Operadores
entregam planilhas com repasses a ‘representante’ de Lobão
Jorge
Luz e seu filho Bruno Luz revelaram à Polícia Federal, no inquérito da Operação
Abate, pagamentos ao senador do PMDB via Murilo Barbosa Sobrinho
Luiz
Vassallo
O
Estado de São Paulo
Em depoimento à Polícia Federal no
âmbito da Operação Abate, 44.ª fase da Lava Jato, os operadores de propinas
Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho, revelaram pagamentos a um representante do
senador Edison Lobão (PMDB-MA) no âmbito de contrato entre a Petrobrás e a
empresa americana Sargeant Marine. Os Luz entregaram uma planilha em que a soma
dos valores que envolveram o ministro e seu representante na estatal chega aos
US$ 450 mil. Segundo eles, os repasses eram feitos a Murilo Barbosa Sobrinho,
ligado ao peemedebista.
As declarações foram feitas no âmbito de
investigações sobre termo firmado para o fornecimento de asfalto à estatal que
teria rendido supostas propinas de US$ 500 mil ao ex-líder dos governos Lula e
Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza (ex-PT/SP). Os lobistas confessaram ter
intermediado o negócio, além de operacionalizar repasses a um representante de
Lobão e ao ex-deputado.
O negócio da Sargeant Marine com a
Petrobrás culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor
de aproximadamente US$ 180 milhões. A empresa fornecia asfalto para a estatal e
foi citada na delação do ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto
Costa.
Em depoimento, Jorge Luz afirmou ter
sido procurado pelo executivo Luiz Eduardo Loureiro Andrade, o Ledu, da
Sargeant Marine, que teria relatado dificuldades para obter contratos junto à
Petrobrás. Segundo Luz, o executivo teria dito a ele que a empresa fornecia até mesmo asfalto para a Asphaltos,
que era a então contratada pela Petrobrás.
De acordo com o operador, o ex-diretor
de Abastecimento da Petrobrás Paulo
Roberto Costa disse que, no âmbito do fornecimento de asfalto, tinha um
pendência com o Partido Progressista, mas que Luz poderia ‘apadrinhar
politicamente o assunto’.
Segundo pai e filho, que confessaram
operar propinas em esquemas da Petrobrás, o ministro era padrinho político do
ex-gerente da BR distribuidora Raimundo Brandão Pereira. Já Murilo Barbosa
Sobrinho, ligado a Edson Lobão recebeu propinas oriundas dos contratos, de
acordo com os operadores.
Jorge Luz ainda relata que a ascensão do
ex-gerente Marcio Aché na Petrobrás se deve ao suposto representante do
peemedebista.
Além de Vaccarezza, Jorge afirmou que o
negócio contava contou com o apoio político de Edison Lobão.
O operador afirmou ‘que em relação aos
executivos da Sargeant Marine, recorda-se de jantar ocorrido em sua residência
com a presença de Harry e Dan Sargeant, no qual restou claro que os executivos
ficaram a par de que Paulo Roberto Costa, então Diretor da Petrobras, seria
remunerado e que o negócio contava com o apoio político de Cândido Vaccarezza;
que apesar de desconhecer o cenário político do Brasil, os executivos tinham
conhecimento de que esta era a regra do jogo’.
Já Bruno Luz relatou que na medida em
que Edison Lobão passou a ter representação nos assuntos’ entre a estatal e a
Sargeant Marine, ‘houve reclamação das demais pessoas do grupo’ envolvido na
intervenção no âmbito do fornecimento de cimento, ‘uma vez que a operação já
contava com apoio de Paulo Roberto Costa; que, nada obstante, a entrada de
Lobão foi imposição de Márcio Aché como uma espécie de “seguro” para que não
houvesse futuros problemas nos contratos; que Murilo efetivamente participou de
algumas reuniões e até recebeu dinheiro da operação; que Luiz Eduardo Loureiro
ANdrade e Márcio Aché atuavam nos repasses de recursos a Murilo; que acreditava
que eles indicavam contas no exterior para esse fim’.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ANTÔNIO
CARLOS DE ALMEIDA CASTRO KAKAY, QUE DEFENDE LOBÃO
“O senador não conhece nem pai nem
filho, nunca ouviu falar nesta empresa que eles citam e não tem nenhum tipo de
relação e nunca esteve pessoalmente com eles – salvo se participaram de alguma
audiência pública. E, sobre a outra
pessoa [Murilo], ele conhece, tem um relacionamento pessoal, mas nunca
participou de campanha de arrecadação para ele.”
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