Mulher
do desembargador Eduardo Gallo, do TJ-SC, relata casos de agressões e cárcere
privado
‘Ele
sacode meu corpo, bate a minha cabeça na mesa, me tranca no apartamento’, diz a
mulher
Luiz Vassallo
O Estado de São Paulo
Acusado de cobrar R$ 700 mil em troca de
uma decisão judicial, o desembargador da 1.ª Câmara Civil de Santa Catarina
Eduardo Gallo de Mattos é investigado por violência contra a ex-mulher, Liliane
Mello, e foi alvo de boletim de ocorrência de tentar agredir uma outra mulher,
em uma briga de trânsito em Florianópolis. Um dos casos foi arquivado pelo
Conselho Nacional de Justiça e o outro continua sob investigação do colegiado,
que também já abriu processo para apurar o suposto pedido de propinas
denunciado na última quinta-feira, 3, pelo advogado Felisberto Odilon Córdova.
Córdova acusou o desembargador, que
integra os quadros do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, de cobrar propinas
de R$ 700 mil para julgar favoravelmente uma ação na 1.ª Câmara de Direito
Civil. O advogado disse na sessão de quinta-feira, 3, que ‘o julgamento aqui é
comprado’, e ainda chamou o magistrado de ‘safado’ e ‘vagabundo’.
O juiz pediu ao presidente da Câmara a
prisão do defensor, que não foi concedida. O caso está sob apuração do Conselho
Nacional de Justiça.
Além da denúncia, feita em meio à sessão
da Corte, Gallo é alvo de outra investigação, que envolve sua ex-mulher,
Liliane Mello, que prestou queixa no dia 26 de fevereiro deste ano no 6.º
Distrito Policial da Mulher, em Florianópolis.
“Relata
a vitima que está morando com o autor em torno de dois anos, que autor é
agressivo, neste periodo muitas vezes lhe deixou trancada no apto onde moram,
que é de sua propriedade, geralmente pega em seu braço e sacode seu corpo, fala
várias palavras de baixo calão, que na data acima mais uma vez pegou em seus
braços, balançava seu corpo, que está com lesão nos dois braços, e um galo na
cabeça, pois o autor ao pegar em seu braço, e lhe empurrar bateu com sua cabeça
em uma mesa de mármore, que estas agressões de segurar seu braço é em
decorrência de sua agressividade, ao tentar a vitima fugir do apto para pedir
socorro, que neste ultimo fato só conseguiu sair da casa hoje pela manhã, que
este fato de lhe agredir pegando seu braço aconteceu ontem em torno de vinte e
uma hora, que neste ultimo fato entraram em vias de fato e o autor esta
lesionado também, pela tentativa da vitima tentar se livrar do agressor”,
consta no Boletim de Ocorrência.
A suposta agressão à ex-mulher continua
sob investigação. Liliane também moveu uma ação de danos morais contra o juiz.
Gallo compartilhou, em suas redes sociais, um vídeo em que aparece nu, diante
do espelho, e alega ter sido agredido.
O caso foi encaminhado ao Conselho
Nacional de Justiça. Segundo os autos do processo, ‘após discussão com sua companheira,
gravou imagens feitas com celular, nu, defronte ao espelho, em registro às
supostas agressões sofridas’. “Não bastasse, compartilhou o vídeo com
terceiros”.
A Corregedoria-Geral de Justiça do
Estado de Santa Catarina anexou documentos da Delegacia de Proteção à Criança,
Adolescente, Mulher e Idoso da Capital. De acordo com o relator do caso, João
Otávio Noronha, ‘Uma vez que os fatos apresentam indícios de prática pelo
reclamado de suposto crime de lesão corporal, foi reaberta a reclamação disciplinar
em comento e o reclamado cientificado para prestar novos esclarecimento’. O
caso aguarda decisão do CNJ.
Em boletim de ocorrência registrado
também na 6.ª Delegacia de Polícia de Florianópolis, o desembargador é acusado
de agredir uma mulher após um acidente de trânsito na capital catarinense.
A mulher que o denunciou à Polícia Civil
alegou, em agosto de 2016, que estava na Avenida Mauro Ramos, em Florianópolis,
quando e, com o semáforo fechado, parou em frente ao carro do desembargador,
que teria acelerado e batido em seu veículo.
Ela afirmou às autoridades que avisou ao
desembargador que bateu em seu carro ‘ao tempo em que este respondeu: “Tá e
daí!, não suporto esse povinho atravessando na minha frente” e, “E eu sou
desembargador, pra mim não dá nada!”.
A mulher ainda afirmou à Polícia Civil
que começou a tirar fotos do veículo do juiz e que o desembargador desceu do
carro dizendo: “Toma cuidado que eu sei onde te achar”.
A autora do boletim de ocorrência conclui
afirmando que o juiz ‘desceu de seu veículo descontrolado, começou a socar o
carro’ dela; ‘que o vidro do veículo estava entreaberto; que Eduardo tentava
alcançar o pescoço’ dela ‘através do vidro’.
A mulher apontou testemunhas no Boletim
de Ocorrência. Segundo ela, populares interviram na situação e afastaram o
desembargador, que fugiu antes da polícia militar, acionada, chegar ao local.
O caso foi arquivado pelo Conselho
Nacional de Justiça ‘diante da inexistência de indícios de violação específica
de dever funcional por parte do magistrado reclamado’.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO NILTON JOÃO DE
MACEDO MACHADO, QUE DEFENDE O ADVOGADO EDUARDO GALLO
O advogado Nilton João de Macedo Machado
reiterou que a ação sobre a suposta briga de trânsito foi arquivada no CNJ.
Segundo o defensor, após a briga
envolvendo a ex-mulher, o magistrado teria ligado para ele e dito que apanhou
da ex-mulher.
O caso teria ocorrido em um fim de
semana de carnaval, quando o Instituto de Perícia do Estado estava fechado, e,
por isso, o advogado relata ter aconselhado seu cliente a gravar um vídeo em
função de sua defesa, já que a Liliane o acusara de agressões. Segundo o
defensor, Gallo, que não tinha a intenção de publicar as imagens, acabou
repassando o vídeo a um amigo, que o divulgou nas redes sociais.
Ainda de acordo com o defensor, o juiz
teve uma costela quebrada, além de hematomas, segundo teria atestado
posteriormente o Instituto de Perícia de Santa Catarina.
A respeito das acusações do advogado
Felisberto Odilon, o defensor afirmou que ele não apresentou provas do que
afirmou no Tribunal.
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