O povo nas ruas contra o governo Sarney |
O ex-senador José Sarney, um dos artífices do golpe que está levando o
país ao fundo do poço, voltou a revelar todo o seu ranço autoritário e
antidemocrático em artigo semanal onde celebra, segundo ele, o fracasso da
greve geral realizada em todo o país na sexta-feira.
Apesar do sucesso do movimento paredista, um dos maiores contra os
ataques às leis trabalhistas e previdenciárias, para o velho oligarca foi um
fracasso. Para ele, a greve se resumiu a
tentar impedir que circulassem os meios de transporte, o que teria causado revolta do
próprio trabalhador. Para o coronel, foram verificados confrontos entre baderneiros e
polícia, que estaria desaparelhada para enfrenta-los por meios democráticos,
sem apelar para repressão com uso da força com brutalidade.
Eis um contrassenso: se é para a polícia enfrentar manifestantes por
meios democráticos, porque estar mais aparelhada? Supõe-se que o melhor
aparelhamento seja para endurecer, ainda mais, contra os movimentos populares.
Coisa de quem foi fiel escudeiro da ditadura militar e foi conivente com os
ataques contra aqueles que lutaram bravamente pela redemocratização. Será que
Sarney não viu as imagens da dura repressão ao movimento grevista em São Paulo?
Em Goiânia, por exemplo, um estudante de Ciências Sociais foi massacrado por um
policial e está entre a vida e a morte em uma UTI.
Para o oligarca Sarney, que vive à custa de milionárias aposentadorias
pagas com dinheiro público, os grevistas são arruaceiros. “O que antigamente eram os piquetes, hoje são
os arruaceiros, sem nada que seja trabalhador”, rumina Sarney.
Para ele, a greve, com os anos, passou a ser um instrumento também
político. “Os partidos ideológicos incorporaram aos seus programas o direito de
greve, que deu seus resultados e serviu bastante para o avanço do bem-estar da
classe operária. Isso foi no passado. O trabalhador, hoje, com os sindicatos e
suas confederações, tem uma força muito grande e não precisa recorrer às greves
para obter conquistas”, delira.
Ora, muitas das conquistas dos trabalhadores
somente são conseguidas através de movimentos paredistas. Sem esse instrumento,
muitas conquistas não teriam se concretizado. Como não recorrer à greve e
manifestações de rua num momento em que temos os maiores ataques da história a
todas as conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras deste país? Somente
ditadores acham que o povo não tem o direito de lutar bravamente por seus
direitos.
Portanto, em seus ataques, Sarney diz que greve é coisa do passado. “As
convenções coletivas, os direitos constitucionais, a empresa moderna com seu
sentido social, tornaram a greve geral anacrônica, que apenas resiste em países
subdesenvolvidos e sem instituições fortes”, diz, acrescentando que a
diversidade de trabalho fez com que o trabalhador também não tenha interesse em
paralisar a empresa. Diversidade do trabalho? Que trabalho se o desgoverno
Temer, com seus equívocos, promove o maior desemprego da história? Já são quase
15 milhões de desempregados no país. E milhares de empresas fecham as portas
não por causa dos trabalhadores, mas pelo caos implantado na economia com o golpe
nefasto.
Para tentar comprovar o fracasso de greves gerais, ele cita as duas que
foram realizadas no governo dele. “No
meu governo tentaram duas, e ambas fracassaram redondamente”. Na verdade foram
movimentos gigantescos que acuaram o oligarca, que fez um dos piores governos
da República.
Greve não irrita trabalhadores e nem atrasa conquistas trabalhistas.
Mesmo porque as conquistas históricas constantes na CLT estão sendo desmontadas
agora com o desgoverno apoiado por Sarney. O que irrita os trabalhadores são os
políticos que vêm assaltando os cofres públicos há bastante tempo em esquemas
de recebimento de propinas de empreiteiras. Entre eles, o antidemocrata José
Sarney, citado em diversas delações da Lava Jato.
O velho oligarca, com seus textos anacrônicos contra a democracia, perdeu a oportunidade de ficar calado em meio ao
descrédito total de caciques da política, envolvidos no mar de lama da corrupção.
Como dizia o sindicalista: só a luta muda a vida! Mesmo contra a vontade de Sarney!
O Sarney já tá ultrapassado e gagá não sabe o que fala.
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