WÁLTER NUNES
DE SÃO PAULO
Em depoimento à Justiça nesta sexta
(15), em São Paulo, o empresário Joesley Batista, sócio da JBS, disse que está
sendo punido por ter confrontado "os donos do poder".
"Fui mexer com os donos do poder e
estou aqui agora. Estou pagando por isso", disse o empresário.
Ele chamou de "covardia" a
rescisão de seu acordo de delação premiada pelo procurador-geral da República,
Rodrigo Janot.
Os benefícios concedidos ao sócio da
JBS, como a imunidade penal pelos crimes que denunciou, foram cancelados na
quinta (14), junto com a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) que o
procurador encaminhou ao STF (Supremo Tribunal Federal). O cancelamento ainda
tem de ser chancelado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF.
"O procurador foi muito questionado
pela nossa imunidade. Um ato de covardia por parte dele, depois de tudo que
fizemos, das provas que entregamos", afirmou Joesley.
Ao final da audiência, o juiz federal
João Batista Gonçalves decidiu manter a prisão preventiva que determinou na
terça (13). Como justificativa, citou o risco do empresário deixar o país, por
conta dos recursos de que dispõe para se deslocar para viajar ao exterior.
Ele também decidiu que Joesley será
mantido sob custódia da Polícia Federal.
Joesley e seu irmão, Wesley Batista,
foram alvos de um mandado de prisão na quarta (13) pela Operação Tendão de
Aquiles, a pedido da Justiça Federal de São Paulo. Eles são investigados por
terem supostamente usado informações sigilosas de sua delação premiada para
lucrar no mercado de capitais, vendendo ações e fazendo reservas de dólares
antes de a delação vir a público.
O empresário negou as acusações:
"Não houve 'insider trading' [apelido do crime pelo qual é acusado].
Vendemos ações por um único motivo de necessidade de caixa".
Ele disse, também, que os bancos têm
restringido crédito, sem renová-los, e que neste ano os dividendos de seu grupo
empresarial ficaram abaixo da expectativa.
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