Documentos
indicam que Sarney Filho usou dinheiro do contribuinte para não gastar do seu:
um helicóptero pago pelo governo da irmã teria sido usado para transportá-lo na
campanha

Por Kalleo Coura
Veja
Com a Lava Jato alçando os
números da corrupção a patamares nunca vistos e revelando estratégias jamais
sonhadas, o caso que se verá a seguir chega a parecer coisa de criança. Uma auditoria
realizada pelo governo do Maranhão reuniu indícios de que o ministro do Meio
Ambiente, Sarney Filho (PV) usou dinheiro do contribuinte para não ter de
gastar do seu. Mais precisamente: viajou pelo estado em campanha eleitoral a
bordo de um helicóptero custeado por dinheiro público, a pretexto de estar a
serviço do governo. Dano para o Erário: 116.400 reais. Prejuízo para um país
que sonha um dia livrar-se da política provinciana, delinquente e mesquinha:
bem, aí é incalculável.
Segundo a auditoria, o ministro
Sarney filho usou em 2014, junto com Adriano Sarney (PV), seu filho, um
helicóptero contratado pelo governo do Maranhão, então sob o comando de Roseana
Sarney para comparecer a eventos de campanha eleitoral – Sarney Filho buscava o
nono mandato como deputado federal, Adriano Sarney debutava na disputa por uma
vaga de deputado estadual.
Sarney Filho entrou para a
política aos 21 anos, em 1978, quando foi eleito deputado estadual. Desde
então, não saiu mais. Em 1982, elegeu-se deputado federal pela primeira vez.
Quando o pai estava prestes a deixar a Presidência da República, no início dos
anos 90, chegou a almejar a condição de herdeiro político da família e ser
candidato a governador, mas foi preterido por Roseana, sua irmã mais velha, que
concorreu ao cargo quatro anos depois.
É a segunda vez que Sarney Filho
ocupa o Ministério do Meio Ambiente. A primeira foi durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso. Deixou o cargo em 2002, depois que uma operação da Polícia
Federal encontrou 1,34 milhão de reais em uma empresa de Roseana e seu marido,
no episódio que enterrou a candidatura da primogênita pá Presidência da
República e que foi atribuído a maquinações do PSDB. O tucano José Serra era
candidato à sucessão de FHC.
A indicação de Sarney Filho para
o governo Michel Temer teve o claro propósito de amolecer o coração de seu pai –
junto com Renan Calheiros, ainda o nome mais influente no PMDB no Senado. A
jogada não foi vã, como mostrou na semana passada o senador maranhense João
Alberto Souza, que na votação da pronúncia do impeachment mudou de lado na
última hora, traindo Dilma Rousseff e engrossando o placar dos 59 senadores que
votaram pelo processo.
Procurado por VEJA, o ministro
Sarney Filho negou que tenha utilizado o helicóptero alugado pelo governo da
irmã e limitou-se a dizer que todos os seus gastos de campanha foram declarados
à Justiça Eleitoral e aprovados. A Secretaria de Transparência e Controle do
Maranhão vai dar seguimento à investigação.
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