Três funcionários foram condenados a três anos de prisão,
em regime aberto. "Não teve justiça nenhuma. Até mesmo porque apanhei. Fui
injustamente humilhada e o dinheiro que querem dar não dá nem pra pagar os
honorários do advogado", contou Jacqueline.
O
Mateus Supermercados e três funcionários foram condenados pela Justiça no caso
envolvendo a Jacqueline Debora Costa de Oliveira, que afirma ter sido torturada
dentro de uma sala no Mix Mateus do Araçagy, em São Luís.
O
caso aconteceu na manhã do dia 20 de julho de 2021, quando Jacqueline entrou
como cliente no estabelecimento e foi acusada de roubar produtos. Ela nega o
furto e diz que sofreu agressões verbais e físicas, com pedaços de ripa, por
parte de um vigilante, um gerente, e outra funcionária do supermercado.
Sobre
a sentença
A
empresa e os funcionários foram julgados em processos distintos. O g1 teve
acesso às sentenças, proferidas em fevereiro e abril deste ano pela 1ª Vara
Criminal e a 5ª Vara Cível de São Luís.
Na
esfera cível, o Mateus Supermercados foi condenado a pagar uma indenização de
R$ 3 mil por ser responsável pelos danos causados pelos funcionários no
exercício de suas funções. Já no âmbito criminal, os três funcionários acusados
de participar das agressões foram condenados a três anos de prisão, em regime
aberto. São eles:
Diego
Costa Diniz - Gerente do setor de prevenção de perdas.
Acusado de participar da coação contra Jacqueline para confessar o suposto
roubo, de proferir agressões verbais contra a vítima e não chamar a polícia
para intervir no suposto crime.
Edmara
Efigênia da Silva e Silva - Funcionária do setor de prevenção de
perdas. Segundo as investigações, ela participou da abordagem da vítima, ajudou
a conduzi-la à sala onde ocorreram as torturas, e também agrediu Jacqueline nas
mãos com um pedaço de madeira.
Edmilson
Santos Pereira Júnior - Membro da equipe de segurança do
supermercado e tido como um 'vigilante' pela vítima. Ele foi acusado de abordar
a vítima e levá-la à 'sala de tortura', além de ter agredido Jacqueline com
'ripadas', nos braços e nas pernas.
No
entanto, Jacqueline afirma que irá recorrer da sentença, pois considera baixos
e injustos os valores e a penas impostas aos réus.
"Não
teve justiça nenhuma. Até mesmo porque apanhei. Fui injustamente humilhada e o
dinheiro que querem dar não dá nem pra pagar os honorários do advogado",
contou Jacqueline.
O
g1 não conseguiu contato com as defesas de Diego, Edmara e Edmilson. Para a
polícia, durante os interrogatórios, todos os réus negaram as violências contra
Jacqueline, afirmando que a abordagem foi feita de forma correta e com intenção
de esclarecimento.
As
defesas de Edmara, Edmilson e Diego também mencionam um suposto histórico de
furtos da vítima como justificativa para a abordagem e a condução à sala de
segurança.
Questionado
pelo g1 sobre a sentença e se os três ainda funcionários ainda fazem parte da
empresa, o Mateus Supermercados declarou apenas que não irá se pronunciar sobre
o assunto.
Sobre
o caso
Jacqueline
afirma tudo começou quando ela foi ao supermercado para comprar comida, mas
acabou saindo sem nada porque tinha esquecido o cartão de crédito. Foi então
que o segurança do Mateus Supermercados a agarrou pelo braço, já na região do
estacionamento, e a levou para dentro de uma "Sala de Prevenção de
Perdas", onde iniciaram as agressões.
"A
vítima permaneceu sob guarda dos denunciados na sala de prevenção por cerca de
uma hora, mesmo não tendo sido encontrado com ela nada ilícito, tempo em que
foi agredida com um objeto de madeira, apanhando ripadas nos braços e pernas,
além de palmatória", aponta o inquérito policial.
Dentro
da sala, os funcionários também disseram que ela era membro de uma quadrilha
que rouba produtos de supermercados. No local, tiraram fotos dela, enviaram
para diversas pessoas, e tentavam fazê-la destravar o celular para entregar
outras supostas comparsas.
"O
vigilante e uma funcionária foram muito agressivos. Eles desligaram a câmera
que tem dentro da sala e iniciaram uma sessão de tortura. Não encontraram nada
na minha bolsa, pegaram umas garrafas de gim e tentaram forjar que eu tinha
roubado. Disseram ainda que era pra eu 'entregar as pessoas', me mostraram
fotos de mulheres que eu nunca vi na vida. Eu ainda destravei o celular, mas
mesmo assim fui muito agredida", relata Jacqueline.
A
mulher disse ainda que a tortura só terminou quando um policial à paisana
chegou ao local, após uma hora e meia, e começou a dizer aos funcionários do
supermercado que tudo ali estava errado.
"Um
policial entrou e me viu na sala. Depois o vigilante me levou para a parada de
ônibus tentando me convencer a não denunciar porque eles já estavam me
liberando. Eu sou mãe de família, tenho meus filhos, e fui muito humilhada.
Falei com meu advogado e decidi denunciar", declarou.
Na
época, o Grupo Mateus afirmou que foi montada uma sindicância para apurar o
caso e que a conduta relatada não condiz os procedimentos e valores da empresa.
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é espancada e torturada por seguranças dentro do Mix Mateus do Araçagy, em São
Luís
Isso é uma vergonha.
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