Comerciante Rodrigo
Silva também disse a VEJA que foi convidado para a fatídica viagem a Paraty e
que só não foi porque havia brigado com a namorada
Por Eduardo
Gonçalves
Veja
Uma briga fez
com que o comerciante Rodrigo Silva, de 38 anos, não estivesse a bordo do
bimotor PR-SOM que caiu em Paraty, litoral do Rio de Janeiro, na última
quinta-feira. Entre as vítimas do trágico acidente estava a sua namorada, Maíra
Panas, a mãe dela, Maria Hilda, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal
Federal (STF), o empresário Carlos Alberto Filgueiras (dono do avião) e o
piloto Osmar Rodrigues.
Incomodado com
os boatos maldosos que circularam nas redes sociais de que Maíra fosse acompanhante
de luxo, Silva disse a VEJA que ele também havia sido convidado para a viagem.
E que só não foi porque se desentendera com Maíra dias antes. “Uma briga salvou
a minha vida. Fizemos um ano de namoro na semana da morte dela”.
Um dia antes
do acidente aéreo, Maíra escreveu uma carta (veja abaixo) de reconciliação para
Rodrigo, que havia saído de casa por causa das discussões. Quando soube das
primeiras informações de que ela poderia estar no avião, ele começou a ligar
para o celular dela. Depois, correu para o apartamento e encontrou a carta em
cima da mesa da sala. “Para lembrarmos daqui alguns meses. Para sempre eu e
você. Na tristeza, nos pesares, nas alegrias ou conquistas, precisamos nos
lembrar mais, mandar cartas como fazíamos antigamente. Bem vindo à nossa casa,
nosso lar, hoje 18/1/201…, é só nosso começo, lindo meu”, dizia o texto.
Rodrigo e
Maíra moravam juntos há um ano na Vila Mariana, em São Paulo, e tinham planos
de montar uma clínica de massoterapia — ela estava no segundo semestre do curso
de fisioterapia. Nos últimos meses, ela conciliava a faculdade com aula de
dança para crianças, a venda de sucos detox e as massagens. Atendia a maioria
dos clientes em uma sala alugada pelo casal, mas também fazia atendimentos
particulares, como no caso de Filgueiras, dono do luxuoso Hotel Emiliano.
Segundo Rodrigo, Maíra havia sido a única que conseguira tirar a dor na coluna
do empresário. Confira trechos da entrevista.
Pode explicar melhor a história dessa
carta?
Nós tínhamos
brigado feio e resolvi passar uns dias na casa da minha mãe por conta da minha
filha, que mora no interior. Quando cheguei em casa para ter notícias dela,
porque já havia ouvido sobre o acidente, encontrei a carta em cima da mesa da
sala. Ela estava embaixo de um peso — ainda a rasguei quando puxei. Fizemos um
ano [de relacionamento] na semana da morte dela. Estou muito triste e arrasado.
É como se ela soubesse o que aconteceria…. ela disse “na tristeza e nos
pesares”…
Você também devia estar no avião? Como
assim?
Sim. Essa
viagem estava marcada desde novembro. Iria ela, eu e alguns amigos do Carlos
Alberto [Filgueiras]. Só não fomos antes por causa da agenda apertada dele. A
Maíra era uma pessoa muito cativante que conquistava as pessoas. Ela fez uma
grande amizade com o Carlos Alberto porque tinha sido a única a tirar as dores
que ele tinha. Segundo ele próprio contou, tinha uma fisioterapeuta que tentava
há dois dois anos tirar as dores, algo que a Maíra conseguiu em dois meses. Ela
sempre o atendia, e ele o convidou para ir a Paraty. Ela, então, disse que não
poderia ir sozinha, pois namorava. O Carlos Alberto autorizou me levar, mas
queria me conhecer antes. Em novembro, eu o conheci em um jantar em seu
apartamento. Era uma pessoa muita humilde e gentil e tinha um grande apreço por
ela. Soube também que ele tratava muito bem os funcionários, oferecendo,
inclusive, um almoço por ano em seu apartamento. Por mais que ela tivesse uma
imensa amizade com o Carlos, jamais viajaria sozinha com ele. Ou iria comigo ou
com a mãe. Eu só não fui porque brigamos feio uns dias antes. Agora penso que
essa briga pode ter salvado minha vida. Será que, se eu tivesse morrido também,
a história seria diferente, não teria tanta especulação?”
Brigaram por quê?
Por coisas
bobas. Sou ciumento. Ela também. Ela era ainda muito nova [24 anos], eu nem
tanto. Eram brigas frequentes, mas sempre voltávamos atrás e ficávamos bem. O
nosso amor era muito intenso.
Sabe como ela conheceu o Carlos Alberto
Filgueiras?
Eles se
conheceram há uns 6, 7 meses por indicação de um amigo dele que era cliente
dela. Eu tinha montado uma sala de massoterapia para ela em casa. Uma ressalva:
é preciso tirar esse estigma de que massagem tem a ver com putaria… Isso não é
verdade. São profissionais super sérios. Pessoas que praticam massoterapia são
habilitadas em vários tipos de massagem — shiatsu, modeladora, quik, sueca,
quiropraxia e outras mais. Ela havia feito um curso de masso com um massagista
famoso do Spa Blue Garden. Ela também tinha entrado na faculdade de
fisioterapia por ter ligação com a massoterapia. Para complementar a renda, nós
também vendíamos sucos detox que produzíamos. O Carlos também era cliente dela
nisso.
Ela também dava aulas de dança, não?
Sim, dança era
a paixão da vida dela. Dançava desde os 16 anos. E tinha montado a primeira
escola de dança da cidade dela [Juína, no interior do Mato Grosso]. Depois,
veio para São Paulo para conseguir melhores oportunidades na dança. Só que ela
teve uma lesão no pé, o que atrapalhou a carreira dela como dançarina. Um
médico indicou a massagem. Ela melhorou e acabou se interessando e se
especializando nisso depois.
Vocês tinham planos para o futuro?
Tínhamos
planos de montar uma clínica. Ela já tinha muitos clientes, desde pessoas com
problemas de lesões até outros com doenças graves. Ela era muito boa no que
fazia. Ela queria que eu fizesse o curso [de massagem] também e pensávamos em
montar uma clínica assim que ela terminasse o segundo semestre da faculdade.
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