Leilões
deverão ocorrer a partir do primeiro semestre de 2018
Esgoto sem tratamento na Baixada Fluminense: cobertura restrita de saneamento e falta de recursos incentivaram estados a privatizarem serviço |
POR GLAUCE
CAVALCANTI
O Globo
RIO - O
programa de concessões em saneamento do governo federal, capitaneado pelo
BNDES, ganha fôlego neste início de 2017 com o anúncio de uma primeira onda de
licitações. Pelo menos oito estados que aderiram ao programa — ao todo são 18 —
vão dar partida à contratação dos estudos técnicos que definirão a modelagem
para conceder companhias públicas de saneamento à iniciativa privada.
O banco de
fomento já publicou aviso de licitação em sua página na internet para os
primeiros seis editais, referentes a Companhia Pernambucana de Saneamento
(Compesa), Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), Companhia de Saneamento
Ambiental do Maranhão (Caema), Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa),
Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) e Companhia de Saneamento de Alagoas
(Casal). O edital sai até o fim de março.
Dos seis
anunciados, apenas o Pará está formalmente aprovado pelo Conselho do Programa
de Parcerias de Investimento (PPI), do governo federal. Os outros dois também
já no PPI são Rondônia e Rio de Janeiro. O primeiro optou por fazer a
contratação direta da empresa que vai preparar o estudo do processo de
concessão da Companhia de Águas e Esgotos do Estado de Rondônia (Caerd),
informou o BNDES. Já no caso fluminense, o encaminhamento do processo da Cedae
depende da conclusão do acordo de socorro financeiro ao estado, ainda em
discussão com o governo federal.
Os primeiros
leilões para concessão de companhias de saneamento devem ocorrer no primeiro
semestre de 2018, cumprindo o calendário estabelecido pelo PPI em outubro
último. As estimativas são relativas aos processos de Cedae, Caerd (RO) e
Cosanpa (PA), cujos editais estão previstos para serem lançados no segundo
semestre deste ano.
CRONOGRAMA DO PPI EM DIA
“O cronograma
dos projetos está mantido e vem sendo estritamente observado”, confirmou o PPI
por meio de nota. Explicou ainda que não é necessária a aprovação dos estados
pelo Programa nesta fase de contratação dos estudos técnicos de modelagem das
concessões. “Os projetos de saneamento constantes do PPI foram incluídos como
sinalização e a pedido do BNDES. O banco é o responsável pela maturação dos
projetos até o momento em que possam ser entregues à força-tarefa do PPI para
as medidas relativas à concessão”, acrescenta a nota.
O BNDES mantém
os esforços para engordar a adesão ao programa de saneamento. Na segunda-feira,
a presidente do banco, Maria Silvia Bastos Marques, vai se reunir com membros
da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), no Rio.
Os
interessados em participar da licitação para contratação dos projetos para as
seis companhias estaduais listadas pelo BNDES devem se inscrever no processo de
pré-qualificação até o próximo dia 23. Os participantes deverão atuar em consórcios
e, ao formular o estudo de um projeto, ficam impedidos de, posteriormente,
disputar a concessão daquele ativo.
A regra,
avalia Renato Sucupira, sócio da consultoria BF Capital, representa um grande
avanço em processos públicos de concessão:
— O estudo
técnico não se encerra no modelo de licitação da companhia. Ele funciona também
para assessorar todo o processo de concessão. A empresa responsável deve
acompanhar todo o trâmite. Com essa regra, acabam os questionamentos que
poderiam surgir em processos em que uma mesma empresa assina o estudo e vence o
leilão.
O cronograma
do PPI, continua ele, é factível, podendo ser cumprido:
— Há
complexidade na elaboração dos estudos, fase que pode se estender até o fim
deste ano. Depois, virá o edital, que, também pela regra do Programa, ficará
aberto aos investidores interessados pelo período de cem dias. Acredito que até
o fim do primeiro semestre de 2018 seria possível iniciar as concessões, mas
isso pedirá agilidade do governo.
Em 2015, o
Brasil chegou a 83,3% de atendimento em água. Em coleta de esgoto, porém, a
cobertura é de 50,3%, e em tratamento, de apenas 42,7%, segundo dados do
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), do Ministério das
Cidades e compilados pela consultoria GO Associados. Para atingir a meta de
universalização dos serviços de saneamento até 2033, como estabelecido no Plano
Nacional de Saneamento Básico (Plansab), seria preciso investir R$ 20 bilhões
por ano até lá, calcula a GO.
Em dezembro, a
Caerd anunciou a escolha da Bain Brasil, em parceria com o escritório Lacaz
Martins, Pereira Neto, Gurevich & Schoueri Advogados e a Conen, consultoria
em engenharia, para realizar o estudo técnico de viabilidade para conceder os
serviços de água e esgoto nos municípios atendidos pela companhia de
saneamento. O edital de chamamento público foi lançado em outubro. Consultada,
a Bain não pôde responder até o fechamento da edição.
O caso da
Cedae está em suspenso até que o acordo de socorro financeiro do governo federal
ao Estado do Rio seja fechado. Entregar as ações da companhia à União é
condição para que a ajuda ao governo fluminense, afirma uma fonte próxima às
negociações. A Cedae seria então concedida à iniciativa, privada em processo
capitaneado pelo BNDES. O banco informou que acompanha as discussões e se
manifestará quando houver algo de concreto.
CEDAE ainda sem plano definido
Em agosto de
2016, o BNDES apresentou proposta de subconcessão da Cedae ao governo do Rio,
mantendo a companhia como produtora de água. A ideia era dividir o estado em
quatro áreas de concessão em distribuição de água, coleta e tratamento de
esgoto. Uma delas seria o Rio, que ajudaria a subsidiar as demais.
Na época, o
secretário executivo do PPI, Moreira Franco, afirmou que a concessão da Cedae
poderia gerar uma receita adicional de R$ 1,5 bilhão aos cofres do governo
fluminense no ato da assinatura dos contratos. Mas o estado não quis abrir mão
dos serviços na capital.
Posição do Governo do Maranhão
Em relação às informações divulgadas por O Globo, o blog buscou posicionamento do governo do Maranhão, já que a Caema figura entre as empresas de saneamento em vias de privatização.
Segundo o Secretário de Estado de Comunicação e Assuntos Políticos, Márcio Jerry, o BNDES propôs e todos os estados concordaram que sejam realizados estudos para nova modelagem do setor. Segundo ele, não há acordo prévio que seja necessariamente para privatizar, opção de alguns estados, mas não a do Estado do Maranhão.
"Primeiro os estudos, depois a decisão sobre o modelo a ser adotado. Muita água vai rolar até cada estado da federação definir seu modelo", ressalta o secretário.
Posição do Governo do Maranhão
Em relação às informações divulgadas por O Globo, o blog buscou posicionamento do governo do Maranhão, já que a Caema figura entre as empresas de saneamento em vias de privatização.
Segundo o Secretário de Estado de Comunicação e Assuntos Políticos, Márcio Jerry, o BNDES propôs e todos os estados concordaram que sejam realizados estudos para nova modelagem do setor. Segundo ele, não há acordo prévio que seja necessariamente para privatizar, opção de alguns estados, mas não a do Estado do Maranhão.
"Primeiro os estudos, depois a decisão sobre o modelo a ser adotado. Muita água vai rolar até cada estado da federação definir seu modelo", ressalta o secretário.
Privatização só vai resultar em aumento de tarifa. Privatização não !
ResponderExcluir