Levantamento do GLOBO mostra ainda que dez governadores não deixam claro nas respostas quais serão as suas condutas; dois afirmam que seus regimentos preveem a ida aos atos desde que sem farda; e sete não responderam ao questionamento
Às
vésperas da manifestação do dia 7 de setembro, governadores pelo Brasil se
preparam de diferentes formas para a possibilidade de policiais militares
participarem dos atos a favor do presidente Jair Bolsonaro. Levantamento do
GLOBO com os 26 governos estaduais e mais o Distrito Federal revela que oito
chefes de executivo se comprometem a punir oficiais e praças que participarem
das manifestações. Dez governadores não deixam claro nas respostas quais serão
as suas condutas; dois afirmam que seus regimentos preveem a ida aos atos desde
que sem farda; e sete não responderam ao questionamento.
A
preocupação dos governos com a presença de policiais militares nas
manifestações veio a público na semana passada após o governador de São Paulo,
João Doria (PSDB), exonerar um comandante da Polícia Militar, o coronel
Aleksander Lacerda. Nas redes sociais, o oficial atacava o Supremo Tribunal
Federal (STF) e convocava para os atos da próxima terça-feira. A mobilização de
policiais pela internet também acendeu o alerta de ministérios públicos pelo
Brasil, que abriram investigações para apurar a ida de agentes de segurança às
ruas no dia 7.
As
regras para a presença em manifestações políticas variam de acordo com o texto
dos regimentos internos das polícias militares em cada estado. Os três estados
que deverão concentrar os maiores públicos nos protestos — São Paulo, Brasília
e Rio de Janeiro — têm entendimentos distintos sobre o assunto.
Por
meio de nota, o Governo do Estado do Rio reiterou “ser defensor da liberdade de
expressão e respeita qualquer ato de manifestação pacífica. A ação da Polícia
Militar em atos públicos é regulada pelo Regimento Interno.” O Palácio
Guanabara tem à frente Cláudio Castro (PL), governador aliado do presidente.
Candidato à reeleição, Castro trabalha pelo apoio da família Bolsonaro à sua
campanha.
Já o governo paulista informou que os “policiais militares da ativa, conforme a legislação, são proibidos de participar de eventos de caráter político-partidário. Toda e qualquer denúncia de descumprimento das normas vigentes são rigorosamente apuradas e punidas, se confirmadas”.
No
Distrito Federal, a Polícia Militar esclareceu, por meio de nota, “que os
policiais militares são cidadãos e ao exercerem a sua cidadania, podem se
manifestar de maneira democrática, desde que não representem a instituição.” No
entanto, em entrevista no início desta semana, o governador Ibaneis Rocha (MDB)
disse que PMs da ativa que participarem das manifestações com pautas
antidemocráticas em 7 de setembro serão punidos.
Regras diferentes
Cada
uma das 27 Polícias Militares do Brasil tem seu próprio regulamento
disciplinar, e há diferenças entre eles. Consultora em segurança pública e
integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a pesquisadora Isabel
Figueiredo diz que corporações “mais consolidadas”, como em São Paulo e Minas
Gerais, criaram seus próprios estatutos, enquanto em outros estados as polícias
optaram por “copiá-los” do regulamento do Exército.
Ainda que tenham inspirado as regras disciplinares das polícias, os estatutos militares não se sobrepõem às regras dos estados, diz Isabel, “embora as PMs sejam entendidas como forças auxiliares e de reserva”. O comportamento de agentes de segurança pública estaduais é regido, portanto, pelo estatuto de cada estado.
Para
a pesquisadora, no entanto, mesmo que haja variações locais nas regras, todos
os documentos trazem vedações diretas da participação caracterizada de PMs em
manifestações. No estatuto da PM de São Paulo, por exemplo, manifestações
políticas são consideradas transgressões disciplinares e atentados aos “deveres
éticos”.
—
A corda foi sendo esticada, e isso está cobrando um preço agora. No 7 de
Setembro, os governadores terão que mostrar o poder que têm. É muito ruim a
gente ter deixado esse teste para um momento tão sensível — avalia Isabel.
Envolvimento político
Além
de São Paulo, estão entre os estados que pretendem punir policiais que se
manifestarem Bahia, Paraíba, Espírito Santo, Maranhão, Piauí, Amazonas e
Roraima.
