa com relação ao complexo processo de
mudanças pelo qual o país deve passar”, diz Lamachia.
“Considero que o novo governo, alçado ao
poder pela via constitucional e não pela via eleitoral, precisa ser um exemplo
ético para poder atender aos anseios da sociedade e validar sua legitimidade.”
Claudio Lamachia destaca que a OAB
‘torce pelo sucesso do Brasil’. “Por isso, cobrará que, diferentemente do
anunciado, o novo ministério não seja composto por pessoas sobre as quais pesem
dúvidas.”
A Ordem dos Advogados do Brasil avisa
que ‘no futuro, se necessário, avaliará o uso dos instrumentos jurídicos
cabíveis para requerer o afastamento das funções públicas dos ministros que se
tornarem réus’.
“Foi com base nesse entendimento que a
OAB pediu o afastamento do deputado Eduardo Cunha e do então senador Delcídio
do Amaral.”
O ministro Henrique Eduardo Alves, do
Turismo, é alvo de dois pedidos de inquérito. O ministro do Planejamento, Romero
Jucá (PMDB), já responde inquérito. Há ainda na composição do governo ministros
cujos nomes foram citados em delações premiadas que integram a Lava Jato.
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