O grupo de agentes florestais indígenas “Guardiões da Floresta” foi emboscado por madeireiros, nesta sexta-feira (1º), no interior da Terra Indígena Araribóia, região de Bom Jesus das Selvas, a 466 km de São Luís, entre as aldeias Lagoa Comprida e Jenipapo.
Pelas informações, houve intenso confronto. O indígena Paulo Paulino Guajajara, o “Lobo mau”, foi assassinado com um tiro no rosto; seu corpo segue na mata, no local do crime.
O líder guardião Laércio Guajajara está gravemente ferido em aldeia da região e corre risco de morte. Um madeireiro também teria morrido na troca de tiros.
Informações também dão conta de que os madeireiros da região de Buriticupu estão nesse momento no interior do território para resgatar o corpo do criminoso.
A Funai do Maranhão, em articulação com as forças de segurança, sobretudo a PM, já tem homens a caminho do local. Um helicóptero da Secretaria de Segurança Pública está sendo usado na operação.
No facebook, o secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves, disse o seguinte:
“Emboscada de madeireiros a indígenas da TI Arariboia, no município de Bom Jesus das Selvas, resultou na morte de duas pessoas na noite desta sexta-feira (1). Entre elas, o indígena Guardião da Floresta, Paulo Paulino Guajajara. O líder indígena Laércio Souza Silva está gravemente ferido e um madeireiro segue desaparecido. O Governo do Estado, por meio das secretarias de Direitos Humanos e Segurança Pública, está acompanhando a situação e já desloca equipes para o local com o propósito de apurar o caso e proteger os ameaçados.”
Em setembro, índios entregaram à PF madeireiros presos por desmatar reserva Arariboia
Na manhã do dia 06 de setembro deste ano, índios que integram o grupo 'Guardiões da Floresta' entregaram à Polícia Federal oito madeireiros que montaram uma tenda improvisada e estariam desmatando árvores dentro da terra indígena Arariboia. Eles foram detidos pelos próprios índios na região do município de Amarante, no sudoeste do Maranhão.
Fotos tiradas pelos próprios indígenas mostram a quantidade de madeira cortada. Os índios também encontraram duas folhas de papel com anotações sobre o controle dos trabalhos e os valores nas vendas da madeira.
Um dos madeireiros presos afirmou que estava na reserva desde novembro de 2018. Na época, ele diz que cortou 300 estacas e que agora estava voltando para buscar o material e retirar mais 600 estacas. A madeira seria revendida para um fazendeiro em Açailândia, que fica próximo do local das prisões.
Após serem detidos, todos os madeireiros foram levados para a sede da Polícia Federal em Imperatriz para prestar depoimento e ficaram presos. A maioria estava sem documentos.
Sobrevivência de índios isolados
Outra preocupação dos índios e da Fundação Nacional do Índio (Funai) é sobre os grupos que vivem na reserva Arariboia, que possui mais de 413 mil hectares. No local, vivem 14 mil índios da etnia Guajajara e o grupo isolado Awá-Guajá. Ações de caça, pesca e retirada de madeira coloca em risco a sobrevivência desse grupo.
"Eles [índios isolados] estão muito vulneráveis. Hoje são o povo mais vulnerável do mundo porque o contato com eles pode dizimá-los. Nós carregamos uma série de doenças que eles nunca foram expostos, além de possíveis confrontos. É o que nos preocupa no momento", declarou à época das prisões o coordenador regional da Funai, Guaraci Mendes.
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