No Tocantins desde o final da tarde da
última quinta-feira, 1 de agosto, o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PC
do B, falou ao T1 Notícias com exclusividade sobre o avanço da política social
e econômica que desenvolve à frente do seu Estado e sobre crise social e ética
que se aprofunda no Brasil aos seis meses da gestão do presidente Jair
Bolsonaro (PSL).
Uma das vozes mais equilibradas à
esquerda, Dino foi alvo recente da irritação de Bolsonaro, num áudio vazado
antes de uma entrevista à imprensa, no qual o presidente diz: “daqueles governador de Paraíba, o do
Maranhão é o pior”, seguido da determinação ao Ministro Onyx Lorenzoni: “não é
para ter nada com aquele cara”
Reeleito para o segundo mandato no
primeiro turno, Flávio Dino sucede uma série de governos ligados ao
ex-presidente Sarney e está provocando uma verdadeira revolução nos índices
sociais e econômicos do Maranhão. Foi assim que a conversa começou.
Acompanhe a entrevista!
Governador, o Tocantins é um estado que
conta com a força de milhares de maranhenses que deixaram sua terra para vir
ajudar a construir Palmas e o Estado. As condições por lá já melhoraram?
“Quero saudar todos os maranhenses, filhos
de maranhenses que optaram por se vincular ao Estado do Tocantins. É motivo de
orgulho saber que além de naturalmente contribuir com o crescimento do
Maranhão, nossa população esteja ajudando no crescimento de outros estados, em
especial no Tocantins. E quero agradecer o Tocantins por acolher tantos
maranhenses. Uma série de razões levaram a esta mobilidade, entre elas os
fatores de ordem política. O Maranhão viveu durante décadas a lógica da
inércia. O que era mais visível era a paralização das atividades econômicas e
sociais”.
(…)
Diante de tantas declarações agressivas e
que atentam contra o Estado de Direito, por parte do presidente, como a que foi
feita ao presidente da OAB, para que rumo nosso Brasil está indo?
“Hoje vamos para um rumo errado. De um
lado não há o cuidado necessário às emergências reais da população,
marcadamente o desemprego, nós estamos a seis meses de um governo federal que
tem em suas mãos os principais instrumentos de política econômica(…) Em seis
meses é um governo que não fala de geração de emprego. Temos uma tênue retomada,
mas muito abaixo do que poderia e deveria ter sido feito, antes.
“Do ponto de vista da gestão política é um
pouco pior por que nós temos a consolidação orgulhosa de extremismos e
sectarismos. É algo inédito na vida política brasileira. É uma extrema direita
violenta, pelo menos no ponto de vista simbólico, que busca estigmatizar,
perseguir, agredir, o tempo inteiro.
Se as vítimas do presidente fossemos eu e
o presidente Felipe Santa Cruz eu não estaria tão incomodado, por que faz parte
do processo democrático, contradições… o que me incomoda é que não somos só
nós”.
(…)
E qual a solução para conter esse avanço
do autoritarismo?
Precisamos ter uma atitude de moderação,
de bom senso, de manutenção da civilidade democrática, mas ao mesmo tempo não
transigir com esse tipo de coisa, por que eu sei onde leva esta escalada
facista. A história ensina para onde ela leva.
Se você não tiver vozes firmes se
levantando e se opondo você vai naturalizando o absurdo. Ou usando a linguagem
clássica de Hana Arendt, você está banalizando o mal.
É uma coisa que o Brasil nunca viu. Basta
olhar as declarações do presidente Fernando Henrique Cardoso, que a essas
alturas é insuspeito de ser comunista. Um homem do centro político e ele está
chamando a atenção para isto. Há setores mais amplos da esquerda que estão
chamando a atenção para isto. E nesse conjunto eu me insiro com muita incisividade.
Como isso pode ser corrigido?
Eu acho que o rumo deve ser corrigido e
tenho muita esperança que esta correção se dará através destes mecanismos de
controle, a exemplo do Congresso Nacional, Judiciário, Ministério Público.
Essas instâncias irão cumprir seu papel, acredito. E ao mesmo tempo acredito
nas outras instâncias sociais a exemplo da imprensa livre e independente, a
exemplo do mundo acadêmico, da juventude, dos movimentos sociais. Tenho muita
convicção de que este conjunto vai funcionar, já está funcionando.
Bolsonaro fragiliza as Leis ambientais e contesta relatórios do INPE para favorecer pecuaristas, fazendeiros e plantadores de soja amiguinhos dele.
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