No segundo mandato como governador do Maranhão,
Flávio Dino (PCdoB), participou da live da IstoÉ nesta terça-feira (26). O
ex-juiz e professor universitário, de 52 anos, relatou como tem sido o combate
à pandemia de Covid-19 no estado, além de comentar os entraves políticos e
econômicos do País.
Questionado sobre a agenda política e econômica de
Bolsonaro, Dino ressaltou que o presidente pode ser acusado de tudo menos de
incoerente em relação a suas diretrizes.
“Ele tem feito um governo coerente com aquilo que
ele sempre foi: isolado, belicista, contra tudo e todos. Então, ele levou esses
métodos para o centro do poder, Bolsonaro procura ‘milicianizar’ o exercício do
poder”, explica Dino.
“Creio que dada as características do governo, ser
opositor é mais que um direito é um dever. Porque significa lutar pelo Brasil e
pelo brasileiros. O governo vai na direção errada e governa para uma minoria.
[..]Me sinto honrosamente no campo da oposição para defender o Brasil”, relata
Dino.
Alvo de ataques de apoiadores do presidente
Bolsonaro, inclusive de membros do governo federal, o governador do Maranhão
explicou que o simples fato dele pensar diferente já o faz um “inimigo” da
atual gestão.
“Creio que eles tenham uma intolerância geral com
quem pensa diferente. Eles praticamente, nesse período [mandato] já brigaram
com todos os governadores, Congresso e STF. É uma concepção de mundo em que
eles consideram que qualquer discordância é uma espécie de inimigo a ser
exterminado”.
Na última segunda-feira (25), Dino usou seu Twitter
para pedir a demissão do atual ministro da Educação, Abraham Weintraub, por
conta das declarações emitidas na reunião ministerial do governo que teve o
vídeo divulgado.
“É espantoso que até esse momento essa pessoa
[Weintruab] continue neste cargo público que é tão importante para o País.
Infelizmente em péssimas mãos”.
Coronavírus
Flávio fez duras críticas ao governo por conta da
postura adotada, contrariando autoridades sanitárias e propagando o relaxamento
do distanciamento social.
“Mais do que relapso ou conivente, o governo tem
sido um agente de agravamento do problema. O protagonista do movimento de
sabotagem contra as recomendações das autoridades sanitárias é o próprio
presidente da República e seus ministros”, criticou.
Questionado sobre as próximas medidas para conter o
avanço do novo coronavírus no estado, Dino revelou que o objetivo é fazer uma
mudança gradual.
“Nós estamos tentando fazer este trânsito, entre o
regime bem restritivo [lockdown], na região metropolitana de São Luiz, para um
regime em que se mantem regras sanitárias, mas ao mesmo tempo um certo nível de
atividade econômica”.
Militares nos Ministérios
Flavio também comentou a presença constante dos
militares em cargos e ministérios do atual governo. O governador disse que nem
durante a Ditadura Militar houve a presença de tantos militares no governo.
Além disso, o ex-juiz alertou para o papel da Forças
Armadas neste embate político entre governo e o Judiciário.
Isso é nocivo ao País e nocivo para as Forças
Armadas, uma vez que elas não podem ser instituições politizadas vinculadas ao
governo A ou B. São instituições de Estado e devem manter um distanciamento da
luta política”, ressalta.
“Não cabe as forças armadas advertir o STF de nada,
porque elas são subordinadas ao Supremo”, finaliza.
União da Esquerda
Dino classificou a ala esquerdista brasileira como
apoiadores do “Lulismo” e “Trabalhismo”, dos quais ele também sugeriu uma
aliança para uma convergência de ideias.
Sobre o surgimento de uma possível união da atual
oposição ao governo, Dino diz que torce para a harmonia no campo ideológico e
pregou que a esquerda deixe de lado o que ele considerou como “mágoas
pretéritas”.
“Não se pode ficar o tempo inteiro remoendo esse baú
de lamentações sem olhar para a frente. Para se ter uma vitória no nosso campo
é preciso unir o ‘Lulismo’ com o ‘Trabalhismo’ e dialogar com outros setores
com interesse na democracia”, completou.
Sou a favor de todas as investigações sérias e nos termos da lei. Mas é preciso repelir tentativas de “milicianização” do aparato estatal. No vídeo, explico >> pic.twitter.com/8gdJwRqhqM— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) May 26, 2020
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