Rádio Voz do Maranhão

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Empresários da soja usam correntão para desmatar território quilombola em Matões; comunidade resiste

Na manhã de sábado (11), quilombolas do território Tanque da Rodagem, em Matões (MA), a 630 km da capital São Luis, fecharam a rodovia MA-262 e impediram o avanço de tratores contratados por dois empresários da soja do Paraná.

De acordo com informações de moradores do território, Eliberto Stein e Silvano Oliveira são os empresários que estão há dias destruindo o território sem apresentar qualquer documento da secretaria do meio ambiente municipal ou estadual que autorize o desmatamento.

A vegetação nativa, com árvores protegidas e espécies frutíferas que servem ao sustento do território, foram destruídas com o uso do "correntão da soja".

Para Sebastião Ferreira, que há mais de 46 anos mora na região, é uma situação absurda. “As pessoas chegam de fora dizendo que são donas, sem nenhum respeito à nossa história e ao nosso modo de vida. É daqui, há quatro décadas, que tiro o sustento da minha família”, afirmou.

O território quilombola Tanque da Rodagem fica no Cerrado do leste maranhense, mesma região dos quilombos Guerreiro e Cocalinho, no município de Parnarama, que também vêm sofrendo ataques do agronegócio.

Cocalinho e Guerreiro terão seus casos analisados pelo Tribunal dos Povos do Cerrado, lançado dia 10/09. O tribunal julgará o crime de ecocídio contra o Cerrado cometido por Estados e empresas.

Atenção do Estado

O fechamento da rodovia pelos quilombolas tem como objetivo chamar a atenção das autoridades estaduais para que protejam a comunidade. Há relatos de que homens armados estão rondando o território tradicional onde vivem mais de 50 famílias. Desde 2013 elas aguardam a regularização fundiária do território quilombola pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

O caso de Tanque da Rodagem é acompanhado pela CPT Maranhão (Comissão Pastoral da Terra) desde 2015. A entidade vem tomando medidas junto ao sistema de justiça e a Secretarias de Estado. O Movimento Quilombola do Maranhão (MOQUIBOM) está na comunidade debatendo formas de autoproteção.


Nenhum comentário:

Postar um comentário