O ex-presidente Lula
disse que seus acusadores e parte da imprensa "estão enrascados",
porque "construíram uma mentira, uma inverdade, como se fosse um enredo de
uma novela. E tá chegando o fim do prazo, precisam concluir a novela: acabar
com a vida política do Lula"

O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, na tarde desta quinta-feira (15), um pronunciamento à
imprensa nacional e internacional sobre a denúncia do Ministério Público
Federal apresentada ontem contra ele.
Em sua
fala, Lula alfinetou FHC, que, segundo ele, apostava no seu fracasso. "Ele
não sabia que eu tinha em mente o fracasso do Lech Walesa. Eu dizia: eu não
posso fracassar e tinha como uma profissão de fé não errar", disse.
"Eu
fui humilde: se cada brasileiro pudesse realizar três refeições por dia, eu já
tinha realizado a obra da minha vida", acrescentou.
Lula
destacou que o ex-presidente Juscelino Kubitschek deve ter sido vítima de mais
inquéritos do que ele. Getúlio em quatro anos de democracia se matou, afirmou.
"Tentaram
fazer comigo o que fizeram com a Dilma em 2005. O objetivo era tirar o Lula já
em 2005", declarou.
Para
Lula, o seu "fracasso não teria despertado tanto ódio contra o PT. O que
despertou a ira foi o sucesso desse governo". "Se quiserem me tirar,
vão ter que disputar comigo na rua", ressaltou.
Sobre
o impeachment de Dilma Rousseff, ele lembrou que foi articulado "por um
homem que acaba de ser cassado". "Conseguiram dar um golpe
pacífico", disse, ponderando, no entanto, a violência da Polícia Militar
contra manifestantes.
"Se
eles tratassem ladrão como tratam a molecada honesta que vai para rua, talvez
não tivesse tanto ladrão. É uma vergonha jornalista ir para a rua de
capacete", criticou.
O
ex-presidente falou então sobre as instituições no País, e como elas se
fortaleceram durante seu governo. Mas afirmou que "a lógica de hoje é a
manchete, não os autos de um processo". "Quem é que nós vamos
criminalizar?", perguntou, em crítica à Lava Jato. "Só ganha de mim
aqui no Brasil Jesus Cristo", acrescentou, sobre a perseguição contra ele.
Sobre
a coletiva do MP, afirmou: “Eles construíram uma mentira, uma inverdade, como
se fosse um enredo de uma novela. E tá chegando o fim do prazo, afinal de
contas já cassaram o Cunha, já elegeram o Temer, pela via indireta, pelo golpe,
já cassaram a Dilma, agora precisa concluir a novela. Acabar com a vida
política do Lula. Porque não existe outra explicação para o espetáculo de pirotecnia”.
“Eu
respeitaria mais a família deles do que eles respeitaram a minha. Vocês pensam
que foi fácil suportar a invasão da minha casa? Invadiram as casas dos meus
filhos”, citou Lula. “Até os meus discursos eles levaram do instituto,
certamente pra plagiar”.
Ele
ironizou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao dizer que "tinham provas de um
helicóptero com 400kg de cocaína, mas não tinham convicção, então
liberaram".
“Não
sei porque fazer uma coletiva para apresentar a prova de um crime, e não tem
crime, tem convicção. Ninguém respeita a lei desse país mais do que eu”,
assegurou. “Sou daqueles que acreditam que só com instituições fortes há
democracia”, acrescentou.
Lula
acredita que "Janot deve estar pensativo hoje", que "os
ministros do STF devem estar pensativos. O que aconteceu? À custa do que esse
espetáculo? Por que vender um produto que não tem como entregar? Não adianta
matar e esquartejar, como fizeram com Tiradentes". "Vocês vão ter
problema com o golpe que vocês deram", alertou.
"Vocês
não podem permitir que meia dúzia de pessoas estraguem a reputação de uma
instituição como o Ministério Público. Eu conheço gente que vive por cinco
minutos de fama na televisão, essa pessoa vive pouca. A única coisa que eu
peço, por favor, é que respeitem a minha família", pediu.
"Eu
não tenho tempo de parar, o país que eu sonho ainda está muito distante de ser
construído. Nada, só Deus, pode me fazer parar de lutar", afirmou.
"Esta meninada que tá vindo pra rua lutar é um Lula multiplicado por 50
milhões de Lulas pelo país!".
O
ex-presidente fez uma provocação aos procuradores, especialmente a Dallagnol,
ao dizer que "tem gente que passou em concurso público que é analfabeto
político, não sabe o que é governo de coalizão". "Quando eu
transgredir a lei, me punam para servir de exemplo. Mas quando eu não
transgredir, procurem outro para criar problema", pediu Lula.
Ele
disse ainda que "cada petista tem que começar a andar de camisa
vermelha". "Estou com 70 anos e com vontade de viver mais 20, a
história mal começou", discursou.
O
primeiro a falar hoje foi o presidente do PT, Rui Falcão. "O objetivo é
retirar da cena política o principal líder do povo brasileiro", disse ele,
que denunciou um regime de exceção no Brasil.
Em
nota aprovada hoje, a Executiva do PT repudiou o "grotesco espetáculo
midiático" do MP, apontou "parcialidade" do procurador Deltan
Dallagnol, responsável por apresentar a acusação, e lembrou que ele fez
denúncias "confessadamente sem provas".
Confira
a íntegra da entrevista do ex-presidente Lula.
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