Reação de facções atingiu 29 cidades; ministro da Defesa
estará no Estado nesta quarta-feira.
Nesta terça, veículos em quatro cidades do interior foram incendiados; em um deles, as chamas começaram em carros guardados em um pátio da Polícia Civil.

Mônica Bernardes,
ESPECIAL PARA O ESTADO
RECIFE - O Rio Grande do Norte
viveu nesta terça-feira, 2, o quarto dia consecutivo de ataques a veículos e
prédios públicos, uma onda de violência que já soma 80 ocorrências, em 29
cidades. Os crimes seriam uma reação de facções criminosas à instalação de
bloqueadores de sinal de celular em presídios do Estado. O governo informou que
não vai recuar e deve expandir a instalação para três das maiores unidades
prisionais até o fim do ano.

Para combater a violência, o
governo do Estado requisitou e o presidente em exercício, Michel Temer, liberou
a atuação de 1,2 mil militares das Forças Armadas no patrulhamento nas ruas da
capital. Cerca de 500 deles já chegaram à cidade e devem começar as atividades
na tarde desta quarta.
Para acertar os detalhes da
atuação das tropas, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, estará em Natal
durante a manhã em reunião com o governador Robinson Faria (PSD).
O número de presos com suspeita
de ligação com as ocorrências chegou a 72 nesta terça. A Polícia Civil prendeu
três pessoas que estariam diretamente ligadas ao comando da facção que tem
liderado os ataques. Daniel Silva de Carvalho é apontado como sendo o segundo
membro mais importante do grupo. A segunda pessoa presa, Islênia de Abreu Lima,
também é apontada como membro da cúpula da quadrilha. Um menor também foi
apreendido.

Na segunda, cinco presos
apontados como lideranças de dentro das unidades prisionais já haviam sido
transferidos para a penitenciária federal em Mossoró, a cerca de 280
quilômetros de distância da capital. Nesta terça, as identidades deles foram
divulgadas: Edson Cardoso Bezerra, Anderson Mendonça da Silva, Cosme Wendel
Rodrigues Gomes, Alex Barros de Medeiros e Marcos Paulo Ferreira, conhecido
como Cabeça do Acre, todos apontados como importantes figuras do tráfico de
drogas no Estado.
O sistema penitenciário potiguar
já enfrentava uma crise desde o primeiro semestre do ano passado, quando
rebeliões causaram danos nas unidades prisionais, em ação articulada com
criminosos nas ruas que também atacaram veículos do transporte público.
Prejuízo. Ainda com receio de
novas investidas, o Sindicato das Empresas de Transporte Público de Passageiros
(Seturn) tinha previsão de recolher os ônibus das ruas às 21h30. O transporte
deve retomar nesta quarta o horário normal de operação, a partir das 5h30. A
frota continuará reduzida, operando entre 50% e 70%, até o fim dos ataques.

A Câmara de Dirigentes Lojistas
do RN já afirma que há prejuízo real no faturamento do comércio e serviços,
apesar de não ter concluído o levantamento de dados. Com medo da violência,
parte das escolas particulares de Natal e região metropolitana adiou o reinício
do ano letivo para a próxima segunda-feira.
Eventos esportivos e culturais
também vêm sendo cancelados ou adiados. Foi o caso do show da banda Jota Quest,
que estava marcado para ocorrer no próximo sábado, mas foi cancelado. Segundo a
organização, o show será agendado novamente, mas ainda não tem uma nova data
definida.
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