
Do UOL, em Brasília
A eleição para a presidência da
Câmara será decidida em 2º turno entre os deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) e
Rogério Rosso (PSD-DF). Maia teve 120 votos, contra 106 de Rosso. O terceiro
colocado foi o ex-ministro Marcelo Castro (PMDB-PI), com 70 votos.
A segunda votação deverá ser
realizada nas próximas horas, após nenhum dos 13 candidatos ter conseguido, na
noite desta quarta-feira (13), reunir os 257 votos para conquistar o cargo em
1º turno.
Em quarto lugar, ficou Giacobo
(PR-PR), com 59 votos, seguido por Esperidião Amin (PP-SC), com 36; Luiza
Erundina (PSOL-SP), com 22; Orlando Silva (PCdoB-SP), com 16; Fábio Ramalho
(PMDB-MG), com 18; Cristiane Brasil (PTB-RJ), com 13; Carlos Henrique Gaguim
(PTN-TO), com 13; Carlos Manato (SD-ES), com 10; Miro Teixeira (Rede-RJ), com
6; e Evair Vieira de Melo (PV-ES), com 5. 494 deputados marcaram presença na
sessão.
A votação ocorreu após cerca de
2h30 de discursos. Apontado como favorito, Rosso prometeu estabilidade na
gestão e tocar os projetos do governo Temer. Ele também disse que a eleição
precisa ter o significado de "renovação".
Maia, candidato apoiado pela
antiga oposição à presidente Dilma, citou Michel Temer ao elogiar antigos
presidentes da Câmara. O deputado do DEM também reconheceu o momento de
"crise política" e prometeu respeitar as minorias parlamentares.
Já Marcelo Castro, candidato
oficial do PMDB, disse que "sempre teve lado" e discursou em defesa
da prerrogativa dos deputados, como o pagamento de emendas parlamentares,
dinheiro do Orçamento destinado a projetos indicados pelos deputados.
Em discurso que destoou dos demais
pela informalidade, Carlos Manato (SD-ES) iniciou sua fala rasgando o discurso
escrito, segundo ele, por seus assessores. "Me desculpa, mas o que vocês
escreveram aqui é a mesmice, a mesma coisa que os outros já disseram",
disse, ao rasgar a papelada em plenário. Manato afirmou que o processo
eleitoral é distorcido. "Eu não ouvi ninguém dizendo aqui que quer
trabalhar mais", disse.
Os dois únicos candidatos, entre
os 13 deputados na disputa, que representam partidos de oposição ao governo
interino, Luiza Erundina (PSOL-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP), fizeram críticas
ao processo de impeachment e ao deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Erundina usou o bordão "fora, Cunha" durante o discurso e afirmou que
iria promover pautas de cunho social, como reforma agrária, tributária e
urbana.
A eleição dividiu a base do
presidente interino, Michel Temer, com diversas candidaturas de partidos
governistas.
Quem
é Rogério Rosso
Rosso é da base de Temer e foi
apontado como favorito entre os candidatos do chamado centrão, grupo de 13
partidos que apoiam Temer e reforçaram seu peso político durante a gestão de
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Câmara.
O deputado, líder do PSD, fez
campanha pregando a "independência do Legislativo", discurso parecido
ao utilizado por Cunha na eleição que o levou ao cargo, em 2015.
Politicamente, Rosso já se
definiu em entrevista como "de centro, pro lado direito", e tem
rebatido afirmações de que seria aliado de Cunha, com quem diz ter mantido
apenas uma relação "respeitosa".
Ele tem evitado opinar sobre o
processo de cassação de Cunha –"vamos aguardar o parecer do
conselho"--, mas enfrenta outros temas polêmicos, como o Estatuto da
Família, que diz apoiar.
O deputado, que já foi filiado
ao PMDB, está em seu segundo mandato na Câmara (o primeiro foi em 2011, quando
assumiu como suplente) e presidiu a comissão especial que analisou o pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff. Quando o caso foi a plenário, Rosso
foi um dos 367 deputados que votaram pela abertura de processo no Senado contra
Dilma.
Em 2010 Rosso foi escolhido
governador do DF em eleição indireta entre os deputados distritais do DF, após
a crise que tirou do cargo o então governador José Roberto Arruda (ex-DEM),
investigado num escândalo de corrupção.
Quem
é Rodrigo Maia
Apesar de ter se apresentado
como fiel ao governo Temer, Maia fez sua campanha buscando votos de partidos da
antiga base da presidente afastada, Dilma Rousseff. Como argumento, usava sua
contraposição ao chamado centrão, bloco também da base governista mas apontado
como próximo do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que sofre um
processo de cassação.
Como a votação foi secreta, é
difícil precisar o apoio conquistado por Maia junto aos partidos da base de
Dilma. Também pode ter favorecido o deputado o apoio do Planalto para levar ele
e Rosso ao segundo turno, preterindo o candidato do PMDB, Marcelo Castro (PI),
tratado como oposicionista. Na votação do impeachment, Castro contrariou o
partido e votou a favor de Dilma.
O deputado chegou a ser cotado
para ocupar a função de líder do governo Temer na Câmara, cargo importante por
representar a orientação do Planalto nas votações. No entanto, Maia acabou
preterido e o escolhido para ser líder de Temer foi André Moura (PSC-SE),
aliado de Cunha e expoente do centrão.
Filho do ex-prefeito do Rio
Cesar Maia, o deputado do DEM está em seu quinto mandato na Câmara. A mulher de
Rodrigo Maia, Patrícia Vasconcelos, é enteada de Moreira Franco, uma das
principais lideranças do PMDB e atualmente secretário executivo do Programa de
Parcerias e Investimentos do governo interino.
Mandato-tampão
O escolhido vai comandar a
Câmara até 1º de fevereiro do próximo ano, quando ocorre a eleição para a
chefia da Câmara para o biênio 2017/2018. O mandato será curto, de seis meses
já que na próxima semana o Congresso Nacional entre no chamado recesso branco e
só retoma as atividades em agosto.
Apesar disso o futuro presidente
terá desafios a enfrentar, como o processo de cassação de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e a tramitação de propostas impopulares de interesse do governo do
presidente interino.
O chefe da Câmara também será o
sucessor imediato de Temer caso ele seja confirmado na Presidência da República
no lugar de Dilma Rousseff. Caberá ao novo presidente assumir o comando do país
quando Temer viajar ao exterior, por exemplo.
Como benefícios do cargo, o
presidente da Câmara terá direito a residência e carro oficiais, equipe de
segurança, gabinete exclusivo e voos em jatos da FAB (Força Aérea Brasileira).
A eleição foi precipitada pela
renúncia de Eduardo Cunha ao cargo, na última quinta-feira (7), dois meses após
ser afastado do exercício do mandato, e, portanto, do cargo, pelo STF (Supremo
Tribunal Federal), por suspeitas de que usava o cargo para interferir nas
investigações contra ele.
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