Ele havia sofrido um AVC, no último dia 4 de setembro, e estava internado na UTI de um hospital de São Luís
Morreu em São Luís, na madrugada desta terça-feira (14) Carlos Magno Duque Bacelar, ex-senador e empresário, aos 83 anos. Ele havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC), no último dia 4 de setembro, e estava internado na UTI de um hospital da capital.O velório será realizado na Pax
União, Rua Grande, até às 15 horas. Em seguida, o corpo será levado para a cidade de Coelho Neto, sua
terra-natal, onde será sepultado.
Além de senador, Magno Bacelar
ocupou vários cargos no Maranhão, como deputado estadual e federal, secretário
de Estado da Educação, vice-prefeito de São Luís, eleito com Jackson Lago, e
prefeito de Coelho Neto.
Em 1963, Magno Bacelar fundou a
TV Difusora e e foi diretor do Jornal do Dia, ambos em São Luís.
Em sua página
no Facebook, a apostagem foi no dia 30 de abril deste ano. Ele escreveu: “Bom
dia, eu amo a todos e desejo-lhes boa sorte. Continuo orando pelo fim da
pandemia e pedindo às pessoas que façam a sua parte e Deus completará tudo nos
dando a cura”.
O prefeito de Coelho Neto, Bruno
Silva, lamentou a morte de Bagno Bacelar e decretou luto oficial de três dias.
“Coelho Neto perde o ex-prefeito Dr. Magno Bacelar, seu filho ilustre, cujo
legado seguirá vivo para testemunhar o grande homem que foi. Nossas orações
pela família e amigos, na certeza de que Deus confortará a todos”, publicou o
gestor em suas redes sociais.
Quando a Rádio Difusora AM saiu
do ar, Magno Bacelar escreveu sobre a história da emissora, em 6 de dezembro de
2018:
DIFUSORA AM SAI DO AR
Houve um tempo, não muito
distante (anos 50-70), em que a Radio Difusora do Maranhão foi o veículo de
comunicação mais importante do Estado, talvez, do nordeste brasileiro. Sem
telégrafo, telefone, televisão, satélites, internet e tantos outros veículos modernos, o único elo de
ligação do homem interiorano com o resto do universo eram as ondas sonoras do
rádio. Locutores transformavam-se em ídolos e ícones para milhares de pessoas
isoladas e sedentas de notícias e conhecimentos. Novelas radiofônicas tornaram
célebres autores e interpretes, ídolos imaginários.
Dentre as funções que eu assumiria ao
regressar formado a São Luís, pontificava dirigir a Rádio Difusora, símbolo da
audácia e competência de Raimundo Bacelar, um homem de Coelho Neto.
Transmitindo em ondas curtas, tropicais e médias, a emissora cobria área
imensurável e alcançava países europeus e africanos justificando a existência
do programa “Difusora Internacional” e um departamento encarregado de responder
cartas recebidas de todo o Brasil e recantos inimagináveis do mundo.
Dotada de equipamentos avançados dentre os
quais veículo equipado para transmissões externas que imortalizaram o repórter
J. Alves. As instalações físicas sofisticadas e luxuosas além de grande
auditório impressionavam e atraiam
visitantes e turistas. Os mais famosos artistas nacionais semanalmente
se apresentavam em São Luís. Programas memoráveis alegraram as manhãs de domingo,
abriram portas para jovens talentos locais e celebrizaram nomes como Audi
Dudman, Lima Junior e tantos outros.
No decorrer da semana as portas se abriam às
cinco horas da manhã com o inesquecível “bom dia cumpadi”, fraterna ligação
entre a cidade e o campo. Caboclos vinham de longe para conhecer os
apresentadores e permanecendo horas a admirá-los. Traziam presentes e chegavam
ao êxtase quando tinham os nomes mencionados ao microfone. Dentre outros, o
programa consagrou Almir Silva e Jairzinho que chegou a vereador de São Luís e
deputado estadual.
“Quem manda é você” de Zé Branco
e “Correio musical Eucalol” com Zé Joaquim campeões de participação popular e
cartas recebidas completavam a audiência esmagadora das manhãs que culminavam
com “A Difusora Opina” criação do imortal poeta Bernardo Almeida, deputado
estadual, diretor e um dos fundadores da Emissora.
Às dezesseis horas a sintonia
estava “Debaixo do Pé de
Cajueiro”. Música nordestina e
“causos acunticidos”, (cultura popular e puro folclore). A Hora do Angelus (18
horas) encerrava as atividades diurnas com Ave Maria radiofonizada. O “Correio do Interior”, carro chefe da
utilidade pública e audiência, espécie de Whatzapp aberto e sonorizado para o mundo. O homem
interiorano comparecia à rádio escrevia seu recado e, muitas vezes, esperava
para assistir à leitura feita por dois excelentes locutores que se alternavam a
cada texto; o programa chegava a durar mais de uma hora. Ouvintes esperavam ávidos para se divertir
com a singeleza e sinceridade dos recados. Exemplo: caboclo vinha da baixada
observar o mercado da carne e orientar
o momento oportuno para mandar gado para abate e dando origem a perolas
de avisos como este: “atenção Manoelzinho, não mande vaca agora, negócio boi
mole”.
Seria injusto omitir a qualidade dos
noticiários, a posse do presidente Kennedy foi coberta pela Difusora, e a
qualidade dos locutores que eram criteriosamente selecionados para chegarem aos
microfones. Por oportuno e Justiça devo mencionar a participação das mulheres na
composição do elenco da Difusora, e o faço na pessoa de Maria Falcão que por
capacidade, pertinácia e brilhantismo se fez presente.
Não foi para lamúrias que
escrevemos este texto, a eliminação das emissões de longo alcance faz parte do
Plano Nacional de Radiodifusão e da segurança Nacional. A lembrança histórica
já registrou a importância e qualidade dos serviços prestados, pela Difusora
AM, ao Maranhão e ao Brasil por mais de meio século.
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