O Comando Militar do Leste (CML) informou,
na manhã desta segunda-feira (8), que prendeu dez dos 12 militares ouvidos após
a ação do Exército que matou o músico Evaldo dos Santos Rosa em Guadalupe, na
Zona Norte do Rio, na véspera.
O carro onde estava o artista e a família
foi fuzilado com mais de 80 tiros. A Polícia Civil diz que "tudo
indica" que o veículo foi confundido com o de criminosos.
Em um boletim de ocorrência registrado na
30ª DP (Marechal Hermes), um motorista conta que foi assaltado por cinco homens
em um sedã branco por volta das 14h (meia hora antes do incidente) na própria
Estrada do Camboatá, perto do Piscinão de Deodoro.
Os militares foram ouvidos na Delegacia de
Polícia Judiciária Militar. O caso é investigado pelo Exército devido a uma lei
sancionada em 2017 pelo então presidente Michel Temer (MDB).
Inicialmente, o CML informou que os
agentes tinham respondido a "injusta agressão" de criminosos. Na
manhã desta segunda, o CML disse que identificou "inconsistências"
entre os fatos reportados pelos militares e informou que os agentes acabaram
afastados.
Criança
de 7 anos estava no carro
O automóvel de uma família foi atingido
por mais de 80 disparos, segundo perícia realizada pela Polícia Civil. As cinco
pessoas que estavam no carro iam para um chá de bebê: Evaldo, a esposa, o filho
de 7 anos, o sogro de Evaldo (padastro da esposa) e outra mulher.
Segundo o delegado Leonardo Salgado, da
Delegacia de Divisão de Homicídios da Polícia Civil, há fortes indícios de que
o carro foi confundido com o de criminosos. Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos,
morreu na hora.
O sogro dele, Sérgio, foi baleado nos
glúteos. Seu quadro era estável até a noite de domingo. A esposa, o filho de 7
anos e a amiga não se feriram. Um pedestre que passava no local também ficou
ferido ao tentar ajudar. Ainda não há informações sobre seu estado de saúde.
A Polícia Civil realizou a perícia no
local porque os militares tiveram dificuldade em realizá-la, segundo o
delegado, devido à revolta dos moradores que testemunharam o crime.
Investigação
do Exército
Uma lei de 2017, sancionada pelo
presidente Michel Temer, diz que crimes dolosos contra a vida, cometidos por
militares das Forças Armadas, serão investigados pela Justiça Militar da União,
se o crime acontecer nos seguintes contextos:
- do cumprimento de atribuições que lhes
forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da
Defesa;
- de ação que envolva a segurança de
instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou Ver
tópico
- de atividade de natureza militar, de
operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária
A perícia feita pela Polícia Civil e o
laudo de necropsia serão enviados ao Exército para que a investigação continue.
Polícia
Civil fez perícia
Leonardo Salgado, delegado da Divisão de
Homicídios da Polícia Civil, esteve no local para realizar a perícia. Ele disse
que havia indícios para uma prisão em flagrante.
"Foram diversos, diversos disparos de
arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares realmente confundiram o
veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não
foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente
era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares",
afirmou o delegado em entrevista à TV Globo.
Luciana
Nogueira, esposa do músico Evaldo dos Santos Rosa, morto no último domingo, 7
de abril de 2019, durante uma ação do Exército na região da Vila Militar, na
zona norte do Rio de Janeiro, se emociona ao falar com a imprensa na sua
chegada no Instituto Médico Legal (IML), no centro da cidade, na manhã desta
segunda-feira, 8.
Com
informações do G1
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