A revista IstoÉ Dinheiro deste fim de semana traz
uma longa entrevista com o governador do Maranhão Flávio Dino. Em três páginas,
ele fala da crise nacional, da operação Lava Jato, de como o Maranhão tem
conseguido superar essa crise e confirma que será candidato à reeleição em
2018.
Sobre a crise fiscal nos Estados, o governador
diz que há uma questão estrutural do país, onde os governos são pressionados a
ampliar os serviços públicos, como hospitais, por conta das desigualdades históricas,
o que gera custo permanente de manutenção. Para ele, a crise econômica, que
amplia a violência urbana e gera impactos na segurança pública, é outro
complicador da situação, além de provocar desemprego.
O governador tece críticas à política
econômica do governo que prioriza o ajuste fiscal, com uma agenda monotemática.
“Não conheço nenhum país que consiga sair de um buraco desse tamanho, que é
econômico, político e institucional, com um samba de uma nota só”, diz Flávio
Dino.
Acrescenta que poderia haver redução de
juros, fazendo com que as taxas reais (descontada a inflação) parem de crescer.
“Você não pode fazer a inflação convergir para o centra da meta numa velocidade
tal que fique um monte de cadáveres no meio do caminho. É preciso mais
gradualismo na busca da meta”, acrescenta.
Para ele, além de levar a taxa de juros
é preciso abordar a questão da justiça tributária. “Não se trata de elevar a
carga tributária, mas, sim, de acabar com um sistema regressivo, que tributa
mais quem tem menos recursos”, destaca.
Flávio Dino defende o uso de parte das
reservas internacionais em investimento público. Para ele, gastar 5% (quase U$ 20 bilhões) em
grandes obras faria uma diferença tremenda para a economia sem prejudicar as
reservas.
Sobre a Lava Jato, o governador ressalta
que foi uma operação que começou corretamente e que cumpriu um papel importante
para o País na elucidação de problemas graves, sobretudo na Petrobras. No
entanto, o governador afirma que a operação enveredou por caminhos que levaram
ao questionamento agudo de atitudes, como as prisões preventivas usadas para
extrair delação premiada.
O governador afirma também que a
desfiguração do pacote anticorrupção pelo Congresso foi um efeito bumerangue. “Quando
um Poder vai exorbitando de um lado, a resposta vem do outro lado com outra
exorbitância. Isso acaba se voltando contra a razão de ser da operação Lava
Jato, que o combate à corrupção”, diz.
Para Dino, o que move a economia do
Maranhão é todo o complexo do agronegócio, incluindo a agricultura familiar, e
a logística, com papel fundamental do Porto do Itaqui. Ressalta que o lucro do
porto foi de R$ 68 milhões, em 2015, numa mostra de eficiência da gestão pública.
Sobre Fidel Castro, Flávio disse que foi
um ícone de um período de luta social, socialista, na América Latina,
constituindo-se em um grande estadista. “O que não significa dizer que é santo”,
ressalta.
Sobre a disputa pela presidência em
2018, Flávio Dino diz que a construção em curso passa por Lula. “Será a sua
própria candidatura ou com outra candidatura, mas passa por sua liderança”.
O governador confirma que será candidato
à reeleição em 2018. “Serei, se eu estiver vivo”, afirma.
Flávio Dino condenou a campanha
sistemática do sistema de comunicação da família Sarney contra seu governo. Ressalta
que há um combate feroz ao governo com um grupo de mídia bastante amplo, dando
a entender que isso é motivado pelo corte dos repasses de dinheiro públicos
para os cofres do sistema de comunicação da oligarquia.
“Nós temos uma visão que os recursos
públicos não são patrimônio de poucos e eles praticaram exatamente isso, o que
explica a concentração de riqueza no Maranhão e piores indicadores do País”,
conclui o governador.
Confira
a íntegra da entrevista
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