O Governo do Maranhão, através da
Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulgou nesta terça-feira (25), durante
entrevista coletiva, o resultado do Inquérito Sorológico realizado em parceria
com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) para avaliar o cenário atual da
pandemia no estado.
O estudo evidenciou como as ações de
enfretamento a Covid-19 impactaram em baixa letalidade, visto que a estimativa
de infecção seja de mais de 2,8 milhões maranhenses, mais de 40% da
população.
De acordo com o secretário de Estado da
Saúde, Carlos Lula, mesmo com parte da população apresentando anticorpos contra
a Covid-19, o resultado do estudo não indica imunidade coletiva.
“Nesta fase já não se pode falar em
imunidade de rebanho. Já temos conhecimento de um caso em Hong Kong de
reinfecção, também soubemos de situações semelhantes na Bélgica e na Holanda.
Devemos ter cuidados com esses casos de reinfecção, não quer dizer que haverá
reinfecção de todos os casos, mas é possível, por isso não poderemos nos
descuidar sobre as medidas de prevenção, distanciamento social, uso de
máscaras”, disse o secretário.
O professor titular do Departamento de
Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e coordenador geral do
Inquérito Sorológico, Antônio Augusto Moura da Silva, destacou que a taxa de
letalidade registrada no Maranhão foi mais baixa que a maioria dos estudos
realizados no mundo.
“Para calcularmos a letalidade
corretamente, o numerador precisa ser o número de óbitos e o denominador
precisa ser o número de infecções e a gente só consegue estimar isso, com o
estudo populacional de soro prevalência. Calculamos pelo número de óbitos que
ocorreram até o dia 8 de agosto, último dia de coleta da pesquisa. A taxa foi
de um óbito para cada mil infectados e se levarmos em conta o atraso de
notificação e o sub registro essa letalidade vai ser no máximo 2 a cada mil. E
continua sendo uma das mais baixas do mundo”, avaliou o coordenador geral.
Conforme o estudo, a prevalência de
anticorpos para a Covid-19 no Maranhão é de 40,4%, estimando que mais de
2.877.454 de pessoas já tenham tido contato com o vírus SARS-CoV-2 no estado. A
prevalência foi mais elevada nos municípios de médio porte, de 20 a 100 mil
habitantes, com 47,6% e mais baixa nos municípios de pequeno porte, com menos
de 20 mil habitantes, com 31%. Nos municípios da Ilha de São Luís, a
prevalência foi de 38,9%, já nos demais municípios de grande porte, com mais de
100 mil habitantes, a prevalência foi de 35,2%.
O relatório também mostrou que tanto o
isolamento social quanto o uso de máscaras diminuem a probabilidade de
infecção. No grupo das pessoas que mantiveram o isolamento social desde o
início da pandemia, apenas 34% foram contaminados, enquanto 44,3% dos que não
mantinham o isolamento tiveram contato com a Covid-19.
O estudo destaca que é possível que os
habitantes de municípios de médio porte tenham tido mais dificuldade em aderir
às medidas de prevenção não farmacológicas quando comparados aos de grande
porte e que tenham tido maior fluxo de visitantes que os de pequeno porte, o
que pode ter contribuído para a maior prevalência de resultados positivos.
Chefe do Setor da Biologia Molecular do
Laboratório Central do Estado (Lacen/MA) e um dos coordenadores do Inquérito
Sorológico, Lídio Gonçalves, destaca o envolvimento de mais de 200
profissionais da área de saúde na realização do inquérito e a assertividade dos
dados.
“A escolha do tipo da amostra e do tipo de
exame realizado, dá uma grande credibilidade ao estudo, já que a sensibilidade
do teste sorológico gira em torno de 90% e a especificidade acima de 99%. Isso
gera um parâmetro muito importante, o quanto a probabilidade daquele indivíduo
que é positivo, ser de fato positivo, estimando uma probabilidade em torno de
99% de confiança em nossos dados’, pontuou Lídio Gonçalves.
Durante o evento, o secretário de Estado da
Saúde, Carlos Lula, anunciou a realização de uma nova fase do Inquérito
Sorológico. “Daqui há cerca de 45 dias já teremos a realização de um segundo
Inquérito Sorológico, desta vez com amostra ainda maior. Isso está sendo
estudado entre as instituições, para continuar entendendo o comportamento e a
prevalência da doença no Estado do Maranhão”, afirmou o secretário.
O resultado completo do inquérito está
disponível no site da Secretaria de Estado da Saúde (SES), em
www.saude.ma.gov.br.
Prevalência
segundo escolaridade
Estatisticamente, não houve diferença na
prevalência de anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2 por raça e por renda
familiar. Mas, houve diferença na prevalência segundo escolaridade e para o
número de moradores no domicílio. No grupo de escolaridade até o ensino
fundamental, a prevalência foi de 40,9%, já entre as pessoas que cursaram até o
ensino médio, a prevalência foi de 46,2% e entre os que cursaram até o ensino
superior, a taxa foi de 27,5%.
As prevalências foram maiores em domicílios
com maior número de pessoas, acima de 2 moradores.
Esses resultados indicaram relação inversa
da prevalência dos anticorpos investigados com a escolaridade mais elevada e
com menor número de moradores, sugerindo que desigualdades sociais e composição
do número de moradores nos domicílios podem ter maior influência na exposição
ao SARS-CoV-2.
Prevalência
segundo medidas de prevenção
A prevalência de adesão às medidas não
farmacológicas de proteção à exposição ao vírus foi investigada considerando a
prática no início da pandemia e no último mês, na população geral e entre os
indivíduos com resultado do teste positivo. Houve redução na prevalência de
adesão às medidas de controle entre os dois momentos investigados.
A maior redução foi no isolamento social,
15,0%, e o uso de máscara teve redução de 5,9%. Apesar disso, o uso de máscara
se manteve como a medida mais utilizada no último mês com 55,5%. O isolamento
social foi a prática que apresentou a menor adesão no último mês, apenas 37,4%.
Entre os indivíduos com resultado de teste
positivo, todas as prevalências das medidas não farmacológicas de prevenção à
infecção pelo vírus foram mais baixas do que as estimadas para a população
geral, tanto no início da epidemia quanto no último mês. Houve pouca diferença
entre as prevalências, apontando para pequena mudança no comportamento após a
infecção.
Prevalência
segundo sintomas e comorbidades
Todos os sintomas referidos até 15 dias
antes da realização da pesquisa foram significativamente mais prevalentes entre
os indivíduos com teste positivo para o novo coronavírus, 26% dos indivíduos
com teste positivo eram assintomáticos. Na investigação dos sintomas mais
frequentemente apresentados, os mais prevalentes foram perda do olfato (49,5%),
perda do paladar (47,7%), febre (45,6%), dor de cabeça (45,4%), seguidos de dor
muscular (43,6%) e fadiga (41,1%). A maior parte dos indivíduos apresentou mais
de três sintomas (62,2%).
Dentre as comorbidades investigadas durante
o inquérito, as mais relatadas pelos indivíduos soropositivos foram hipertensão
arterial (19,5%) e diabetes (7,8%).
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