Segundo Flávio Barra, que depôs na
investigação contra a chapa Dilma/Temer, propina foi repassada nas obras de
Angra 3 e Belo Monte.
"...adotou-se contratos fictícios, principalmente com um escritório de advogados do Maranhão chamado Coutinho Coutinho Advogados e Associados e também alguns valores em espécie, até também o ano de 2014..."
Por Julia Affonso, Ricardo Brandt, Mateus
Coutinho e Fausto Macedo
O Estado de São Paulo
O empreiteiro Flávia Barra, ligado à
Andrade Gutierrez, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que repassou
propina de R$ 5,6 milhões ao senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de
Minas e Energia do governo Dilma, sobre as obras da Usina de Angra 3 e da Usina
de Belo Monte.
O executivo prestou depoimento em
setembro na investigação judicial eleitoral aberta contra a chapa presidencial
encabeçada por Dilma Rousseff (PT) e por seu vice Michel Temer (PMDB).
Barra declarou que entre R$ 4 milhões e
R$ 5 milhões em propina foram repassados ao peemedebista por Angra 3 e R$ 600
mil por Belo Monte.
Ex-presidente da Andrade Gutierrez
Energia e delator da Operação Lava Jato, Barra declarou que deixou R$ 600 mil,
em espécie, na casa de um filho do senador peemedebista, que identificou como
Márcio Lobão.
Frente o corregedor-geral Eleitoral
Herman Benjamin – também ministro do Superior Tribunal de Justiça – e o juiz
auxiliar Bruno Cesar Lorencini, o empreiteiro declarou que a propina em Belo
Monte era de 0,5% para o PT e 0,5% para o PMDB – porcentual sobre o valor do
contrato.
O delator da Lava Jato foi questionado
pelo juiz auxiliar se houve ‘pagamento por fora’ em Belo Monte.
“Não, não. Houve um único pagamento, eu
menciono isso nos meus depoimentos, que na época não era um ano eleitoral, nós
não podíamos fazer, enfim, um valor de R$ 600 mil, se não me engano, que foi
entregue ao ministro Lobão. Mas foi a exceção. Não existiam outros pagamentos.
Eram sempre nos períodos eleitorais, destinados aos partidos”, afirmou.
O juiz auxiliar Bruno Cesar Lorencini
quis saber de Flávio Barra como os R$ 600 mil foram repassados para o PMDB. Ele
declarou ter repassado o valor ’em espécie’, mas que ‘não tinha disponibilidade
pra entregá-lo em Brasília’.
“Então, nós combinamos, então nós
fizemos essa entrega na casa do filho do ministro Lobão, no Rio de Janeiro”,
declarou Barra. “Márcio. Márcio Lobão.”
De acordo com o delator da Lava Jato,
também houve divisão de porcentual de propina sobre os contratos de Angra 3:
para o PMDB 2%,, para o PT 1 % e, em torno de 1,5%, distribuído entre
executivos da Eletronuclear.
Barra relatou que ‘existiam dois
interlocutores principais’, Edison Lobão pelo PMDB e o ex-tesoureiro João
Vaccari pelo PT, ‘mas que manteve contato ainda com o senador Romero Jucá
(PMDB-RR)’.
“Com relação ao PT, eu nunca mencionei
esse contrato com o senhor João Vaccari, apesar de ter contato com ele, porque
já vinha sido mantida uma relação com a área institucional da empresa. Então, a
gente manteve essa interlocução até para não prejudicar, não envolver mais
gente. Da mesma forma, existia uma parte desse compromisso com o PMDB, em
relação ao senador Romero Jucá, que também foi mantida a interlocução através
da área institucional, até porque eu, na condição de um técnico ou comercial da
empresa, atuando especificamente em energia…”, registou o delator.
“Se nós dividirmos em três componentes,
ministro Edison Lobão, senador Romero Jucá e PT, seriam três parcelas de 1 %.
Eu me responsabilizei especificamente pelo ministro Lobão, nesse período, devo
ter feito alguma coisa em torno de 4 milhões só para o ministro Lobão – de 4 a
4,5 a 5 milhões.”
O ministro Herman Benjamin questionou
Barra sobre os 2% do PMDB.
“Os interlocutores eram, como eu disse,
o ministro Edison Lobão e o senador Romero Jucá. O senador Romero Jucá, até por
ser da área política, era tratado, ou tinha como interlocutores o pessoal dessa
área institucional da empresa. O ministro Edison Lobão, por ser o comandante de
uma Pasta executiva, que dizia respeito à minha área, me foi apresentado tempos
antes, se não me engano, em 2009. E eu tinha uma relação e mantive essa relação
e, quando o assunto Angra veio para mim, eu me reportava a ele com relação ao
andamento desse compromisso”, revelou.
O empreiteiro citou ao TSE um escritório
de advocacia do Maranhão. “Não só eram feitas parcelas, nesse caso, com o
ministro Lobão, parcelas em termos de doação eleitoral, como também adotou-se
contratos fictícios, principalmente com um escritório de advogados do Maranhão
chamado Coutinho Coutinho Advogados e Associados e também alguns valores em
espécie, até também o ano de 2014, quando nós interrompemos o pagamento desses
valores.”
A reportagem ligou para o número de
telefone da Coutinho e Coutinho Advogados que consta do site da Ordem dos
Advogados do Brasil do Maranhão (OAB-MA). Ninguém atendeu. O espaço está
aberto.
COM
A PALAVRA, O CRIMINALISTA LUIZ FLÁVIO BORGES D’URSO, QUE DEFENDE VACCARI:
O criminalista Luiz Flávio Borges
D’Urso, que defende Vaccari afirmou que as acusações do delator sobre seu
cliente não são verdadeiras. “São Palavras exclusivas de delator, não há prova
que comprove, porque isso inexiste”, afirmou
COM
A PALAVRA, O CRIMINALISTA ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, O KAKAY
“Esse sr Flávio Barra realmente
frequentava a casa do filho do senador Lobão, porque eram amigos, mas agora
surpreendeu, não se sabe em que condições nessa delação, ao fazer essas
afirmativas. O Lobão nega peremptoriamente que tenha recebido qualquer coisa
dele. Ele está se aproveitando de uma relação pessoal que tinha para poder
criar uma história na delação que de certa forma o proteja. Ele nega
peremptoriamente.”
COM
A PALAVRA, O SENADOR ROMERO JUCÁ
O senador Romero Jucá não manteve nenhum
entendimento sobre obras em Belo Monte nem com o senhor Flavio Barra nem com
qualquer outra pessoa.
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