domingo, 16 de novembro de 2008

MINISTRO DA JUSTIÇA NA MIRA DO PMDB

As revistas semanais e os jornais deste domingo, 16, destacam a guerra travada pelo comando do Ministério da Justiça. O PMDB é o principal adversário do ministro petista, apontado como principal articulador de investigações contra aliados de peemedebistas. Um dos desafetos de Genro é o senador José Sarney que, recentemente, viu seu filho, Fernando, controlador dos negócios da família, envolvido em denúncias de integrar uma organização criminosa acusada de desviar milhões do erário público, através de licitações fraudulentas, e que vinha agindo dentro do Ministério de Minas e Energia, comandado pelo sarneisista Edison Lobão. Confira o que o Jornal Correio Braziliense destaca na edição deste domingo sobre essa caçada ao Minstro Tarso Genro.

ESPLANADA

O cobiçado cargo de Tarso


O ministro se transformou no alvo predileto de setores da base aliada e da oposição. Muitos de olho na pasta da Justiça. Mas o petista dá pouco crédito aos esforços para afastá-lo do governo

Gustavo Krieger
Da equipe do Correio

O esporte do momento em Brasília é torcer pela queda do ministro da Justiça, Tarso Genro. Os boatos de que ele está deixando o governo são diários e, em boa parte, vêm de gente interessada em que a profecia se confirmasse. O ministro tem um enorme talento para comprar brigas. Sua lista de desafetos é ecumênica. Vai da oposição a gabinetes importantes do governo. Tarso é um político que incomoda e um ministro que muita gente gostaria de ver pelas costas. Mas ele não dá demonstrações de que pretenda mudar seu estilo e aposta no respaldo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desta vez, a principal frente de combate está no PMDB. A bancada do partido no Senado lança olhares cobiçosos para o Ministério da Justiça.
Os senadores já emitiram sinais de que aceitariam ceder ao PT a Presidência do Senado, cargo mais importante em disputa no momento, desde que Lula entregasse ao partido a Justiça. Os senadores não perdoam Tarso por ter coordenado a negociação que levou para a base de sustentação de Lula a bancada do PMDB na Câmara. Deputados e senadores disputam o comando do partido.

Ao aderir ao governo, a Câmara foi anabolizada com ministérios e cargos de segundo escalão. Mas há outras razões. O senador José Sarney (PMDB-AP) ficou furioso com a ação da Polícia Federal (PF) que investiga seu filho Fernando. Vê nela uma manobra política do PT, seu adversário na política do Maranhão. E suspeita de participação de Tarso, o ministro petista que comanda a PF. Outro cacique do partido, Renan Calheiros (PMDB-AL), até hoje acredita que Tarso Genro conspirou para afastá-lo da Presidência do Senado, quando foi acusado de ligação com um lobista.

A pressão do PMDB chega num momento em que o ministro já tem brigas suficientes para administrar. Inclusive dentro do governo. Ele entrou em choque com a Advocacia-Geral da União ao contestar um parecer em que o órgão defende que a Lei da Anistia se aplique aos torturadores do regime militar. Tarso discordou publicamente da posição e abriu um debate que dividiu o governo e provocou reações iradas entre os militares. Ao mesmo tempo, administra a complicada relação entre a PF e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Os policiais federais investigam a participação de arapongas da Abin na Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas. Dentro dessa investigação, apreenderam documentos classificados como secretos pela agência de inteligência. O movimento irritou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix, a quem a Abin é subordinada. Os dois ministros tiveram de costurar um acordo, pelo qual os arapongas acompanharão a abertura dos documentos pela PF e poderão retirar do inquérito os papéis que considerarem sigilosos.

Polícia

As operações da PF estão na raiz de boa parte das brigas do ministro. Políticos da oposição e mesmo do governo referem-se a ela como “a polícia de Tarso”, numa tentativa de carimbar as ações como partidárias. Ele nega. “A PF cumpre seu dever institucional e não é subordinada partidariamente a ninguém”, define. Apontado pelos adversários como o homem que controlaria de seu gabinete as operações policiais e usaria a PF como arma, ele garante que não recebe informações reservadas sobre inquéritos em andamento.

Na semana passada, apesar das pressões, Tarso estava tranqüilo. Dava pouco crédito aos esforços para afastá-lo do governo. Apesar das confusões, o presidente sempre deu demonstrações de prestígio a Tarso. Num país em que os políticos se engalfinham por um ministério, Tarso já ganhou quatro de Lula. Primeiro criou e comandou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Depois, foi ministro da Educação. Saiu da pasta para, a pedido de Lula, assumir a presidência nacional do PT. O partido vivia um momento dramático, atingido pelo escândalo do mensalão.

Tarso assumiu com um discurso duro, propondo a refundação do PT. A passagem pela direção partidária lhe rendeu um de seus mais duros inimigos: o ex-ministro José Dirceu. A briga foi tão dura que, ao deixar o comando do PT, Tarso passou algum tempo refugiado no Rio Grande do Sul. Voltaria a Brasília fortalecido, como ministro de Relações Institucionais e coordenador político do governo. Montou a coalizão de apoio a Lula no Congresso e transferiu-se para o Ministério da Justiça.

Em todo esse tempo, nunca fugiu das brigas. Um de seus segredos é que boa parte delas foi comprada a pedido de Lula. Tarso funciona como escudo e pára-raios do presidente. Tudo isso faz dele um ministro muito difícil de derrubar.

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