A
delegada responsável pela autuação disse que lamentou a soltura, mas que teve
que seguir o que determina a lei. Caso será investigado pela delegacia da
mulher.
Por Gilcilene Araújo e Maria
Romero, G1 PI
A estudante Karinny Beatriz, 21 anos,
contou ao G1 que passou por momentos de desespero ao ser agredida pelo
ex-companheiro em Teresina, na sexta-feira (10). O que mais revoltou a vítima é
que o homem foi preso, mas ganhou liberdade após pagamento de fiança e publicou
no Facebook que estava "livre leve e solto". A delegada Syglia
Samuelle de Brito disse que também lamentou a soltura, mas que teve que seguir
o que determina a lei.
Karinny contou que manteve um
relacionamento com o homem por oito meses e há dois meses os dois moravam
juntos, mas por conta dos ciúmes do companheiro, ela decidiu terminar. Sem
aceitar a decisão, ela disse que ele quebrou parte da mobília da casa e ainda
cortou a mangueira do botijão de gás pra tentar atear fogo na casa.
"Ele tentou incendiar a casa, mas
eu fui mais rápida e consegui fechar o registro do botijão. Depois disso ele
pegou um facão e bateu em mim. Tenho cortes no punho, no braço e no pescoço.
Naquele momento em pensei que ele iria me matar”, relatou ela ao G1.
Ela contou que o episódio aconteceu
depois que ela sofreu um acidente de moto e ele prometeu, no hospital diante da
mãe de Karinny, que cuidaria dela. Ao chegar em casa, as agressões aconteceram.
A vítima disse que sobreviveu graças à ajuda de vizinhos que ouviram gritos e
acionaram a polícia. O suspeito foi preso, levado para a Central de Flagrantes
onde foi registrado boletim de ocorrência e ele colocado em liberdade. No dia
seguinte, ele fez a publicação em seu perfil no Facebook.
"Eu só quero justiça, que ele pague
pelo que ele fez comigo, porque além da postagem, quando ele me batia e eu
pedia socorro ele dizia que eu poderia chamar a polícia, que ele seria preso
mas ficaria por pouco tempo, porque a mãe tem dinheiro e ele ficaria
solto", declarou Karinny.
Delegada
também lamentou soltura
A delegada Syglia Samuelle informou ao
G1 que também lamentou a situação, mas que teve que seguir o que determina a
lei. Segundo ela, o caso não era simples e ela teve que arbitrar a fiança, que
foi paga pelo suspeito.
De acordo com ela, o acidente sofrido
pela vítima horas antes não permitiu diferenciar as lesões da queda de moto
daquelas causadas pelas agressões. Além disso, o suspeito também estava ferido,
com um grande corte no rosto que a vítima confirmou ter causado, em legítima
defesa. A delegada disse ainda que não havia testemunhas das agressões e que o
homem era réu primário, além de os crimes somarem uma pena inferior a quatro
anos de prisão. Tudo isso, segundo ela, permite que ele responda pelo crime em liberdade.
"Infelizmente não posso agir com a
emoção. Eu sempre tento ao máximo ajudar a vítima, mas nesse caso ela havia
caído de moto poucas horas antes e não era possível dizer quais lesões eram do
acidente, porque não havia laudo do hospital. Eu como ser humano não queria
arbitrar fiança, mas como profissional eu tinha que fazer isso. Eu levo de duas
a três horas para fazer um flagrante, também lamento a pessoa sair pela porta
da frente, mas não tinha como ser diferente", afirmou a delegada.
Hoje, a jovem registrou boletim de
ocorrência contra o ex-companheiro e o caso será investigado, o que determinará
um possível pedido de prisão do suspeito. O G1 entrou em contato com o Batalhão
da PM que atendeu o caso, mas ainda não obteve resposta.
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