quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Encerrado protesto contra morte de jovem pela PM; Jefferson Portela promete receber familiares na SSP nesta quarta-feira

Familiares e amigos do jovem Marcos Matheus Andrade Melo, de 20 anos, morto durante uma ação policial no bairro Baixão, em São Luís, decidiram encerrar, por volta das 13h40, o protesto que interditou a Avenida Guajajaras por mais de três horas. A avenida foi interditada às 10h, após o sepultamento do jovem no cemitério do bairro São Cristóvão. O tráfego ficou completamente parado nos dois sentidos da via, com engarrafamento quilométrico.

A decisão de encerrar o protesto foi tomada após o secretário da Segurança, Jefferson Portela, assumir o compromisso de receber familiares de Marcos Melo, por volta das 17h desta quarta-feira (29), na sede da SSP. A família espera que o secretário anuncie as providências já tomadas no sentido de que os policiais que participaram da ação desastrada sejam punidos pelo crime.

Para a família, Marcos Melo foi executado porque, no momento em que foi alvejado por dois disparos, ele já estava encostado em um muro, com as mãos para o alto. Caso as medidas adotadas pela SSP e pelo Comando da PM não sejam satisfatórios, os familiares e amigos prometem programar novos protestos.

No momento da ação policial, na noite de segunda-feira (27), por volta das 21h, o jovem se encontrava na porta de uma residência conversando com amigos. A guarnição fazia perseguição a bandidos que tomaram de assalto um veículo Nissan Versa.

Pelas informações, os assaltantes seguiram para o Baixão, sendo acompanhados de perto pelos PMs, que dispararam tiros nos pneus do carro, que ficou descontrolado. Com medo de serem atropelados e atingidos por tiros, os jovens saíram correndo. Marcos Melo se encostou no muro, com as mãos para o alto, mas terminou sendo atingido por dois disparos, um deles atingiu o fígado.

O jovem foi levado pelos próprios PMs para o Hospital Socorrão 2, onde foi submetido à cirurgia para extração dos projéteis, mas terminou morrendo na manhã dessa terça-feira.

No velório, na noite dessa terça-feira (28), o pai disse à reportagem do blog que, quando ouviu os disparos, correu para o local e já encontrou o filho caído, imobilizado.

“Eu tentei correr para socorrer meu filho, mas o policial que disparou os tiros jogou spray de pimenta nos meus olhos. Mesmo assim, furei o bloqueio e fui socorrer meu filho, pois não dava para esperar a ambulância do Samu. Os policiais tomaram meu filho e o levaram para o Socorrão e eu segui atrás da viatura. Meu filho nunca foi preso e nem tinha envolvimento em crimes. Acabou de concluir o ensino médio, tirou a carteira de habilitação e eu tinha planos de comprar uma moto para ele trabalhar”, relata o pai, que já esteve na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), onde foi instaurado inquérito para apurar o crime. Ele também esteve no Comando Geral da PM, onde prometeram instaurar processo para apurar responsabilidades.

Segundo informações de testemunhas, os três homens que tomaram o veículo de assalto foram presos e um deles foi baleado na perna. Os PMs ainda teriam chegado a invadir uma residência, onde efetuaram disparos.

Segundo informações passadas pelo pai de Marcos Melo, essa ação policial não está registrada no sistema da Secretaria de Segurança, que não fez a divulgação do boletim de ocorrência.

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