O vereador de Cândido Mendes Cleverson Pedro
Sousa de Jesus, conhecido como Sababa Filho (PCdoB), que causou um alvoroço na
cidade, na manhã desta sexta-feira (4), ao jogar dinheiro pela janela da Câmara
de Vereadores, registou um boletim de ocorrência contra o prefeito do município
e um empresário, os acusando do crime de corrupção ativa.
O boletim foi registrado na Delegacia de
Polícia Civil de Godofredo Viana, após o vereador jogar o dinheiro aos
populares, sob a alegação de que esse dinheiro, cerca de R$ 300 mil, teria sido
dado a ele pelo empresário Adson Manoel Silva Oliveira, a mando do prefeito de
Cândido Mendes, José Bonifácio Rocha de Jesus, conhecido como Facinho (PL),
para que o vereador renunciasse ao mandato.
Ao g1, o prefeito Facinho negou as acusações do vereador e disse que irá processá-lo por calúnia e difamação (veja o posicionamento no final da matéria). O g1 também tentou entrar em contato com o empresário Adson Manoel Silva Oliveira, mas não obteve resposta.
Prefeito Facinho Rocha é acusado de tentar "comprar" a renúncia do vereador |
No boletim de ocorrência, ao qual o g1 teve
acesso, Sababa Filho afirma que no dia 26 de julho deste ano, ele se reuniu com
o empresário Adson Manoel e um homem identificado como Edmilson Júnior, na casa
do próprio empresário em São Luís, onde recebeu a proposta para renunciar ao mandato
em troca de R$ 250 mil.
O vereador afirma que fez uma
contraproposta, pedindo R$ 300 mil. Nesse momento, o empresário teria ligado
para o prefeito Facinho, que manteve a proposta de pagar só R$ 250 mil.
Sababa afirmou ter dito ao empresário que iria pensar na proposta e responderia no dia seguinte. Sendo que em 27 de julho ele foi até o escritório do advogado Carlos Sérgio, também na capital, acompanhado de Adson e Edmilson, onde declarou aceitar a proposta.
O advogado teria formulado a carta de renúncia, que foi assinada pelo vereador e, em seguida, foi feito o Reconhecimento de Firma no cartório do 3º Tabelionato de Notas de São Luís (veja a carta abaixo).
Carta de renúncia do vereador Sababá Filho de Cândido Mendes. |
O g1 tentou entrar em contato com o advogado
Carlos Sérgio, mas ainda não obteve resposta até a última atualização desta
reportagem.
Após registrar a carta de renúncia, Sababá
teria ido para a casa do empresário, onde teria recebido R$ 50 mil de
adiantamento, ficando de receber o restante nesta sexta-feira (4), antes de anunciar
sua renúncia ao mandato.
Ainda de acordo com o depoimento do
vereador, o valor de R$ 200 mil foi entregue a ele, dentro de uma mochila, pelo
próprio empresário, na porta da Câmara Municipal. Em seguida, Sababá entrou no
local e pediu a palavra ao presidente. Mas, em vez de renunciar, ele fez um
discurso relatando a proposta e rasgando a carta.
Depois o vereador foi até a janela da Câmara
e jogou o dinheiro aos populares. Sababá Filho alega que jogou todo o dinheiro,
inclusive os R$ 50 mil de adiantamento.
Em entrevista à rádio Mirante AM, o vereador
afirmou que no interior do Maranhão é comum os prefeitos ‘comprarem’ os vereadores.
“O que nós temos nos interiores é que a
Câmara e os vereadores todos se vendem aos prefeitos. Todos são compráveis,
como se fosse mercadoria. E hoje eu quis mostrar ao povo que vereador não precisa
se vender”, declarou Sababa Filho.
Ao ser questionado sobre o porquê de não ter
levado o dinheiro à polícia, Sababa afirmou que queria mostrar ao povo a
realidade e que esse caso deve ser investigado pela Polícia Civil do Maranhão e
pelo Ministério Público.
O g1 procurou os órgãos para saber se haverá
alguma investigação sobre o caso e aguarda um posicionamento.
Conflito
entre prefeito e oposição
Cândido Mendes vive uma crise política por
causa de diversos conflitos envolvendo o prefeito Facinho, seu grupo político
na Câmara e vereadores de oposição.
Em sessão extraordinária da Câmara, no dia
26 de junho, quatro vereadores da base do prefeito foram cassados por suposta
quebra de decoro parlamentar, após uma sessão secreta aberta pelo presidente da
Câmara, Josenilton Santos, que faz parte do grupo da oposição.
Segundo os vereadores, a suposta manobra foi
feita para que a oposição tivesse maioria na Câmara para cassar o prefeito. No
entanto, os vereadores cassados conseguiram um Mandado de Segurança na Justiça
que anulou a cassação e os reconduziu aos cargos.
Após o caso, a crise na Câmara de Vereadores
se acentuou e, nesta sexta-feira (4), um dos vereadores de oposição, Sababá
Filho, afirmou que recebeu dinheiro do prefeito para renunciar.
O
que diz o prefeito
Em nota, o prefeito Facinho (PL) afirmou que
não manteve contato com o vereador Sababá e que irá processá-lo por calúnia e
difamação.
"O Prefeito JOSE BONIFACIO ROCHA DE
JESUS vem a público, acerca dos fatos envolvendo o vereador SABABA FILHO,
esclarecer: primeiro, não manteve nenhum tipo de contato ou teve qualquer
tratativa com esse vereador, seu notório inimigo político e conhecido por
armações e criar espetáculos, para se promover; segundo, o que o prefeito soube
foi que o referido vereador preparou carta de renúncia, tendo comparecido
pessoalmente a um Cartório, em São Luís-MA, reconheceu sua assinatura no
referido documento e o protocolou na Câmara Municipal, na tarde de ontem
(03/08/2023); e por fim, o que se sabe é o que referido vereador estava
desesperado, por ter tentado me cassar e não ter conseguido, por não ter
fundamentos legais, tampouco quórum necessário para cassação, não tendo para
este prefeito nenhuma utilidade em sua renúncia ou não, sendo insignificante a
sua saída da Câmara. Tudo não passou de uma simulação para criar tumulto e
aparecer", diz a defesa do prefeito.
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