Nos
últimos anos, o envolvimento de policiais militares em atos políticos
resultaram, em alguns casos, em crescimento da violência. Em fevereiro de 2017,
uma motim da Polícia Militar do Espírito Santo deixou as ruas do estado sem PMs
por uma semana, aumentando os índices de criminalidade em Vitória e nos
municípios da Região Metropolitana. O movimento começou com a ocupação dos
acessos aos quartéis por mulheres e familiares dos policiais, impedindo a saída
da tropa. O governo do estado e a cúpula da Segurança Pública entendeu que a
manifestação foi articulada pelos próprios policiais, proibidos de fazerem
greve. As famílias teriam sido “usadas” para burlar a lei.
Na
Bahia, uma uma greve de PMs, em abril de 2014, levou o governo federal a
autorizar, por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o uso de tropas
federais para garantir a segurança. O movimento por melhores salários tirou os
policiais das ruas e a criminalidade disparou.
Há
cerca de três meses, familiares de policiais e bombeiros militares fecharam
quartéis da PM de Rondônia em Porto Velho, Ji-Paraná e Jaru. Eles reivindicaram
reajuste salarial para ambas as categorias. Comerciantes de Ji-Paraná
contrataram seguranças particulares para evitar possíveis roubos e furtos.
No
Rio Grande Sul, estado que não impedirá manifestações , o governador Eduardo
Leite (PSDB) enfrenta, desde o início da gestão, resistências por parte de PMs.
A categoria participou de movimentos de servidores que cobraram reajuste
salarial e melhores condições de trabalho.
Em
julho desde ano, uma mulher de 47 anos foi detida, algemada e levada por
policiais militares à delegacia enquanto fazia um panelaço contra o presidente
Jair Bolsonaro no mesmo local em que acontecia o passeio de moto promovido por
apoiadores em Porto Alegre. Ela assinou um termo circunstanciado por
desobediência e foi liberada. Leite precisou ir às redes sociais, em que foi
questionado pela prisão da manifestante. A Brigada Militar abriu procedimento
para apurar o caso.
Diretora-executiva
do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo diz que, ainda que haja essas
diferenças nos regulamentos entre os estados, se um chefe de polícia, um
comandante-geral ou um governador quiser aplicar uma punição para esses casos
de politização excessiva, há arcabouços normativos suficientes. Para ela, “é
muito mais uma questão de bancar essa decisão do que de regulamentação”.
—
O que não tem hoje é uma regulamentação que trate de redes sociais, e aí tem
uma defasagem importante. Ninguém nunca pensou, quando fizeram os estatutos,
que ia ter WhatsApp, Instagram, influencers — diz ela.
Para Carolina, os recursos que os governadores têm para punir eventuais participações de PMs no 7 de Setembro são os regulamentos disciplinares. Se houver o excessos como participação armada, PMs podem recorrer em crimes penais. Segundo o artigo 5º da Constituição Federal, “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização”.
—
Não é só uma questão de punição depois do que acontece, mas uma orientação mais
firme antes de acontecer. Que o governador se articule com o comandante-geral,
para que ele passe mensagens claras à tropa, que ele articule com comandantes
intermediários dentro da polícia. E, claro, tem que deixar sinalizado que, se
houver excesso, terá punição. É difícil para os governadores, porque eles podem
ser vistos de forma negativa pela tropa. Em São Paulo, o Aleksander foi visto
como mártir. Mas quando a própria polícia adota essa postura, você tende a ter
um controle maior da tropa.
Salvo-conduto negado
Na
última quarta-feira, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Laurita
Vaz considerou incabíveis e mandou arquivar dois pedidos de salvo-conduto
formulados no mesmo dia para que um policial militar e um militar reformado
pudessem participar de manifestações no dia 7, sem correrem risco de prisão ou
qualquer tipo de restrição. Os pedidos de habeas corpus preventivo foram
formulados contra os governadores de DF, Paraná, São Paulo, Minas e Goiás. Na
petição inicial, os interessados solicitaram o salvo-conduto para que pudessem
se locomover no país com o objetivo de participar dos atos.
Fonte:
O Globo
É uma falta de respeito. Pois a polícia ñ é empresa privada dos governadores. Eles está prontos para servir um todo e não serem capachos dos governadores. Por motivos iguais a esses que vivemos em um país,estado com tantos crimes, pobreza,educação muito atrasada,saúde das piores o desemprego em alta. Eles deixam de fazer o papel deles para brigarem por poder.
ResponderExcluirTe Aquartela caralho !
ResponderExcluirBando de governadores safafos MITO 2022 SEMPRE O HOMEM JÁ GANHOU 💚💛
ResponderExcluirBOLSONARO 2022 !!!!
ResponderExcluirBOLSONARO 2022 NENHUM GOVERNADORZINHO VAI TIRAR A VITORIA QUE JA É CERTA DO MITO
ResponderExcluirBOLSONARO no primeiro turno, podem chorar, esquerdopatas.
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