Força-tarefa do Ministério
Público Federal diz que substitutivo do projeto de lei 3636/2015 coloca em
risco maior investigação já realizada contra a corrupção no País
“O substitutivo implicaria na extinção de punibildiade dos crimes, ou seja, a anistia de todos os crimes ocorridos na Lava Jato que estejam no âmbito das empreiteiras”, adverte Carlos Lima.
Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Fausto
Macedo e Mateus Coutinho
O Estado de São Paulo
Os
procuradores da República que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato
alertaram nesta quarta-feira, 9, que um substitutivo do projeto de lei
3636/2015 coloca ’em risco’ a maior investigação já desfechada contra a
corrupção no País.
“Querem
enterrar a Lava Jato”, disse o procurador regional da República Carlos Fernando
dos Santos Lima, decano da força-tarefa.
Lima e
seus colegas convocaram a imprensa em Curitiba para anunciar o ‘repúdio à
tentativa de líderes partidários de votar em regime de urgência na Câmara dos
Deputados o projeto que altera a Lei de Organização Criminosa’.
O
substitutivo que inquieta os procuradores seria colocado em votação nesta
quarta-feira, em regime de urgência, na Câmara. A sessão foi adiada depois que
o Ministério Público Federal se manifestou contra a proposta.
Na
avaliação da força-tarefa da Lava Jato, na prática, se o texto for aprovado,
‘vai acabar com os acordos de leniência já fechados em todo o país e barraria
todos os outros’.
“O
substitutivo implicaria na extinção de punibildiade dos crimes, ou seja, a
anistia de todos os crimes ocorridos na Lava Jato que estejam no âmbito das
empreiteiras”, adverte Carlos Lima. “As empresas fazem acordo com órgãos do
Executivo e todos os crimes serão perdoados.”
“Repetem-se
aqui as tentativas do governo anterior de desfigurar a lei anti-corrupção,
caracterizando-se essa manobra em intervenção na investigação da Operação Lava
Jato e em outras dela decorrentes”, afirmam.
O
procurador Deltan Dalagnoll é taxativo. “Representaria uma anistia ampla para
toda empreiteira que fechar acordo com órgãos do Executivo.”
Segundo
os procuradores, a alteração na lei que define organização criminosa
‘implicaria numa mudança de todo o cenário de acordos com empreiteiras e,
consequentemente, de delações premiadas fechadas com executivos ligados a esses
grupos’.
“Não
teremos, efetivamente, uma Lava Jato”, prevê Carlos Lima.
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