Dois jornalistas
foram assassinados esta semana no Brasil em um intervalo de pouco mais de 24
horas: Ueliton Brizon, com quatro tiros, em Cacoal, Rondônia, na manhã de terça-feira
(16); e Jefferson Pureza, com três tiros na cabeça, em Edealina,
Goiás, na noite de quarta (17).
A equipe da
Abraji deu início à apuração dos dois casos no âmbito do Programa Tim Lopes,
lançado em junho do ano passado. A iniciativa, financiada pela Open Society
Foundations, tem por objetivo esgotar a apuração de casos de homicídio,
sequestro ou tentativa de homicídio e sequestro contra comunicadores.
Rondônia
Ueliton Brizon
foi assassinado na manhã de terça-feira (16.jan.2018) em Cacoal, a 479km de
Porto Velho, Rondônia. O profissional era proprietário e editor do Jornal de
Rondônia, e também presidente municipal do Partido Humanista da Solidariedade
(PHS) e suplente de vereador na Câmara de Cacoal.
O jornalista
estava acompanhado de sua esposa em uma motocicleta e foi atingido por 4 tiros
disparados por outro motociclista. Brizon, de 35 anos, foi socorrido com vida,
mas morreu ao dar entrada no hospital. Segundo a Polícia Civil de Cacoal, as
investigações sobre o assassinato estão no início e nenhuma hipótese é
descartada.
Goiás
O radialista
Jefferson Pureza foi assassinado na noite de quarta-feira (17) em Edealina, a
153km de Goiânia. O jornalista apresentava o programa “A Voz do Povo”, na rádio
local Beira Rio FM. Nele, Pureza cobria irregularidades e fazia críticas
políticas, especialmente em relação à gestão do atual prefeito, Winicius
Arantes de Miranda, segundo a diretora e o produtor da rádio.
O jornalista
estava deitado na garagem de sua casa quando dois homens em uma moto o
atingiram com 3 tiros na cabeça. Sua sogra e sua namorada, que está grávida de
4 meses, estavam dentro da casa e não foram atingidas. O caso está sendo
investigado pela Polícia Civil da cidade vizinha, Edeia, e o delegado
responsável, Queops Barreto, só se pronunciará em nota oficial.
A Abraji
conversou com Miguel Novaes Filho, presidente do Sindicom-GO, com Cristina
Leandro, diretora da rádio e candidata derrotada na disputa pela prefeitura em
2016, e com Marlon da Costa, produtor da rádio e amigo pessoal de Pureza. Todos
eles estão convictos de que o assassinato do radialista tem relação com a sua
atividade. Segundo Novaes Filho, Pureza já havia comunicado formalmente à
polícia estar sofrendo ameaças de morte com frequência.
A rádio Beira
Rio FM estava fechada desde novembro do ano passado, quando sua sede foi
incendiada pela segunda vez. O incêndio destruiu toda a estrutura da emissora,
e a polícia ainda não concluiu o inquérito que apura suas causas. A rádio voltaria
a funcionar em cerca de quinze dias, segundo Cristina Leandro, quando a reforma
de sua nova sede seria concluída. A diretora ainda não sabe se retomará as
atividades do veículo.
A Abraji condena
os dois assassinatos. Há indícios de que ambas mortes estão ligadas ao
exercício da profissão, o que faz dos crimes atentados à liberdade de imprensa.
Os governos de Rondônia e Goiás precisam dar resposta enérgica e mobilizar
autoridades para investigar os homicídios o mais rápido possível. A impunidade
em crimes contra comunicadores é a senha para novos ataques e representa o
início de um círculo vicioso de auto-censura. Esclarecer esses crimes é
posicionar-se em favor da liberdade de expressão e da democracia.
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