Força-tarefa da Lava Jato afirma que Adir Assad e
Rodrigo Tacla Duran são 'operadores financeiros especializados na lavagem de
capitais de grandes empreiteiras'
Julia Affonso, Ricardo Brandt, Fábio
Serapião e Fausto Macedo
O Ministério Público Federal informou
nesta quinta-feira, 10, que os dois alvos da Operação Dragão, 36ª fase da Lava
Jato deflagrada hoje, Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran foram responsáveis por
lavar mais de R$ 50 milhões para empresas investigadas no esquema. O juiz
federal Sérgio Moro expediu mandado de prisão preventiva contra Adir Assad.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, os
dois são ‘operadores financeiros especializados na lavagem de capitais de
grandes empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato’.
“A partir das investigações foram
encontradas diversas evidências de que os operadores utilizaram-se de
mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro, entre os quais o uso de contas
bancárias em nome de offshores no exterior, a interposição de empresas de
fachada e a celebração de contratos falsos”, diz nota da Procuradoria da
República, no Paraná.
A investigação aponta que ‘as provas
coletadas em fases anteriores da Operação Lava Jato, somadas à análise das
informações obtidas por intermédio de afastamentos de sigilo bancário, fiscal e
telemático, permitiram identificar que os referidos operadores financeiros
participaram ativa e continuamente do grande esquema criminoso de corrupção
investigado pela força-tarefa’. A força-tarefa afirma que também foram colhidos
depoimentos e provas por meio de acordos de colaboração, ’em que executivos
confirmaram a natureza dos repasses financeiros aos envolvidos com o objetivo
de praticar a lavagem dos capitais’.
De acordo com a Procuradoria, Rodrigo
Tacla Duran foi responsável por lavar dezenas de milhões de reais por
intermédio de pessoas jurídicas por ele controladas.
“Diversos envolvidos no caso valeram-se
dessas empresas a fim de gerar recursos para realizar pagamentos de propina,
como a UTC Engenharia e a Mendes Júnior Trading Engenharia, que repassaram,
respectivamente, R$ 9.104.000,00 e R$ 25,5 milhões ao operador financeiro entre
2011 e 2013. No mesmo período, outras empresas contratadas pela administração
pública também realizaram depósitos de mais de R$ 18 milhões com o mesmo
destino”, aponta a nota do Ministério Público Federal.
A força-tarefa sustenta que ‘as
investigações também comprovaram que Adir Assad, por meio de transferências de
contas mantidas por suas empresas em território nacional, repassou R$
24.310.320,37 para Rodrigo Tacla Duran’. Empresas relacionadas a Ivan Orefice
Carratu, ligado a Rodrigo Duran, receberam de Adir Assad a quantia de R$
2.905.760,10, segundo a Procuradoria.
As equipes policiais estão cumprindo 18
ordens judiciais, sendo 16 mandados de busca e apreensão e 02 mandados de
prisão preventiva na Operação Dragão. Nota da PF informa que aproximadamente 90
policiais federais estão cumprindo as determinações judiciais em cidades dos
estados do Ceará, São Paulo e Paraná.
São apuradas as práticas, dentre outros
crimes, de corrupção, manutenção não declarada de valores no exterior e lavagem
de dinheiro.
O nome “dragão” dado à investigação
policial é uma referência aos registros na contabilidade de um dos investigados
que chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo
criminoso para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos
realizados no exterior.
Os registros são das planilhas do Setor
de Operações Estruturadas da Odebrecht, chamado por investigadores de
“departamento da propina”.
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