sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Em entrevista à Rádio Timbira, Márcio Jerry faz balanço de seu primeiro ano de mandato e diz que governo Bolsonaro é uma imensa fraude, um blefe


Eleito com 134.223 votos para seu primeiro mandato como deputado federal, Márcio Jerry (PCdoB) fez um balanço de sua atuação em 2019 na Câmara dos Deputados. Representante do partido do governador Flávio Dino em Brasília, o parlamentar concedeu entrevista ao jornalista Gilberto Lima, no programa "Comando da Manhã", na Rádio Timbira AM, na manhã desta sexta-feira (20).

Além de temas importantes debatidos em Brasília, como as reformas da previdência e tributária, o parlamentar fez uma análise do governo Bolsonaro e comentou sobre o posicionamento do PCdoB nas eleições de 2020 em São Luís. 

Confira os principais pontos da entrevista:

Desafio em Brasília

É um desafio novo. São mais de 500 deputados, então não é fácil chegar ali e se firmar. Foi preciso persistência, determinação. Eu ocupo a vice-liderança do PCdoB. Neste primeiro ano, tive a felicidade de ser apontado pelo Congresso em Foco como o melhor deputado federal do Maranhão e isso tudo fez com que tivéssemos uma boa projeção dentro da Casa.

Governo Bolsonaro
O Governo Bolsonaro, do ponto de vista político, é uma imensa fraude. Passado um ano vemos que é um governo de blefe, de agredir adversário na internet, é um governo destrambelhado. E na pauta econômica, eles são ruins e atrasados. Um exemplo é a reforma da previdência. Prometeram que seria a redenção do país, mas o discurso era um verdadeiro engodo. A previdência não resolve a economia, é a economia que resolve a previdência. O Governo atenta contra os direitos dos trabalhadores, frentes sindicais e todos os movimentos sociais organizados. Além disso, Bolsonaro tem uma obsessão: odeia a educação, ciência e tecnologia. Portanto, é um Governo de pauta errada. Eu, sinceramente, gostaria de chegar ao fim deste ano tendo que dar o braço a torcer, dizendo que Bolsonaro está fazendo um bom Governo. Mas não é esse o caso. Infelizmente, Bolsonaro faz uma péssima gestão.

Viés ditador dos bolsonaristas

O Congresso, em sua maioria, infelizmente tem seguido o caminho da pauta errada. As matérias que estão sendo aprovadas em Brasília não ajudam o país a sair da crise. Agora, evidentemente, existe uma reação e estamos tendo algumas vitórias pontuais em temas importantes que o Governo Federal está tentando empurrar goela abaixo da nação. A principal característica de 2019 é que os presidentes Rodrigo Maia, da Câmara, e Davi Alcolumbre, no Senado, estão compromissados com as instituições democráticas, isto é inegável. Eles se comprometem com uma pauta econômica que eu julgo errada, que é ruim para o Brasil, mas na pauta política, como um todo, eles são coerentes no que diz respeito ao Congresso ser salvaguarda da democracia brasileira.

Impeachment de Bolsonaro?
Não há razões para pensar no impeachment do Bolsonaro. Nós não podemos aplicar ao Bolsonaro o equívoco que foi cometido com a Dilma, que foi cassada sem crime de responsabilidade. Para impedir o Presidente da República é preciso que haja crime de responsabilidade claramente tipificado. Não houve com a ex-presidenta Dilma, que foi cassada politicamente, com não há até este momento por parte do presidente Jair Bolsonaro. Ele comete atrocidades, uma atrás da outra, mas nenhuma, até este momento, configura como crime de responsabilidade.

Anulação da chapa Bolsonaro/Mourão por Fake News

O processo político que elegeu Bolsonaro foi fraudulento. Hoje, nós sabemos que existe uma milícia digital que influencia a opinião pública. Eu, por exemplo, represento nossa bancada na CPMI da Fake News e lá estamos vendo a comprovação de crime no processo eleitoral pelos bolsonaristas. Crime eleitoral sim, ele cometeu e deve ser punido. Sobre o impeachment, até agora ele não cometeu crime de responsabilidade. Ainda...

Obras no MA

É o caso de batermos palmas para o Governador Flávio Dino e toda sua equipe. A crise brasileira é muito grande, alguns estados não estão conseguindo nem pagar os salário, como é o caso do Rio de Janeiro, mas o Governador Flávio Dino mantém a máquina pública em funcionamento e em expansão, permanentemente ampliando os serviços de saúde e educação. Em meio à crise nacional, o Maranhão é o único estado do país que tem, efetivamente, uma agenda de entrega de obras e inaugurações.

Reforma da previdência
Eu votei contra a reforma da previdência, com muita convicção. Como disse na época, não vi nessa proposta de reforma nada que viesse a melhorar o direito a previdência e a seguridade social. Pelo contrário, ela tira milhões de pessoas da possibilidade de se aposentar, cria restrições e gera dificuldades, não aperfeiçoa esse direito essencial.

Reforma tributária

O governo Bolsonaro também bate cabeça nessa reforma tributária. Temos várias proposições em andamento na Câmara e vamos esperar passar o recesso parlamentar para ver o que é possível votar. O fundamental é buscar justiça tributária e fiscal no país.  Nós temos uma concentração de renda muito grande. Apenas 1% da população possui 25% da renda nacional, isso é injusto, é brutal. Precisamos acabar com essa desigualdade, é pouca gente rica e muita gente pobre. Os impostos precisam ser cobrados de maneira progressiva e aqueles que mais possuem riquezas, devem contribuir mais, para que o governo possa estender as políticas públicas para todos. Existe um debate falso. Argumentam que é preciso diminuir o papel do Estado. Ora, o que nós precisamos fazer é que o Estado chegue para todos. E uma reforma tributária necessária é aquela com justiça social.

Fundo eleitoral

Mentiram no debate quando disseram que foi retirado dinheiro de saúde e educação para incrementar o fundo eleitoral. Mentira. A proposta que chegou na Câmara sobre o fundo eleitoral foi aprovada. As propostas para saúde e educação foram incrementadas. Ou seja, receberam mais recursos. A questão é: quem vai financiar a democracia? Os ricos? O setor privado? Ou nós precisamos democratizar o processo político com financiamento público? Eu defendo que nós, cada vez mais, ampliemos a democracia brasileira. Quando mais gente participando do processo democrático, melhor. Não podemos reduzir a política apenas aos endinheiradose e é isso que está no cerne da questão do fundo eleitoral.

PCdoB na prefeitura em São Luís

O PCdoB, evidentemente, tem uma responsabilidade muito grande com o Maranhão, nós somos o partido que desde 2015 lidera uma coalizão que governa o Estado sob o comando do Governador Flávio Dino, um grande estadista, um líder de muita visão e capacidade, reconhecido por todos no Brasil. Seria estranho, portanto, que o PCdoB não tivesse um posicionamento nas eleições de 2020 em São Luís. Teremos sim. São dois nomes que aspiram essa indicação, o deputado federal licenciado, Rubens Junior, e o deputado estadual Duarte Junior. Ontem eu vi a manifestação do secretário Jefferson Portella e fiquei contente também pelo interesse dele. Então, veja só, que problema bom o PCdoB tem: são três ótimos nomes para definirmos até março quem será escalado para essa missão. Vamos apresentar um desses três nomes para nossa base aliada, que também tem diversos nomes em debate, e vamos juntos construir um caminho vitorioso, como foi em 2012, 2016, e como será em 2020.

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