segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

LULA CONVERSA COM SARNEY E DELEGA AO PMDB A BUSCA POR SOLUÇÃO DE IMPASSE NO SENADO

RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta segunda-feira à noite por cerca de uma hora com o senador José Sarney (PMDB-AP) --apontado como o nome ideal para disputar a sucessão à presidência do Senado. A Folha Online apurou que a menos duas semanas das eleições, Lula delegou ao PMDB a articulação em favor da candidatura de Sarney pois teme que sua interferência atrapalhe nas relações com a base aliada e cause efeitos nas disputa em 2010.

A conversa entre Lula e Sarney foi adiada por três vezes. Em duas ocasiões, faltavam articulações políticas e na última, na semana passada, o peemedebista alegou que estava resfriado e não tinha condições de se reunir com o presidente.

Antes do encontro com o presidente, Sarney aguardou por quase uma hora porque Lula estava reunido com representantes de seis centrais sindicais para discutir sobre os efeitos da crise financeira internacional e eventuais demissões.

Desafio

A sucessão no Senado se tornou um desafio para Lula. A disputa pelo comando da Casa envolve aliados do governo federal, como o petista Tião Viana (AC), que reitera que não abrirá mão de sua candidatura, e o atual presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), insiste em tentar a reeleição.

Senadores que acompanham as negociações afirmam que o nome de Sarney arregimenta votos na oposição. Em compensação, o PT não aceita negociar a possibilidade de abandono da candidatura de Tião, enquanto Garibaldi deu sinais de que poderá desistir, se o PMDB ficar com Sarney.

Paralelamente, Tião obteve de interlocutores de Lula a informação de que o Palácio do Planalto não interferirá nas eleições do Senado. O ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) negou articulações em favor de Sarney e comenta em conversas com políticos que faz campanha para o petista.

Reflexos

A eleição no Senado ocorrerá no dia 2 de fevereiro. No mesmo dia vai ser realizada a eleição na Câmara, cuja disputa envolve quatro deputados: Aldo Rebelo (PC do B-SP), Osmar Serraglio (PMDB-PR), Ciro Nogueira (PP-PI) e Michel Temer (PMDB-SP), que é apontado como o favorito.

De acordo com parlamentares, as eleições nas duas Casas estão interligadas pois um eventual rompimento de acordo --no qual PT e PMDB estariam juntos no Senado-- influenciará diretamente nas negociações na Câmara.

O fim de um acordo no Senado, segundo políticos, pode atrapalhar a base política construída por Temer na Câmara --que engloba 12 legendas e deve atrair PDT e PRB nos próximos dias. No entanto, aliados do peemedebista negam que as duas campanhas tenham dependência.

Segundo aliados de Temer, a campanha do peemedebista não sofrerá eventuais baixas --no caso de deputados do PT. Favorito na disputa, o peemedebista desembarcará amanhã (20) em Brasília, depois de passar o final de semana em São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário