O brasileiro Danilo de Sousa Cavalcanti, de 34
anos, que desde o dia 31 de agosto está sendo procurado pela polícia dos
Estados Unidos depois de fugir de uma penitenciária da Pensilvânia, é natural
de São João do Paraíso, a 761 km de São Luís.
O município tem população de cerca de 9.904
habitantes, segundo Censo 2022. Em comparação ao Censo de 2010 houve uma queda
de 8,42% no número de pessoas que habitam o município, desmembrado em 1994 do
município de Porto Franco.
O policiamento em São João do Paraíso é
feito pelo batalhão de Porto Franco. Entre 2008 e 2012 houve apenas um homicídio
na cidade com quase metade da população formada por jovens.
Embora as mortes por ações violentas
intencionais tenha aumentado na última década, de acordo com o Anuário
Brasileiro de Segurança Pública, o município de São João do Paraíso está fora
do ranking dos mais violentos do país, com taxa de 16,72%.
Interpol
Nesta segunda-feira, 11, Danilo Cavalcante
foi incluído na lista vermelha dos procurados pela Interpol, a organização
internacional de Polícia criminal. Danilo é condenado à prisão perpétua por ter
assassinado a ex-namorada, a também maranhense Débora Brandão, natural da
cidade de Balsas.
O governo da Pensilvânia aumentou o valor da
recompensa para quem der informação sobre o paradeiro do brasileiro, subindo de
US$ 10 para US$ 20 mil, cerca de R$ 120 mil.
Já
era fugitivo
Cavalcante já havia fugido das autoridades
brasileiras após matar a tiros um jovem estudante em Figueirópolis, no
Tocantins, em 2017, motivado por uma dívida. O assassinato resultou em um
mandado de prisão preventiva, mas ele conseguiu deixar o Brasil logo em
seguida. Agora, as autoridades estão empenhadas em capturar o fugitivo e
levá-lo à justiça.
Julgamento
após quase seis anos do assassinato do estudante
O estudante Valter Moreira foi
assassinado em 2017
Quase seis anos após a morte do estudante
Valter Júnior Moreira dos Reis, de 20 anos, a Justiça do Tocantins marcou a
primeira audiência sobre o caso.
Apesar de o assassinato ter acontecido em
2017, a audiência de instrução e julgamento só foi marcada na última
sexta-feira, 8 de setembro, durante um feriado estadual, depois que a morte de
Valter Júnior voltou a ganhar repercussão.
Segundo o Tribunal de Justiça do Tocantins,
o caso ficou suspenso após a fuga de Danilo do estado e em novembro de 2022,
após saber que ele estava preso nos Estados Unidos, foi feito um pedido de
videoconferência com o réu e estavam sendo feitas tratativas para dar andamento
ao processo por meio de uma audiência virtual.
O crime foi no dia 5 de novembro de 2017 em
um trailer de lanches em Figueirópolis, a 260 quilômetros de Palmas. Segundo a
polícia e o Ministério Público, Danilo matou o estudante Valter Júnior, que era
amigo dele, com cinco tiros.
As investigações apontam que o motivo do
assassinato seria uma dívida. "Quando eu tô fazendo um lanche aqui escutei
uns estouros: tá, tá [sic]. Aí escutei gritando: "rapaz, o cara matou o
amigo dele." Eu vi o rapaz no chão, uma pessoa saindo aqui e um carro saiu
em seguida”, disse o comerciante Evaldo Barbosa.
Logo depois do crime no Tocantins, Danilo
fugiu para os Estados Unidos mesmo com ordem de prisão decretada. É que na data
do embarque, a Justiça do Tocantins ainda não havia comunicado a decisão no
Banco Nacional de Mandados. Isso só foi feito sete meses depois.
Sobre o registro do mandado no banco
nacional de prisão, o TJ disse que a ferramenta, disponível desde 2011, só em
2018 foi oficializada.
"Ele matou meu irmão a sangue frio e
fugiu e ficou por isso, eu corri atrás, mas o delegado daqui e o povo do fórum,
ninguém fez nada. Eu quero que ele seja condenado pela Justiça
brasileira", disse a irmã Dayane Moreira.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública
afirmou que fez todos os procedimentos de praxe, mas o autor conseguiu sair do
país sem ser pego.
Fuga
do país
Uma semana depois da morte de Valter em
Figueirópolis, a Justiça acatou um pedido de prisão feito pelo Ministério
Público Estadual (MPE) e Danilo se tornou foragido no Brasil. Ele responde por
homicídio duplamente qualificado.
Em janeiro de 2018, ele conseguiu embarcar
para os Estados Unidos pelo aeroporto de Brasília (DF). Isso aconteceu porque o
mandado ainda não havia sido registrado no banco nacional de mandados. Ou seja,
a informação sobre o crime ainda estava disponível somente para as autoridades
tocantinenses.
A Justiça do Tocantins só tomou conhecimento
da prisão de Danilo nos Estados Unidos após uma notificação feita pela Polícia
Federal, após informações recebidas da Polícia Internacional (Interpol).
Em 4 de novembro de 2022 o juiz Jossanner
Nery Nogueira Luna pediu uma videoconferência com o réu, que estava preso nos
EUA, inclusive designando a participação de um tradutor para acompanhar a
audiência.
Morte
e condenação nos EUA
Danilo saiu do Maranhão para o Tocantins com
parentes e chegou trabalhar como lavrador. Débora Brandão, ex-companheira do
foragido, era também do Maranhão. Ela vivia regularmente no estado
norte-americano da Pensilvânia, onde eles se conheceram. Ele estava ilegal nos
EUA.
Débora foi esfaqueada 38 vezes por Danilo na
frente dos dois filhos no dia 18 de abril de 2021. Segundo as investigações,
ele não aceitava o fim do relacionamento e desde 2020, ameaçava a vítima.
Danilo foi preso quando estava no estado da
Virgínia, uma hora depois de matar Débora. A condenação aconteceu uma semana
antes da fuga da prisão no Condado de Chester, em West Chester.
A empresária Silvia Brandão, irmã da Débora
que mora em São Luís (MA), falou da tristeza que o assassinato da irmã deixou
na família.
“Nossa vida até hoje tem um vazio muito
grande. Nós não estamos completos mais, e minha mãe. Uma mãe perder um filho
não tem dor maior, né? Então nossa família está assim, tentando se reconstruir
novamente, se reestruturar, mas incompletos. Ela faz muita falta, é uma dor
imensa”, lamentou.
Danilo Sousa Cavalcante fugiu da prisão de
Chesco no dia 31 de agosto escalando uma parede. Foi criada uma força tarefa de
centenas de agentes que busca pelo brasileiro que inclui agentes das seguintes
organizações:
— Agentes da Swat;
— Delegados federais;
— Agentes de polícia estaduais e do condado
de Chester.
Ele é condenado à prisão perpétua por matar
a ex-namorada, Débora Brandão, na cidade de Phoenixville, em abril de 2021.
Os policiais que participam da caçada ao
maranhense têm autorização de atirar para matar, caso ele não se renda.
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