Na manhã de sábado (11), quilombolas do território Tanque da Rodagem, em Matões (MA), a 630 km da capital São Luis, fecharam a rodovia MA-262 e impediram o avanço de tratores contratados por dois empresários da soja do Paraná.
De
acordo com informações de moradores do território, Eliberto Stein e Silvano
Oliveira são os empresários que estão há dias destruindo o território sem
apresentar qualquer documento da secretaria do meio ambiente municipal ou
estadual que autorize o desmatamento.
A
vegetação nativa, com árvores protegidas e espécies frutíferas que servem ao sustento
do território, foram destruídas com o uso do "correntão da soja".
Para
Sebastião Ferreira, que há mais de 46 anos mora na região, é uma situação
absurda. “As pessoas chegam de fora dizendo que são donas, sem nenhum respeito
à nossa história e ao nosso modo de vida. É daqui, há quatro décadas, que tiro
o sustento da minha família”, afirmou.
O
território quilombola Tanque da Rodagem fica no Cerrado do leste maranhense,
mesma região dos quilombos Guerreiro e Cocalinho, no município de Parnarama,
que também vêm sofrendo ataques do agronegócio.
Cocalinho
e Guerreiro terão seus casos analisados pelo Tribunal dos Povos do Cerrado,
lançado dia 10/09. O tribunal julgará o crime de ecocídio contra o Cerrado
cometido por Estados e empresas.
Atenção do Estado
O
fechamento da rodovia pelos quilombolas tem como objetivo chamar a atenção das
autoridades estaduais para que protejam a comunidade. Há relatos de que homens
armados estão rondando o território tradicional onde vivem mais de 50 famílias.
Desde 2013 elas aguardam a regularização fundiária do território quilombola
pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
O
caso de Tanque da Rodagem é acompanhado pela CPT Maranhão (Comissão Pastoral da
Terra) desde 2015. A entidade vem tomando medidas junto ao sistema de justiça e
a Secretarias de Estado. O Movimento Quilombola do Maranhão (MOQUIBOM) está na
comunidade debatendo formas de autoproteção.
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