O
empresário Nestor Osvaldo Finger, de 67 anos, foi executado a tiros, nessa
quarta-feira (22), por volta das 15h, no município de Junco do Maranhão, a 258
km de São Luís. Ele é da cidade de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, e era
dono da Imperador Joias.
Almir
Finger, irmão do empresário, disse que Nestor estava no Maranhão há cerca de
três meses. Ele possuía uma propriedade rural em Junco do Maranhão. O
empresário foi alvejado no rosto e nas costas. Os motivos do crime são
desconhecidos.
A
motivação do crime ainda não foi esclarecida mas há suspeitas de vingança por
conta de disputa de terras.
Empresário
Nestor
Finger é empresário, proprietário da Imperador Jóias, em Santo Ângelo. Ele
deixa a esposa, Carla, e os filhos, Dhiony e Kelly.
O
filho dele, Dhiony, saiu de Itapema para o Maranhão, para acompanhar a
situação.
O
corpo do empresário será transladado para Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul.
Disputa pela posse de terra
Há
cerca de 17 anos, 66 famílias de trabalhadoras e trabalhadores rurais ocupam a
área de 2.250 hectares denominada Gleba Campina, em Junco do Maranhão. No
território, são desenvolvidas atividades de agricultura familiar e, atualmente,
parte da produção é vendida para o município de Junco do Maranhão por meio do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Desde
2010, quando os trabalhadoras e trabalhadores rurais solicitaram junto ao
ITERMA a regularização fundiária da área, muitos começaram a sofrer
perseguições por Nestor Osvaldo Finger,
originário do Rio Grande do Sul, que alega ser dono das terras onde as famílias
ocupam e lavram.
Além
das constantes ameaças, inclusive com armas de fogo, são recorrentes as ordens
de incêndios criminosos contra casas e plantações.
Trabalhadores rurais mortos
Um
trabalhador rural foi encontrado morto, no dia 19 de agosto de 2020, na Gleba
Campina, também conhecido como Povoado Vilela, em Junco do Maranhão. O corpo,
identificado como de Raimundo Nonato Batista, de 56 anos, estava enterrado em
uma cova rasa e com marcas de tiros.
Raimundo
estava desaparecido há quatro dias e seu corpo foi encontrado por outros
trabalhadores que faziam buscas na localidade.
No
dia 18 de junho deste ano, na mesma comunidade Vilela, Reginaldo e Maria da Luz
Benício de França também foram assassinados a tiros dentro de casa. Maria de
França era suplente da direção dos Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais (STTR) local. Uma criança de três anos, filha do casal, ficou em cima do
corpo da mãe durante horas.
Clima de tensão e ação do MP
O
clima é de extrema tensão entre as famílias que temem um agravamento da
situação. Isso porque a terra onde vivem é alvo de grilagem e os registros de
conflitos agrários são recorrentes e possuem um histórico violento.
O
Ministério Público do Maranhão (MP-MA), por meio da 44ª Promotoria de Justiça
de Conflitos Agrários, apontou que é clara a existência de grilagem de terras
na região, já que informações de órgãos fundiários do ITERMA e INCRA sinalizam
inconsistência em relação a posse da área e sua cadeia dominial (relação dos
proprietários de determinado imóvel rural desde a titulação original).
Isso
porque a área total que Nestor Osvaldo Finger alega ser dono, denominada
Fazenda Santa Inês, foi desmembrada para abertura de novos registros
imobiliários, agora nomeados Fazenda Santa Érica I, II e III, os quais não
possuem localização real, indicando também forte indício de falsificação de
documentos. Há, ainda, apontamentos de que a área, segundo Órgãos Públicos,
pertença ao Estado.
Em outubro de 2019, o Juiz da Comarca de Maracaçumé indeferiu o pedido do MP-MA de inspeção judicial, assim como a transferência dos autos para instauração de Inquérito Policial junto a Delegacia Especializada em Conflitos Agrários e também a assistência judiciária gratuita aos trabalhadores e trabalhadoras rurais da região.
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