Familiares e amigos do jovem Marcos
Matheus Andrade Melo, de 20 anos, morto durante uma ação policial no bairro
Baixão, em São Luís, decidiram encerrar, por volta das 13h40, o protesto que interditou a Avenida
Guajajaras por mais de três horas. A avenida foi interditada às 10h, após o
sepultamento do jovem no cemitério do bairro São Cristóvão. O tráfego ficou
completamente parado nos dois sentidos da via, com engarrafamento quilométrico.
A decisão de encerrar o protesto foi tomada após o secretário da Segurança, Jefferson Portela,
assumir o compromisso de receber familiares de Marcos Melo, por volta das 17h
desta quarta-feira (29), na sede da SSP. A família espera que o secretário
anuncie as providências já tomadas no sentido de que os policiais que
participaram da ação desastrada sejam punidos pelo crime.
Para a família, Marcos Melo foi
executado porque, no momento em que foi alvejado por dois disparos, ele já
estava encostado em um muro, com as mãos para o alto. Caso as medidas adotadas
pela SSP e pelo Comando da PM não sejam satisfatórios, os familiares e amigos
prometem programar novos protestos.
No momento da ação policial, na noite de
segunda-feira (27), por volta das 21h, o jovem se encontrava na porta de uma
residência conversando com amigos. A guarnição fazia perseguição a bandidos que
tomaram de assalto um veículo Nissan Versa.
Pelas informações, os assaltantes
seguiram para o Baixão, sendo acompanhados de perto pelos PMs, que dispararam
tiros nos pneus do carro, que ficou descontrolado. Com medo de serem
atropelados e atingidos por tiros, os jovens saíram correndo. Marcos Melo se
encostou no muro, com as mãos para o alto, mas terminou sendo atingido por dois
disparos, um deles atingiu o fígado.
O jovem foi levado pelos próprios PMs
para o Hospital Socorrão 2, onde foi submetido à cirurgia para extração dos
projéteis, mas terminou morrendo na manhã dessa terça-feira.
No velório, na noite dessa terça-feira
(28), o pai disse à reportagem do blog que, quando ouviu os disparos, correu
para o local e já encontrou o filho caído, imobilizado.
“Eu tentei correr para socorrer meu
filho, mas o policial que disparou os tiros jogou spray de pimenta nos meus
olhos. Mesmo assim, furei o bloqueio e fui socorrer meu filho, pois não dava
para esperar a ambulância do Samu. Os policiais tomaram meu filho e o levaram
para o Socorrão e eu segui atrás da viatura. Meu filho nunca foi preso e nem
tinha envolvimento em crimes. Acabou de concluir o ensino médio, tirou a
carteira de habilitação e eu tinha planos de comprar uma moto para ele
trabalhar”, relata o pai, que já esteve na Delegacia de Homicídios e Proteção à
Pessoa (SHPP), onde foi instaurado inquérito para apurar o crime. Ele também
esteve no Comando Geral da PM, onde prometeram instaurar processo para apurar
responsabilidades.
Segundo informações de testemunhas, os
três homens que tomaram o veículo de assalto foram presos e um deles foi
baleado na perna. Os PMs ainda teriam chegado a invadir uma residência, onde
efetuaram disparos.
Segundo informações passadas pelo pai de
Marcos Melo, essa ação policial não está registrada no sistema da Secretaria de
Segurança, que não fez a divulgação do boletim de ocorrência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário