PF
também faz buscas contra a primeira-dama e o presidente da Alerj. Investigação
apura supostos desvios nos contratos emergenciais para a Covid-19. Governador
ainda não se manifestou.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ)
determinou, nesta sexta-feira (28), o afastamento imediato do governador do Rio
de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), por irregularidades em contratos na saúde.
Não há ordem de prisão contra o governador.
O STJ também expediu mandados de prisão contra:
- Pastor Everaldo, presidente do PSC;
- Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico;
- Sebastião Gothardo Netto, médico e ex-prefeito de Volta Redonda.
Há ainda mandados de busca e apreensão:
- contra a primeira-dama, Helena Witzel, no Palácio Laranjeiras;
- contra André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa (Alerj);
- desembargador Marcos Pinto da Cruz.
Por
que Witzel foi afastado
A ordem de afastamento e os mandados de
prisão é decorrência das investigações da Operação Favorito e da Operação
Placebo -- ambas em maio, e da delação premiada de Edmar Santos, ex-secretário
de Saúde.
A Procuradoria-Geral da República (PGR)
afirma que o governo do RJ estabeleceu um esquema de propina para a contratação
emergencial e para liberação de pagamentos a organizações sociais (OSs) que
prestam serviços ao governo, especialmente nas áreas de saúde e educação.
A PGR sustenta que Witzel usou o escritório
de advocacia da mulher, Helena, para receber dinheiro desviado por intermédio
de quatro contratos simulados no valor aproximado de R$ 500 mil - cerca de R$
15 mil mensais de cada uma das quatro.
A decisão do ministro Benedito Gonçalves
levou em conta as investigações de outras duas ações: a Favorito, que prendeu o
empresário Mário Peixoto, e a Placebo, sobre desvios de dinheiro público
destinado à montagem de seis hospitais de campanha do estado para o tratamento
da Covid-19.
A
operação desta sexta
Às 6h20, carros da Polícia Federal (PF)
chegaram ao Palácio Laranjeiras -- residência oficial do governo do RJ -- para
notificar Witzel do afastamento e para fazer buscas contra Helena. O Palácio
Guanabara, sede do governo, e a Alerj também foram alvo das buscas.
Paralelamente, equipes chegavam à
residência de Everaldo, uma cobertura no Recreio; em uma casa no Jardim
Botânico, onde mora o desembargador Marcos Pinto da Cruz.
A
Operação Placebo
Em maio, Witzel e a mulher foram alvo de
mandados de busca e apreensão da PF, expedidos pelo STJ.
A PF buscava provas de supostas
irregularidades nos contratos para a pandemia. A Organização social Iabas foi contratada
de forma emergencial pelo governo do RJ por R$ 835 milhões para construir e
administrar sete hospitais de campanha.
Operação
Favorito, 14 de maio
O desdobramento da Lava Jato prendeu, entre
outras pessoas,o ex-deputado estadual Paulo Melo e o empresário Mário Peixoto.
Peixoto e Melo, que já foram sócios,
acabaram presos porque surgiram indícios de que o grupo do empresário estava
interessado em negócios em hospitais de campanha.
O alvo seriam as unidades montadas pelo
estado — com dinheiro público — no Maracanã, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova
Iguaçu, Campos e Casimiro de Abreu.
Somente as duas primeiras foram abertas
parcialmente, após sucessivos atrasos.
Operação
Placebo
A investigação, que também versou sobre os
contratos da saúde, encontrou um “vínculo bastante estreito e suspeito” entre a
primeira-dama e as “empresas de interesse de Mário Peixoto”.
A PGR afirma que o escritório de advocacia
de Helena Witzel firmou um contrato de prestação de serviços com a DPAD
Serviços Diagnósticos, que é ligada a Peixoto.
Documentos relacionados a pagamentos para a
esposa do governador teriam sido encontrados no endereço eletrônico de dois
homens apontados como operadores financeiros do empresário preso.
As empresas de Peixoto têm contrato com o
governo desde a gestão de Sérgio Cabral (MDB) e os mantêm na de Witzel. Segundo
o Ministério Público Federal, a manutenção dos acordos se deu por meio do
pagamento de propina.
Com informações do G1
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