Um grupo de mais de mil advogados e
juristas, entre eles ex-ministros, magistrados, procuradores, professores de
direito e expoentes do universo jurídico brasileiro assinaram um manifesto em
defesa da candidatura à Presidência, nas eleições 2018, de Fernando Haddad
(PT), que será apresentado em um ato na quinta-feira, 18.
Eles argumentam que em um momento de
"ameaça à democracia" setores da sociedade devem colocar de lado
diferenças pontuais em nome de um interesse maior.
"Pensamos diferentemente sobre
tantos temas. Temos crenças, valores, ideias sobre tantos assuntos, mas em
alguns pontos chegamos no mesmo lugar e isto é inegociável", diz o texto.
O documento é assinado pelos
ex-ministros da Justiça José Carlos Dias (governo Fernando Henrique Cardozo),
Eugenio Aragão, José Eduardo Cardozo e Tarso Genro (governos Luiz Inácio Lula
da Silva e Dilma Rousseff), o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Sepúlveda Pertence (advogado de Lula na Lava Jato), o ex-presidente da OAB
Marcelo Lavenère Machado, o ex-procurador-geral de Justiça Antônio Carlos
Biscaia e os advogados Pedro Dallari, Belisário dos Santos Jr, Celso Antônio
Bandeira de Mello, Dalmo de Abreu Dallari, Pedro Serrano e Marco Aurélio de
Carvalho (coordenador Jurídico do PT).
Sem citar nominalmente o candidato Jair
Bolsonaro (PSL) eles justificam o apoio a Haddad dizendo ser contra a
"violência física ou simbólica".
"Por isso, nós juristas e demais
profissionais subscritores do presente manifesto, defensores da democracia e
radicalmente contrários a violência física ou simbólica como forma de reprimir
opiniões contrárias, declaramos apoio ao candidato à Presidência da República
Fernando Haddad, independentemente de eventuais diferenças programáticas, pelo
fato de ser o único, nesse segundo turno, capaz de garantir a continuidade do
regime democrático e dos direitos que lhe são inerentes, num ambiente de paz,
de tolerância e de garantia das liberdades públicas", diz o texto.
Leia a íntegra do manifesto:
"PELA
DEMOCRACIA, TODAS E TODOS COM HADDAD!
'O
que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons' (Martin Luther
King)
Todos os povos têm momentos de união em
torno de temas civilizatórios. A união se dá em torno de assuntos que
transcendem para além dos interesses individuais, corporativos e partidários.
Parece que no Brasil é chegado esse momento. Pensamos diferentemente sobre
tantos temas.
Temos crenças, valores, ideias sobre
tantos assuntos, mas em alguns pontos chegamos no mesmo lugar e isto é
inegociável. Este lugar, este ponto sobre o qual não discordamos, é algo
chamado democracia, que engloba a preservação daquilo pelo qual todos nós
lutamos há tantas décadas - a dignidade das pessoas, o respeito aos direitos
humanos e a justiça social.
Os avanços civilizatórios são como
degraus. Subimos um a um. Unimo-nos para ajudar a todos nessa subida.
Tolerância, solidariedade, direitos iguais e respeito às diferenças. É isso que
nos move e é o combustível de todos os povos e nações que vivem e convivem em
democracia. A democracia não existe sem pluralismo político, social e moral,
algo inevitável numa sociedade complexa como a nossa. A democracia só aceita
disputas entre adversários, não entre inimigos, só admite a política, não a
guerra, formas pacíficas de disputa, não violentas.
A democracia só existe limitada pelos
direitos dos indivíduos e das minorias, para que não se torne uma ditadura da
maioria. Democracia é a paz com voz! Neste momento difícil da história do
Brasil, nós, brasileiras e brasileiros de todos os credos, raças, etnias,
profissões, filiações políticas, orientações sexuais e de gênero, damo-nos as
mãos para pedir paz e, mais do que tudo, a preservação da democracia. Que
reflitamos para saber o que queremos para o futuro de nosso país.
Rejeitamos o rancor e a divisão entre
brasileiros. Temos a Constituição mais democrática do mundo, que diz que nosso
Brasil é uma República que visa a erradicar a pobreza, fazer justiça social,
reduzir desigualdades regionais, incentivar a cultura e promover a
solidariedade. Este é o nosso desejo neste momento de crise. O respeito às
leis, à Constituição e aquilo que não se pode tocar nem ver: a democracia.
Por isso, nós juristas e demais
profissionais subscritores do presente manifesto, defensores da democracia e
radicalmente contrários a violência física ou simbólica como forma de reprimir
opiniões contrárias, declaramos apoio ao candidato à Presidência da República
Fernando Haddad, independentemente de eventuais diferenças programáticas, pelo
fato de ser o único, nesse segundo turno, capaz de garantir a continuidade do
regime democrático e dos direitos que lhe são inerentes, num ambiente de paz,
de tolerância e de garantia das liberdades públicas."
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